CD/EP/LP

FUSTILARIAN – All This Promiscuous Decadence (2021)

FUSTILARIAN (Portugal)
“All This Promiscuous Decadence” – CD 2021
Amor Fati Productions – Importado
8,5/10

Portugal tem testemunhado recentemente o nascimento de inúmeros projetos de Black Metal, muitos deles com formato semelhante ao FUSTILARIAN: Capitaneados por um único músico, enraizados na sonoridade dos anos 90 e acrescentando com sucesso elementos mais modernos.

 Não se sabe quase nada a respeito, mas o enigmático responsável apresenta-se como “D”, o qual vem trabalhando desde Lisboa com o propósito de explorar todos os aspectos da decadência humana. Alguns brothers portugueses comentam tratar-se de figura bem conhecida do cenário do metal extremo lusitano. Um detalhe interessante é a participação especial do “Vulturius” (guitarra e vocal), membro da entidade MORTE INCANDESCENTE.

 No mês de setembro, houve o lançamento do seu primeiro registro oficial, logo de cara um álbum completo de estúdio, batizado como “All This Promiscuous Decadence”, com material físico a cargo do selo alemão “Amor Fati Productions”.

 O trabalho deixa uma sensação nostálgica muito boa pra quem curte o Black Metal tradicional dos anos 90, principalmente o som de ascendência escandinava. Há passagens incrivelmente cativantes de Black n’ Roll, e ótimo equilíbrio entre o ódio fulminante vertido pelo vocal e as melodias sombrias e desoladoras contidas nos riffs.

 Reversed Ascensiontem uma intro atmosférica de quase dois minutos (poderia ser mais curta), mas a espera se paga: A primeira impressão é um Black da segunda onda odioso, melódico, de riffs fortes e memoráveis, vocais maléficos impecáveis, ótima percussão e baixo marcante.

 “Born in Neglect Embrace” é curta, e soa certeira e irresistível com seu caldeirão de agressividade, peso excruciante e total desprezo pela natureza humana. Aquela faixa pra te fazer dizer o primeiro “puta que pariu” do dia.

 “Irreversible Cessation” som mais longo, com estrutura que oscila entre as seções mais diretas e brutais e as mais atmosféricas, de andamento cadenciado e ultradensas. O meio da faixa se arrasta um pouco, mas ganha fôlego e se encerra muito bem.

 “Deceived in Ravenous Perversion” retorna à carnificina em alto nível, é um dos sons mais empolgantes da obra. Aula de vocal e intensidade soberba do instrumental.

 “Interlúdio (A Alienação dos Inquietos)” dá uma quebrada no ritmo, são três minutos doentios de efeitos sonoros e lamentações exacerbadas, soando como almas condenadas.

 “Swallowed by the Nether Regions of Chaotic Isolation” se inicia em ritmo médio, com trampo foda de bateria e riffs excelentes, altamente viciantes. Coisa linda a acelerada dessa música, e a forma como ela transita entre as variações rítmicas.

 “Carving Crystal Adornments upon the Flesh” se faz parecer com um hino de pegada Doom, pelo começo sorumbático e bem cadenciado. Logo retoma velocidade insana, acompanhada de ira e impetuosidade extrema. Transforma-se no som mais brutal e perverso do álbum.

 “The Vacant Dispirit” é a peça de encerramento, e a mais extensa do disco. Passa rápido, soa extremamente tradicional, desfilando riffs grudentos que progridem com efeito hipnótico, resultando em uma faixa das mais satisfatórias. Novamente, a performance vocal do cidadão possuído é impressionante.

 Uma excelente apresentação ao submundo do metal extremo, esse álbum de estreia do FUSTILARIAN. Para fãs de SATYRICON (NOR) antigo e atual, GORGOROTH (NOR), CARPATHIAN FOREST (NOR), TSJUDER (NOR), BEHEXEN (FIN), DARKTHRONE (NOR) antigo e WATAIN (SUE).

 Segue a relação das oito faixas, que somam a duração de 42:59 minutos:

1 – “Reversed Ascension”

2 – “Born in Neglect Embrace”

3 – “Irreversible Cessation”

4 – “Deceived in Ravenous Perversion”

5 – “Interlúdio (A Alienação dos Inquietos)”

6 – “Swallowed by the Nether Regions of Chaotic Isolation”

7 – “Carving Crystal Adornments upon the Flesh”

8 – “The Vacant Dispirit”

Destaques: Apesar da introdução um pouco longa, a primeira faixa é excelente. A segunda é excepcional, talvez seja a melhor do álbum. A quarta e a oitava também são ótimas amostras individuais da potência e intensidade da obra. Se possível, ouça e curta na íntegra!

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