CD/EP/LP

GLEMSEL – Forfader (2022)

GLEMSEL (Dinamarca)
“Forfader” – Lançado 18/03/2022
Vendetta Records (Alemanha) – Importado
8,0/10

O primeiro trimestre do ano, sob a perspectiva do universo do metal extremo, tem sido marcado pelos EPs e álbuns de estreia de inúmeras bandas. Caso desse ótimo “Forfader” (Antepassado, em português), da banda dinamarquesa de Black Metal GLEMSEL (Esquecimento).

 O quarteto de Copenhagen iniciou as atividades em 2019, e no ano seguinte saiu o EPUnavngivet”, ou “Sem Título”. O primeiro registro chamou a atenção dos alemães do selo “Vendetta Records”, que acaba de lançar o álbum “Forfader” em CDs e Fitas Cassete.

 A capa minimalista me chamou bastante atenção. Um retrato antigo de cor sépia, com duas mulheres que seguram flores. Imaginei, pela capa, que seria um disco de Black Metal Atmosférico, ou de Post-Black, Blackgaze, algo nessa linha.

 Na verdade, o Black Metal desses dinamarqueses não é muito simples de categorizar. Em sua essência é, sim, um Black Atmosférico. Mas também é uma obra vigorosa, ríspida, visceral, melódica, extremamente melancólica, em alguns momentos um tanto emotivo, sereno e aflitivo. E muito sombrio.

 Essa jornada sombria e desventurosa tem início com “Arv”, uma Intro acústica, inofensiva, mas que cria uma ambientação triste e solene.

 Riffs em tremolo, baixo pulsante bem energético e bateria vertiginosa dão o tom em “Mod Afgrund”, instrumental acompanhado pelos vocais rasgados insanos e inumanos de “Asmund Iversen”. A atmosfera é densa, e há um caráter hipnótico no desenvolvimento do som, com a sobreposição de melodias sombrias e bateria “retona”.

 “Savn” começa com baixo e bateria devastadores, abrindo caminho para os riffs melancólicos e, ao mesmo tempo, perversos. As variações rítmicas fazem muito bem a um som desse tipo, de mais de nove minutos, e a banda soube utilizá-las a seu favor.

 “Møntens prædikant” é bem mais direta, intensa e imponente. Dispara implacavelmente contra os “Pregadores das Moedas” – adivinhe de quem eles estão falando? A seção atmosférica na parte final da faixa indica um término tranquilo, enganosamente.  

 O velho deve ceder ao novo, algo natural do ciclo de renovação da vida. É isso que dita “Det gamle må vige”, a peça mais extensa do álbum, com mais de onze minutos. Novamente, o ouvinte é induzido ao transe pela percussão mais estática, menos variada. Só que aqui, não funciona tão bem, torna-se um pouco cansativo. Inclusive o enorme segmento atmosférico, antes da boa retomada do instrumental extremo.

 O final do álbum aproxima-se com “Ansigterne”, outro monstro de quase onze minutos. A melancolia dos acordes iniciais promete, e as coisas vão ficando cada vez melhores ao passo que as guitarras acrescentam ódio à desolação. Melhor do álbum, com caos e tumulto crescentes em espiral. Uma pena não termos mais das guitarras com essa sonoridade ao longo do álbum, fantásticas.

 Ótimo álbum de estreia do GLEMSEL. Para um próximo lançamento, gostaria de vê-los investindo em músicas com mais variações na percussão e um pouco mais de agressividade nas guitarras.

 Recomendável aos fãs de AFSKY (DIN), DER WEG EINER FREIHEIT (ALE), WIEGEDOOD (BEL), IMPERIUM DEKADENZ (ALE), NAGELFAR (ALE), LUNAR AURORA (ALE), ANGANTYR (DIN), FYRNASK (ALE).

 O tracklist abaixo corresponde à duração total de 47:01 minutos. Tradução livre dos títulos do dinamarquês ao português entre parênteses:

1 – “Arv” (Herança)

2 – “Mod Afgrund” (Rumo ao Abismo)

3 – “Savn” (Sentimento de perda ou falta, algo próximo a Saudade)

4 – “Møntens prædikant” (O Pregador das Moedas)

5 – “Det gamle må vige” (O Velho Deve Ceder)

6 – “Ansigterne” (Os Rostos)

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