Entrevistas

DREAD SOVEREIGN – “Satã…Igrejas queimando …” e DOOM METAL !

Tive o prazer de bater um longo papo, descontraído e bem-humorado com o guitarrista Bones, onde falamos, entre um gole e outro de cerveja, sobre o DREAD SOVEREIGN e seu novo álbum “Alchemical Warfare”, whisky irlandês, a cena musical irlandesa e até um pouco sobre o PRIMORDIAL.

BONES, primeiramente gostaria de te dar as boas-vindas ao The Old Coffin Spirit Zine / Portal. Nossos leitores estão entusiasmados para ler a respeito do DREAD SOVEREIGN. Da forma como eu vejo, o tipo de DOOM Metal que vocês vêm destilando é muito puro. Mais ou menos como um bom Whisky Irlandês. Quais são as suas maiores inspirações quando estão criando a sua música?

Bonesghoulihan:  Saudações Daniel, como vai? Pra começar, posso te dizer que o DREAD SOVEREIGN estaria mais inclinado a simplesmente beber a garrafa de whisky antes de pegar nas guitarras… A inspiração para a música na banda, creio, veio do “Nemtheanga”, e ele é o tipo de cara old school em relação ao Doom, porém com uma abordagem mais dura e crua, menos polida. Minhas influências pessoais na hora de criar música são, o puro entretenimento e a alegria no escapismo que eu obtenho, em agrupar as notas para criar algo que seja belo ou horrível…mas sim, acho que bebemos muito whisky, seria um pouco de inspiração, suponho, para a música. Em geral, para o DREAD SOVEREIGN, o plano sempre foi uma abordagem bastante old school ao Doom tradicional que nós amamos, e, claro, acrescentando também algumas influências imundas de Black Metal.

Muitas bandas hoje em dia não ligam pra ouvir Metal, ou simplesmente limitam-se às bandas clássicas dos anos 80, por exemplo. Esse é o caso de vocês também, ou vocês curtem a cena atual e as bandas que têm surgido?

Bonesghoulihan: Eu não posso responder pelos outros caras. Mas sim, eu faço o melhor possível para ficar de olho nas bandas locais e novas bandas emergentes, mas atualmente parece haver um milhão de bandas todos os dias, e aí mais um milhão e dez bandas descobertas dos velhos tempos, todos os dias também, então eu fico sobrecarregado com este, que eu acredito ser, um mercado supersaturado. Dito isso, há algumas ótimas bandas como VOLAHN, ARIZMENDA (OBS: ambas bandas de Black Metal do sul da Califórnia/EUA pertencentes ao chamado “Crepúsculo Negro), WOLVENNEST (Black Metal Psicodélico / Experimental da Bélgica), eu gostava muito de VORUM (Death Metal da Finlândia / Ilhas Åland), depois eles mudaram o nome para CONCRETE WINDS (Death Metal da Finlândia a partir de 2019)… eu quase disse CONCRETE SOCKS, uma banda antiga de Hardcore dos anos 80 do Reino Unido; Esse novo BEYOND MAN (Black Metal, Noruega), que é formado por gente ex-ONE TAIL, ONE HEAD (Black Metal, Noruega), essa é uma muito legal. E eu sempre tive uma queda pelo STALLION também, aquela banda de metal alemã, eles são caras muito legais e tocam boa música. Eu também sou um fumante habitual de maconha, então eu tenho uma memória terrível pra esse tipo de merda. Mas sim, pessoalmente procuro manter-me atualizado com as coisas o máximo possível, quando tenho interesse claro.

“Alchemical Warfare”soa como um dos melhores discos de Doom Metal lançados em 2021 até aqui. Como você o classifica na discografia? Você sente que a banda alcançou o seu auge?

Bonesghoulihan:  Agradeço muito por isso. Quanto a mim, e quanto a banda, eu poderia sem dúvidas, e muito confortavelmente dizer, que o “Alchemical Warfare” é, definitivamente, o nosso álbum mais coerente até hoje. Com certeza, tivemos um tipo de visão mais unificada neste disco. Ou, melhor ainda, o fato de que tivemos, verdadeiramente, uma visão para ele. Nos registros anteriores do DREAD SOVEREIGN, as mudanças nas gravações eram muito frouxas, soltas.. não que o mais recente não tenho tido. Nós somos uma banda muito tranquila, não tendemos a colocar muito esforço ou trabalho sobre o disco. Nós aparecemos uma semana antes de entrarmos em estúdio, e meio que improvisamos uma jam, e se der certo, seguimos adiante com aquilo. Caso não funcione, continuamos trabalhando até conseguirmos algo. Para mim, é definitivamente meu lançamento favorito até agora. Sem dúvidas, uma vez que é coerente por natureza, e minha maior surpresa nele é que nós temos realmente muitos refrões legais, isso foi algo especial. Entramos com alguma coisa em mente, que é mais do que normalmente temos, e acho que nos saímos muito bem.

