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FESTIVAL SAI DA COVA – Violent Curse / Battalion / Bomba no Porão / Diabos A Quatro (03/08/2024)

Festival – Sai Da Cova Fest 

Onde –  Beco complexo do Rock

Cidade – São Bento do Sul/SC

Data – 03/08/2024

Fotos By –  Katiele Aleixo (Violent Curse) Luana Grisa Mossellin (Battalion)

Eu sempre tive uma admiração e respeito pela cena da região de São Bento do Sul–SC e Rio Negrinho. (SC) Em Rio Negrinho, nós temos o Magos Bar. Quem habita o submundo e mora em Santa Catarina, já conhece esse tradicional bar que sempre abriu as portas para o underground. E a vizinha São Bento do Sul também vem se destacando com várias bandas locais, e também tem um bar que abre suas portas para o submundo, e eu gostei muito da “vibe e estrutura” do Beco Complexo do Rock.

 Em ambas as cidades, existe uma cena de metal forte e uma cena de punk rock e hardcore e são unidos, com postura e atitudes! Eu não tinha ainda visitado o Beco e, apesar de ter muitos amigos e amigas, na região não tinha frequentado o underground dela e fiquei muito fascinado com o público, a recepção e a beleza de São Bento do Sul. Sua economia está centralizada na fabricação de móveis. É a capital catarinense de móveis. Com uma população de 80 mil habitantes e colonizada pelos alemães, tem muito da arquitetura alemã pela cidade. Está localizada na serra catarinense, com muitas montanhas e uma bela natureza exuberante.

O “Sai da Cova fest” reuniu as bandas: Violent Curse, (S.B.D.S) Battalion, (Joinville), Bomba no Porão (Rio Negrinho) e Os Diabos a Quatro (Rio Negrinho) e fizeram um show violento e mortal, reunindo Punks e Headbangers, em união ao underground catarinense, e com um bom público e melhor de tudo: todas as bandas fizeram shows perfeitos! 

Com uma ótima estrutura de aparelhagem e equalização, o público apoiou, curtiu e respeitaram todas as bandas e foi muito bonito ver essa união entre punks e metalheads. Quem abriu os trabalhos da noite foi o power trio prata da casa Violent Curse e seu thrash metal blasfemo, rápido, sujo e visceral. Neto Rothbarth, (Baixo), Lucas Cruz (bateria) e Peter Fragoso (guitarra & Vocal) destruíram tudo em cima do palco. A banda estava parada há mais de um ano e, voltando agora, tocando em sua casa, reuniu em frente ao palco muitos metalheads e punks para apreciar a devastação sonora com os hinos blasfemos: “Hierarquia”, “Violador”, “Ritual maldito”, “Extinção”, ”Orgias bestiais”, “Total extermínio” e “Submundo”. 

Os caras estavam com sangue nos olhos e na pista rolou muito moshpit, o público cantando com o Peter, as letras são em português e fazem toda a diferença. Cada vez que eu vejo um show da Violent Curse, eu me surpreendo e digo a mim mesmo: o melhor show dos caras! Mas esse realmente foi insano! Palhetadas rápidas, guitarras pesadas e solos bem construídos, aquelas paradinhas mortais típicas do thrash metal e a bateria com uma pegada brutal, rápida e o baixo soando poderoso. Aliás, vale citar que em todas as apresentações o baixo estava bem equalizado e com destaque. O som deles vai na linha das clássicas bandas brasileiras dos anos 80 como: Taurus, MX, Vulcano e tem algumas passagens que remetem aos argentinos do Hermética, e alguns riffs na linha black metal brasileiro. 

Eu sou um grande admirador da banda e nunca tinha notado que os vocais de Peter Fragoso têm muito de Claudio O’Connor, vocalista da lendária banda argentina Hermética. Vale citar que profissionalismo também existe no submundo. O vocalista Peter, há menos de 10 dias, sua irmã desencarnou e, mesmo assim, ele não cancelou a apresentação da banda. Visivelmente emocionado, em cima do palco, ele soltou toda sua raiva e tristeza. A pedidos do público, executaram um clássico do metal brasileiro e com certeza a lenda Zema Rondero ficará orgulhoso do cover para o hino: “Guerreiros de Satã”. Música executada com muito peso e fúria. A pista literalmente virou um inferno na terra. Tocaram mais duas: “Suicidio Violento” e “DxSxTx”. A próxima música é outra cover. E Peter vai ao microfone e diz: essa música é dedicada ao Samuel e, onde nós formos tocar, sempre tocaremos ela em homenagem ao Samuca. Samuel era um grande amigo e admirador da Violent Curse. Dentro da cena local e regional, ele era bem conhecido e inclusive a banda e amigos de São Bento criaram um festival em sua homenagem que rola desde então, desde sua partida precoce neste plano, o Samuca fest.

