CD/EP/LP

DREAM UNENDING — Tide Turns Eternal (2021)

DREAM UNENDING (Estados Unidos/Canada)
“Tide Turns Eternal” — CD 2021
20 Buck Spin — Importado
10/10

Lançado em meados de novembro através da 20 Buck Spin (também responsavel pelo perfeito “Foreverglade” — Worm), “Tide Turns Eternal” é a estreia discográfica do projeto de dupla nacionalidade DREAM UNENDING. Concebido nesse ano, o projeto é articulado por duas das mais criativas mentes do Metal Extremo destes contemporâneos; Justin DeTore (Innumerable Forms, Solemn Lament, ex-Magic Circle) e Derrick Vella (Outer Heaven, Tomb Mold).

Composto por sete temas, o trabalho parte de uma ideia de resgate e revisita — à nostálgica e frutífera década de 90 — mais especificamente aos pergaminhados assinados pelo trio sagrado da Peaceville Records: Paradise Lost, My Dying Bride e notadamente o Anathema. Em pouco mais de 45 minutos a dupla explora tanto o Doom/Death Metal do Eldorado noventista como também se aprofunda na construção de peças épicas de essência atmosférica e progressiva. Vide os arranjos de guitarra, melodias e solos “Gilmourianos” que permeiam toda a obra.

Cinco minutos dedicados à contemplação da belíssima e imersiva arte de Matthew Jaffe e vamos a “Entrance”; a inebriante faixa introdutória. Imersiva e hipnótica tal qual a capa, a mesma sedimenta-se com guitarras limpas e suaves ambientações. Sua letra (embora não cantada), é um trecho de um escrito do poeta/multiartista libanês Khalil Gibran. O “Dream Doom” da dupla (assim definido pela própria gravadora) mostra suas primeiras feições em “Adorned In Lies”. Peso austero e cadencia em total oposição às melodias delicadas que ao mesmo tempo em que desafiam, completam a estrutura da composição. Ao final as guitarras vão crescendo em emoções irrepreensíveis; extasiantes no melhor estilo Pink Floyd. “In Cipher I Weep” dilata-se no baixo severo de Derrick Vella e nas batidas pontuais de Justin DeTore, e assim segue vagarosamente até culminar numa paisagem sonora grandiosa, composta por sombras e luzes. O solo é novamente encantador e abre espaço para um breve período de fúria e velocidade.

The Needful” é um pequeno frasco (os melhores perfumes e os piores venenos sempre estão nos pequenos frascos), mas nesse caso, temos “apenas” mais do bálsamo onírico e dos contrapontos criados pela dupla. “Dream Unending” (faixa) é um Doom/Death Metal de configurações épicas. Munido de gigantescas paredes de guitarra, vocalizações profundas e majestosas melodias. “Forgotten Farewell” é uma breve pausa tomar fôlego e com os pulmões cheios, vivenciar a grandiosidade em movimento que é faixa título — “Tide Turns Eternal”. Nela ouvimos o segundo épico da obra, na verdade, ainda que repleta de variações, temos nela um ato único a ser explorado pelo ouvinte, onde cada arranjo, voz ou mínima emanação instrumental tem como único propósito arrastar o espectador para um ambiente hipnótico. A voz lindíssima de McKenna Rae (Sōlborn) é a última pedra preciosa a ser posta nessa esplendorosa diadema.

Tide Turns Eternal” é uma miríade de qualidades absolutas — um verdadeiramente oásis de criatividade — singelo — coeso e sedimentado. Totalmente preenchido por oníricas melodias, atmosferas imersivas e emoções expressivas. Nada de ralas inspirações ou esporádicos lapsos de genialidade, mas integralmente insuflado e belo. Esse é apenas o primeiro capítulo musical da dupla, e que formidável capítulo diga-se de passagem! Respire fundo e seja bem-vindo ao universo paralelo do DREAM UNENDING.

Links:

Instagram: https://www.instagram.com/thedreamisunending/

Bandcamp: https://listen.20buckspin.com/album/tide-turns-eternal

Spotify: https://open.spotify.com/artist/5lWNQpFkgBJv0r2zYsuOoy

Related posts

GOLGOTHA – Remembering the Past, Writing the Future (MCD 2021)

Fábio Brayner

ATRAMENTUS – Stygia (2020)

Fábio Brayner

ALBURNUM – Buitenlucht (2022)

Daniel Bitencourt