A sua guitarra soa esmagadora, e tem papel fundamental no “Alchemical Warfare”. Quais são os seus guitarristas preferidos, aqueles que realmente te inspiram?

Bonesghoulihan:  Primeiro, obrigado pelas palavras sobre a minha guitarra. Eu me diverti muito gravando mais linhas melódicas para o “Alchemical Warfare”. Com relação aos meus guitarristas preferidos: Eu fui criado sob uma dieta rígida de “Rory Gallagher”, o famoso guitarrista irlandês de Blues e herói do meu pai, e então por sua vez, meu herói, visto que o meu pai é provavelmente meu maior herói e minha maior influência na música, eu toco cada nota para aquele homem. Ele sempre quis fazer isso e nunca pôde, então eu faço isso por ele. Outras grandes inspirações: “Prince”, “Billy Gibbons” do ZZ TOP… quando eu era criança, eu me convenci de que cresceria e seria “James Hetfield”, então preciso dar essa moral pra ele também. Honestamente, muito da inspiração hoje em dia vem dos meus amigos, e de tocar com eles. Não sei se isso tem a ver com a maturidade, mas eu nunca acreditei em competitividade na Guitarra e na Música, se você consegue tocar uma boa música e eu gostar, eu vou gostar de você. Eu nunca me impressionei muito com o lado mais técnico da coisa. Então, a maior parte da inspiração atualmente vem dos meus amigos, e tenho muito mais interesse no que um bom amigo tem a dizer, e no que eles têm produzido, do que em algum idiota qualquer da Internet. 

“Nature is the Devil’s Church” é uma faixa muito potente. É um dos destaques do álbum na minha opinião. Como foi o processo de criação que deu vida a esse monstro? Aproveitando, quais são suas músicas favoritas ou destaques no disco?

Bonesghoulihan: Essa é uma pergunta interessante, porque “Nature is the Devil’s Church” foi uma música na qual começamos a trabalhar em um ou dois dos riffs muito antes de decidirmos gravar. Meio que, como uma criança maltratada e abandonada, ela foi deixada de lado no frio e no escuro por um longo tempo, sem qualquer nutrição ou hidratação. Pessoalmente, eu gosto dela. Tem um refrão muito forte, acho que o “Alan” veio com os primeiros riffs, e todos nós contribuímos e juntamos tudo, eu provavelmente fiz muitas das coisas mais lentas nela. Foi a nossa primeira tentativa de acelerar um pouco o ritmo das músicas, o que era algo que o “Nemtheanga” queria muito para esse novo álbum. Em parte, porque nós tocamos tantos covers de VENOM e MÖTÖRHEAD e outras coisas, que eu acho que ele quis acelerar o ritmo.  Quero dizer, minhas músicas favoritas são obviamente aquelas incríveis que eu compus, porque eu sou o melhor (gargalhada geral)… brincadeiras à parte, vamos aos meus destaques. Estou realmente impressionado como usamos as melodias, a performance vocal, o “Nemtheanga” é um vocalista incrível, e ele realmente se superou nesse disco. Para mim, é uma audição agradável, e isso vindo do cara que nunca escuta nada do que já fez anteriormente. Escutei esse disco exatamente um ano após termos gravado, porque eu tinha me esquecido totalmente de como ele soava, após tanto tempo da gravação, e fiquei agradavelmente surpreso com as belas linhas de refrãos.

Como vocês trabalham criando as músicas para os álbuns? Há uma colaboração entre vocês três?