E tome “Nightmare”, da lenda Sarcófago! Executada perfeitamente e soando mais violenta ainda. A pedidos do público, mais um cover insano, “Power Thrashing Death” dos americanos do Whiplash. Deixaram o palco sob aplausos e o público pedindo bis. Mas não rolou já que a casa tem que fechar as portas às 02 horas da manhã. E todas as bandas tinham 45 minutos para tocar e não atrasar o cronograma da casa.

Agora era vez do punk rock/hardcore da banda, Os Diabos a Quatro. E a pista foi invadida pela “família do Magos Bar” que galera insana e alto astral. Vale citar aqui os pais do Diego, baterista do Os Diabos a Quatro, e do Fábio Farofa, vocalista da Bomba No Porão. Seu Altair é uma pessoa muito admirada na cena underground e sua esposa, dona Leoni, não fica atrás no quesito simpatia. Além de apoiar os filhos, são donos e administradores do Magos Bar e são pessoas extremamente educadas e amáveis e caem na roda de pogo junto com a galera. 

Formada por: Fábio Luiz, (V) Marcos Pereira,(G) Stingler (B) e Diego Tschoeke. (D) Em 2012, lançaram um full length autointitulado “Maldição” e já tocaram com grandes nomes do punk brasileiro que vai de R.D.P., Periferia S.A., Lobotomia e Ação Direta. Executaram 24 quatro músicas, entre músicas próprias e algumas covers, que fizeram a alegria de punks e metalheads com muitas rodas e letras de protesto e algumas de humor sarcástico. Destaque para: “Protestar”, “E Ódio Ao Meu Lado”, “Latrocínio”, “Maldição”, “Lavagem Cerebral”, “Vida De Proletário”, “Brasil Suicida”, “Porcos Escrotos”, “Vamos à Luta” e “Antes Dos 18”. As covers de “Nada É Como Parece” do Lobotomia, I’m Not Jesus” dos Ramones e também: “Problemão e Agressão, Repressão” dos Ratos De Porão. Foi um show muito bom e deixou todos na pista felizes. 

Agora era a vez da Battalion subir no palco e fazer um grande show! O nome do festival “Sai Da Cova” tem a ver com a Violent Curse & Battalion já que as duas bandas estavam paradas há mais de um ano. Então, os demônios saem da cova para espalhar o metal no submundo. Na verdade, a Battalion abriu para os holandeses do Sinister em Joinville, recentemente, e tocaram em Florianópolis no dia do rock.  Infelizmente, não consegui vê-los nesse retorno. Eu estava ansioso para ver a banda com sua nova formação. E apresentando o novo baixista Rogério Ceconello. Os integrantes da formação original, Fabiano Blattor, (D) e o guitarrista e vocalista Marcelo Fagundes e o já citado baixista Roger, já começaram sua apresentação mandando: “Tyrant of Evil”, faixa que dá nome ao EP lançado em 2015. 

E mandaram as pedradas: “Nightrider”, “Interceptor”, “Kill or Die”, todas do último lançamento chamado “Bleeding till Death”. (2020) O power trio Battalion chegou com sua tempestade metálica e fez os insanos metalheads baterem cabeça e cantarem juntos com Marcelo os poderosos hinos metálicos, cantos de guerra e amor ao verdadeiro heavy metal, com riffs de guitarras envolventes, pesados e cheios de melodias. Bateria acelerada, rápida, com viradas firmes e poderosos pedais duplos, de Blattor. E vale ressaltar: que o novo integrante Rogério Ceconello no baixo estava bem à vontade no palco e seu baixo estava bem destacado, soando poderoso e gostei muito de seus backing vocais, que é essencial ao som que a banda executa. 

Marcelo anuncia a faixa que tem um videoclipe muito bem produzido no YouTube e manda: “Road Of Revenge” e também “Metal Curse”. E o público presente curtiu muito. Aliás, o público de São Bento está de parabéns! Um bom público compareceu para retirar os mortos vivos da cova e celebrar o underground. 

