English translation by Daniel Bitencourt
O FERUM surgiu em 2017, na Itália e atualmente divide suas produções entra a mesma e a capital da Estônia, Tallinn. A formação vigente é composta por Matteo Anzelini (baixo), Are Kangus (bateria) e Samantha Schuldiner (guitarrista, vocalista e compositora). Em 2018 foi lançado o EP “Vergence” (Unholy Domain Records, Everlasting Spew Records). Sendo uma pequena demonstração de seu Death/Doom Metal extremamente bem elaborado, vigoroso, grotesco e totalmente Old School (totalmente mesmo — na literalidade dos termos).
“Asunder/Erode” — o seu primeiro álbum devidamente cheio será lançado no dia 16 de agosto através da Unorthodox Emanations (Avantgarde Music) e de antemão aviso, ele porta absolutamente tudo o que um registro precisa ter para ser tomado como um clássico. De sua gravação e mixagem, ambas realizadas nos estúdios Walter Productions, localizados no histórico edifício Linnahall; passando por sua masterização conduzida pelo mago Dan Swanö, chegando à sua capa — uma obra de arte que só poderia ter nascido da genial mente do singular Paolo Girardi. Claro que a música é o mais importante dentro de um registro — sendo ela o seu sustentáculo, mas todos esses cuidados — tanto sonoros quanto estéticos, concretizam uma diferença enorme no “produto” final.
Com sua proposta enraizada nos primórdios e entregando 44 minutos da mais pura devastação sonora divididos em oito faixas, “Asunder/Erode” exibe não apenas esmero técnico, no que tange a performance magistral dos músicos, mas também um grande conhecimento sobre texturas e confecção de atmosferas. O progresso em relação ao EP é imenso, mas sem se render a modismos ou curvar-se às concessões, pelo contrário, a maturidade trouxe consigo ainda mais poder ao arsenal bélico do trio.
Faixas como “Halfhead”, “The Undead Truth” e “Desolate Vantaa” são de uma força assustadora. Todas explorando diferentes níveis de velocidade — ora aceleradas e caóticas, ora contidas, mas igualmente ameaçadoras. A bateria dita os ritmos e suas alterações com uma precisão absurda, as guitarras despejam riffs poderosíssimos a todo instante e os vocais de Samantha conseguem assustar muito marmanjo metido a vocalista extremo por aí. A segunda composição citada conta com a participação mais que especial do vocalista Mike Perun, do supremo CIANIDE, influencia declarada do FERUM.
Seria normal e até aceitável que após uma trinca tão devastadora a banda reduzisse o peso e investisse em momentos mais amenos, algo que definitivamente não acontece, o oposto, visto que as malhas seguintes são tão monolíticas e imponentes quanto. “Belong” é a ideal representação de como o Death/Doom Metal deve soar. Robusto, lento, enegrecido e primitivo. “Monolithic Acquiescence” segue a mesma linha, porém, ainda mais arrastada e fúnebre — “Putridoom”. Eis a definição perfeita.
“Entrails Of Linnahall” varia entre momentos morosos e a mais pura barbárie. Evidenciando novamente tanto o trabalho impecável das guitarras quanto os desenvolvimentos da bateria. “Resurgence In Bereavement” é um Metal Lento de feições grotescas, movimentos assustadores e de peso descomunal. Brutalidade morosa como nos velhos tempos, onde o Death e o Doom Metal eram mais que rótulos. Atmosfera, personalidade e substância. “Outro — Spesso Il Male Di Vivere Ho Incontrato” encerra o disco sinistramente. Com linhas taciturnas de guitarra, narrações e ambientações perturbadoras. Cumpre seu papel como epílogo e nos deixa com vontade de repetir a audição mais e mais vezes.