Bonesghoulihan:  Sim e não. Às vezes, por exemplo, minhas músicas geralmente vêm totalmente formadas e prontas pra detonar, enquanto “Alan” pode apenas chegar com talvez um riff, ou até mesmo um acorde, e começamos a trabalhá-lo. O mais importante no DREAD SOVEREIGN é que estamos todos alinhados, nunca há muita discordância a respeito de onde estamos indo com a música e os riffs. Há muita liberdade, o “Nemtheanga” sempre me dá muita liberdade para produzir o que eu acredito que vá se encaixar na estética, e eu sempre sinto, como guitarrista, que quando as letras e vocais dele se encaixarem em tudo, independentemente de como a música soe, seus vocais são tão distintos que no fim soará como nós de qualquer forma. Eu posso falar por nós três quando digo que não pensamos muito nisso, o que significa que isso não nos preocupa muito, nós meio que confiamos uns nos outros. Entramos no estúdio, começamos uma jam, se algo soa legal nós mantemos, senão continuamos trabalhando até dar certo. Tentamos uma abordagem com o mínimo de inteligência possível (risadas)…parece funcionar bem.

“Her Master’s Voice” é outro destaque do disco. A banda produziu um vídeo old school bem legal para essa faixa, você gosta dela? Devo confessar que essa música possui os meus solos preferidos de guitarra, ela soa com um lindo timbre.

Bonesghoulihan:  Muito obrigado, é muito bom ler isso. ”Her Master’s Voice” é interessante. Essa é mais uma música do “Nemtheanga”, e no dia ele simplesmente apareceu e disse que queria fazer esse som com uma vibe meio balada DANZIG. Eu não tinha muita certeza sobre a música quando a ouvi pela primeira vez, mas tenha em mente que ele não tinha letras ou mais nada para ela. Eu saquei a ideia, mas não tinha certeza de como tudo soaria quando totalmente formada, mas eu gosto dela, de fato. Eu acho que as letras são incrivelmente vergonhosas, mas é só minha opinião (Gargalhada de ambos). Eu sou o filho da puta cínico do grupo, então tendo a pensar dessa forma, mas as melodias são legais, é muito divertido tocá-las, e a linha do refrão realmente me lembra de “Simple Man” do LYNYRD SKYNYRD. Com essa música, e nessa gravação em geral, nós e o “Shauny Cads”, o cara responsável pela gravação, tivemos muito tempo para experimentar diferentes tipos de texturas e timbres para as guitarras e os overdubs. “Her Master’s Voice” eu tenho certeza de que é uma das músicas, junto com “The Great Beast We Serve”, onde eu estou usando um desses pedais moduladores de sintetizador. Parece um sintetizador, mas na verdade é uma guitarra tocando os solos. Soa legal, mas também é um puta pesadelo, porque eu tenho que me lembrar de como tocar todas essas músicas,das quais me esqueci totalmente, e que escrevi há mais de dois anos.

As letras no “Alchemical Warfare” soam bastante desoladoras, e frequentemente malignas. Essa maldade nem sempre é uma característica presente, quando se trata de bandas de Doom. Você acredita que isso tem alguma coisa a ver com os tempos sombrios que a humanidade enfrenta?  Ou podemos relacionar isso às raízes Black Metal do “Nemtheanga”?

Bonesghoulihan:  Podemos relacionar isso ao fato do “Nemtheanga” ser um puto gótico, e suas pequenas e miseráveis tendências góticas (gargalhadas)…não, piadas à parte, ele tem um espaço no DREAD SOVEREIGN que ele não tem no PRIMORDIAL. Lá, as letras seriam muito mais baseadas na história e cultura, enquanto aqui ele tem muito mais liberdade para mergulhar no lado mais teatral do Heavy Metal. Satã, igrejas queimando, esse tipo de coisa. Eu, pessoalmente, acho as letras um tanto irônicas, teatrais. Acho que combinam muito bem com a música, mas novamente, isso não é música inteligente, saca? Nós não estamos tentando dizer nada que valha à pena, na minha humilde opinião. Nos dias atuais, por que não falar um pouco de merda? Quero dizer, é nisso que somos bons (mais gargalhadas) …ele vai me matar se ele ler isso algum dia. Sim, as letras do DREAD SOVEREIGN são muito mais teatrais, tem muito mais drama nelas. E eu acho que elas combinam bem com a imagem, a estética da música e o tom que buscamos. Se você voltar lá atrás e olhar todas as bandas antigas de Doom que o iniciaram, o destino e a condenação são tópicos populares na música e na arte em geral, então para mim nossas letras não são mais desoladoras ou sombrias que o normal.