Fagundes anuncia uma nova música que sairá em breve, um single de “Metal Storm”. E gostei bastante. Tem o DNA da Battalion e aquela pegada heavy speed metal para curtir batendo cabeça e com os punhos para cima. Guitarras bem executadas, bateria como sempre soando rápida e precisa. A tempestade metálica chegando ao fim e as duas últimas músicas: “Soldier of Shadow” e “Battalion of Metal”. Ambas, da clássica demo tape de 2007 que depois ganharam versões melhores em estúdio e saiu no Debut-CD “Empire Of Dead” de 2012. 

Esses dois hinos do metal catarinense nos levam ao campo de batalha para lutarmos pelo metal até o fim. Guitarras poderosas e uma cozinha segurando tudo! Vocais de Marcelo soando poderosos e épicos! Quem estava assistindo ao show deles na pista cantou os refrões juntos e bateu cabeça alucinadamente. Uma grande demonstração de amor e paixão pelo Heavy Metal! Hail, o heavy metal sem frescura e sem modernismo, apenas o espírito old school tocou as almas dos presentes. Battalion saiu do palco muito aplaudido! Eu gostei muito do show deles e acho que finalmente encontraram um integrante à altura da banda. Battttaaalionnnn Of metaaallll!

Jogando a última pá de terra na cova, era a vez do punk rock, do Bomba no Porão, uma das bandas mais respeitadas da cena punk catarinense, que está na labuta desde 2001 e contando com dois full length já lançados: “Punk Rock” (2010) e “Underground” (2019), além de muitos shows pela região Sul do Brasil. Executaram um set com 18 faixas próprias e um show muito bom e empolgante. Até eu quase entrei “nas rodas punk” que abriram durante sua apresentação. Só não entrei porque o corpo não ajuda muito! Me fez voltar lá no início dos anos 90, quando eu estava descobrindo esse mundo maravilhoso do rock/metal. 

Na frente do palco, tinha punks e metalheads, além de alguns músicos que tocaram antes deles, prestigiando sua apresentação. Só isso já mostra o respeito que o Bomba No Porão tem na cena catarinense. Apesar de Fábio “Farofa” tocar e estar envolvido com o movimento punk, ele e sua “família Magos Bar” fazem muito pela cena metal no estado catarinense. Eles sempre apoiaram e abriram suas portas e levantaram a bandeira do heavy, thrash, death black e grindcore, no underground e merecem todo o nosso respeito! 

Bomba no Porão, com Fábio Farofa, no vocal, Leandro nego, na bateria, Marquinhos e Jan nas guitarras e Cleve no baixo, fizeram um set empolgante e muito punk rock, com letras de protestos. Destaque para as músicas: “Cave sua Cova”, “Já Nascemos Sem Futuro”, “Quem Não Gosta” e “Pequenas Igrejas, Grandes Negócios”, que Farofa disse que foi inspirada em pastores picaretas. E mandaram outras músicas, “Operário Padrão” e o novo single que acabou de sair nas plataformas digitais e ganhou um videoclipe que está no YouTube chamado: “A Você Trabalhador”. A banda tem uma pegada violenta e músicas muito boas e bem executadas e trabalhadas dentro do estilo punk rock. 

Na pista, o público presente estava ensandecido e agitando muito, curtindo muito o show dos punks de Rio Negrinho. E assim foi o sábado em São Bento do Sul, com muito rock & metal para nos alegrar e também para fazermos a gente refletir: que o underground sempre foi um movimento de união e de atitude. Que unidos somos fortes!

Não dá para deixar de agradecer ao querido amigo, Rolf Rothbarth, um dos organizadores do evento e sua esposa Gabi pela ótima recepção nos levou para dormir em sua casa após o show e já acordamos no domingo com um café da manhã e um delicioso bolo de chocolate porque também era aniversário da Gaby e cantamos um feliz aniversário e desejamos muitas felicidades, saúde e metal para ela. 

Rolf nos levou para almoçar na casa de seus pais e fizemos um grande churrasco, com muitas cervejas, amigos e amigas reunidos, muitas gargalhadas e óbvio muito metal. É o que eu sempre digo: dentro do universo underground e metálico, ninguém faz nada sozinho, se faz por amor e com união e respeito.

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