Em tempos onde as bandas se preocupam mais com a imagem do que com a personalidade — transbordando ideais estéticos e conteúdos rasos, ouvir um disco que realmente honra os antigos feitos é literalmente uma dádiva. Nada em “Asunder/Erode” é inédito ou pretenso a ser. Nele, ouvimos apenas o básico (nem tão básico assim), feito de forma honesta e com paixão (que anda faltando a muitos). Não existe a necessidade de se reinventar a roda, às vezes basta saber o que é uma e como ela funciona. Samantha e seus parceiros sabem… A prova disso é um dos melhores discos de 2022 sem qualquer sombra de dúvida.
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ENGLISH VERSION:
FERUM was created in 2017 in Italy, and they currently divide their endeavors between Bologna and Tallin, Estonia’s capital city. The current line-up consists of “Matteo Anzelini” (bass), “Are Kangus” (drums) and “Samantha Schuldiner” (songwriting, guitars and vocals). In 2018, the EP “Vergence” was released (Unholy Domain Records, Everlasting Spew Records). It worked as a fine token of their extremely well-crafted Death/Doom Metal, vigorous, grotesque and totally Old School (totally indeed – take it literally).
“Asunder/Erode” — their first full-length album will be released on August 16th through “Unorthodox Emanations” (Avantgarde Music) and I must warn the reader beforehand, it packs absolutely everything a record needs in order to be considered a Classic. From its recording and mixing, both performed at “Walter Productions Studios”, located in the historic Linnahall building; going through its mastering conducted by the wizard “Dan Swanö”, reaching its cover — a piece of art which could only have been born from the ingenious mind of singular “Paolo Girardi”. Of course, music is the most important element within a record — being music its backbone, but all the concern with details — equally related to sound and aesthetic, makes a huge difference in the “final product”.
With its proposal rooted in the beginnings and delivering 44 minutes of the purest sound devastation divided into eight tracks, “Asunder/Erode” displays not only technical refinement, regarding the musicians’ masterful performance, but also a great knowledge concerning textures and creating atmospheres. The progress in relation to the EP is immense, but without surrendering to trends or bowing to concessions, on the contrary, maturity granted the trio even more power to their arsenal.
Tracks like “Halfhead,” “The Undead Truth” and “Desolate Vantaa” are frighteningly strong. All exploring different levels of speed—sometimes fast-paced and chaotic, sometimes more restrained, but equally menacing. The drums dictate the rhythms and their alterations with absurd precision, guitars keep pouring out powerful riffs, while “Samantha’s” vocals manage to scare a lot of full-grown men playing badass extreme vocalist out there. The second mentioned track features the most special participation of vocalist “Mike Perun”, from supreme CIANIDE, one of FERUM’s openly declared influences.
It would be normal and even acceptable that after such a devastating set, the band would cut down the heaviness and invest in milder moments, something that, most definitely, does not happen, but the opposite, since the following samples are just as monolithic and imposing. “Belong” is the ideal representation of what Death/Doom Metal should sound like. Robust, slow, blackened, and primitive. “Monolithic Acquiescence” follows the same path, but even more drawn out and funereal — “Putridoom”. Here’s the perfect definition.
“Entrails Of Linnahall” fluctuates between sluggish moments and sheer barbarism. Evidencing once more the impeccable work of guitars and the developments of the drums. “Resurgence In Bereavement” is a Slow piece of Metal with grotesque features, frightening movements and huge heaviness. Slow brutality like the old days, where Death and Doom Metal used to be more than labels. Atmosphere, personality, and substance. “Outro — Spesso Il Male Di Vivere Ho Incontrato” finishes the record ominously. With sullen guitar lines, unsettling narrations and ambiances. It fulfills its role as an epilogue and leaves us with the desire to repeat the audition, over and over again.
In a time where bands care more about image than personality — overflowing with aesthetic ideals and shallow content, listening to an album that truly honors past accomplishments is literally a gift. Nothing in “Asunder/Erode” is unprecedented or purported to be. In it, we hear just the basics (not so basic), honestly performed, and filled with passion (which many are currently missing). There is no need for a reinvention of the wheel, sometimes it is enough to know exactly what one is, and how it properly works. “Samantha” and her partners do know… Living proof of this is one of the best 2022 albums, undoubtedly.