Vamos falar um pouco sobre o gran finale do álbum, com “You Don’t Move Me… I Don’t Give a Fuck”, o cover do BATHORY. Os covers estão se tornando algo como uma tradição para vocês, afinal de contas. Como foi tocá-la e gravá-la?

Bonesghoulihan: Bom, como você pode imaginar, divertido pra caralho. É uma música muito legal, e muito divertida de tocar. Levou um dia, talvez, para eu acertar os riffs e as gravações demo. Sim, eu acho que, de certa forma, os covers são um tipo estranho de tradição, nós sempre incluímos um ao vivo. Pra ser sincero com você, acho que muito disso vem de quando eu estava crescendo. Meu pai sempre me dizia para tocar covers nas bandas. Ele dizia “Sempre tenha alguns covers prontos para o dia em que você não quiser tocar tanto, o dia em que você precisar aquecer, o dia em que você não conseguir pensar em um riff novo e, da mesma forma, quando aquele dia inevitável chegar, e os filhos da puta quiserem que você toque mais, é sempre bom ter um ás na manga”. Uma coisa muito clara desde o início, em relação ao DREAD SOVEREIGN, é que somos muito mais uma banda ao vivo do que uma banda de estúdio. Nós existimos para o palco, a experiência completa está sobre o palco, então sempre tentamos capturar isso na gravação ao vivo, nas gravações dos discos, mas é claro que para capturar essa energia é diferente. Pessoalmente, acredito que os covers são como um efeito ressaca disso, porque obviamente sempre gostamos de tocar um set esmagador de Doom por mais ou menos 45 minutos, e para os últimos 5 minutos o cover pode ser emocionante, e divertido. Muitas pessoas também não esperam por isso, às vezes os tocamos bem no início do show, dependendo de como queremos deixar o pessoal no clima. Então, é bem provável que você nos veja fazendo mais deles no futuro, supondo, claro, que produziremos mais material no futuro.

O DREAD SOVEREIGN tem trabalhado com a Metal Blade Records, um dos principais selos de Metal do mundo. Como tem sido a parceria até aqui, considerando a distância gigante e tudo o mais? Funciona bem na Europa?

Bonesghoulihan:  Sim, a distância é completamente irrelevante hoje em dia, com a Internet. Some isso ao fato da “Metal Blade” ser tão grande, que eles também têm escritórios na Europa. Acho que nós lidamos com um escritório deles na Alemanha. Está tudo bem, tem sido legal, eles cumpriram com tudo que disseram que fariam. Honestamente, o que eu percebi com relação a eles é o alcance. Seu alcance nas mídias sociais. Por exemplo, o canal de “YouTube” da “Metal Blade”  tem mais de um milhão de assinantes.  Quando eles compartilham o seu vídeo, para promoção, lançamento do álbum, sabe… acho que atingimos algo em torno de 25 mil visualizações em uma semana, o que é uma loucura inicialmente. Mas aí você faz as contas, você vê que eles têm 1 milhão de assinantes, então faz sentido. Infelizmente, o que eu de fato percebi foi que, quando o álbum foi lançado em janeiro, tivemos uns saltos enormes em todos os nossos números nas redes sociais, e me deprime falar sobre isso, porque a música não é isso. Mas é algo que temos que mencionar hoje em dia, dado o estado atual do mundo. Tivemos esses números bombando em todos esses itens, assinantes, curtidas e seguidores, e todos esses tipos de espaços vazios e essas besteiras que as pessoas acham importantes. E aí eu percebi que isso parou imediatamente após uma semana. Porque há uma supersaturação no mercado musical. Tem tanta coisa saindo constantemente, que é difícil se manter atualizado. Além disso, com a falta de qualquer turnê promocional, não pudemos realmente dar um impulso ao álbum, acredito, tão bom quanto poderíamos ter feito.  Você sabe, geralmente com um disco você o promove mais ou menos um mês antes, você o promove pesado na semana do lançamento, na semana seguinte, e recebe as resenhas com feedback nas duas ou três semanas seguintes, e então é hora de começar tipo “ei, aí vêm os shows, aí vem as turnês”. Esse é o nível ideal de promoção trabalhando para você, você está vendendo seu merchandising e outras coisas, e nós não tivemos isso, então foi tudo muito emocionante por cerca de três semanas, aproximadamente, após o lançamento, e então simplesmente tudo morreu de novo, porque não havia shows para fazer a sequência. Mas dedos cruzados, isso mudará muito em breve.

Eu descobri algumas pedras preciosas entre as bandas irlandesas, especialmente quando mergulhei mais fundo no universo do metal extremo. Parece ser uma cena próspera. Você nos recomendaria algumas bandas irlandesas?

Bonesghoulihan: Com muito prazer. Ok, vamos começar com RORY GALLAGHER, THIN LIZZY, MAMA’S BOYS, MY NAME IS SATAN, COSCRADH, GRIEF EATER, WRECK OF THE HESPERUS, SLOMATICS, MALTHUSIAN, NOMADIC RITUALS, ZOM, BACTERIUM, THE OBJECTORS, DISGUISE… deixe-me pensar…deve ter um milhão mais de bandas. THE SULTANS OF PING, (Risadas)… ENYA, não, sério, ENYA é legal. Pra ser honesto com você, eu cresci em Dublin, mas moro no exterior. Eu moro na Bélgica tem seis anos, mas crescendo em Dublin nós tínhamos uma cena realmente muito versátil, muito próxima e incestuosa. Eu cresci mais na cena Punk, eu era o garoto do Metal na cena Punk, e o crossover foi incrível… MELODICA DEATHSHIP, WILD ROCKET…tem tantas, e eu provavelmente ficarei puto depois com essa pergunta, alguém vai ler isso e me dizer “você se esqueceu da porra da minha banda”…mas sim, temos uma cena muito forte na minha opinião, mas muitas vezes negligenciada devido à localização, ela talvez nem sempre tenha o alcance devido na Europa, dada a nossa localização geográfica. Eu não acho que as pessoas sempre levem a cena irlandesa muito a sério, quando se trata de Metal Extremo, mas olhe para bandas como o PRIMORDIAL e o MOURNING BELOVETH, eles estão aí tem quase 30 malditos anos.

E as bandas brasileiras? Você gosta de alguma coisa na nossa música?

Bonesghoulihan: Cara, eu cresci ouvindo ABUSO SONORO e SEPULTURA. Não sei se você conhece ABUSO SONORO, mas eles eram uma banda foda de Crust Punk nos anos 90. Eu quero dizer Belo Horizonte, mas não tenho tanta certeza na verdade (OBS: a banda é, de fato, originária da baixada santista, em São Paulo). O que mais? SARCÓFAGO, claro. MYSTIFIER… eu sei que ele não é brasileiro, ele é argentino, mas eu sou um grande fã do “Pappo”, o guitarrista que quase tocou no MÖTÖRHEAD. Ele gravou um disco com o AEROBLUS, não tenho cem por cento de certeza, mas o baterista deles era brasileiro, então espero que isso conte (OBS: banda de Hard Rock e Blues dos anos 70; e sim, o batera era o lendário brasileiro “Rolando Castelo Junior”). Nosso bom amigo “Daniel” do INCARCERATION, brasileiro radicado na Alemanha, o último álbum deles é legal, e eu os considero brasileiros. Eu realmente gosto daquela banda de Grindcore de dois caras, o TEST, eles são legais. Porra, eu tenho certeza de que há muitas outras, que não consigo pensar agora. Suponho que, se estivermos falando sobre a América do Sul em geral, eu preciso mandar uma saudação para os nossos irmãos de Doom do Chile, PROCESSION e CAPILLA ARDENTE, eles também são bons amigos nossos, e caras legais.

Podemos esperar ver o DREAD SOVEREIGN em uma turnê brasileira quando a situação da pandemia estiver sob controle? (Nós estamos tomando uma surra do Covid, como você provavelmente deve saber)…

Bonesghoulihan: Deus, sim…a porra do Covid. O grande equalizador. Como único membro do DREAD SOVEREIGN que não se ouviu falar na América do Sul, apesar de ter morado no Uruguai por uns 4 meses, eu adoraria fazer uma turnê pelo Brasil e pela América do Sul em geral. Se fosse necessário, eu iria até com os meus próprios recursos, e tocaria de qualquer jeito. Eu sou um cara festeiro, acho que poderia definitivamente enfrentar as festas do Brasil. Este sou eu, desafiando qualquer brasileiro que queira me ver fodido de bêbado caso eu vá e passe uns dias. Eu voei uma vez pelo Rio de Janeiro, foi o mais perto que eu cheguei do Brasil, eu acho. Mas respondendo objetivamente a sua pergunta, sim, nós adoraríamos fazer uma turnê pela América do Sul.

O DREAD SOVEREIGN tem tocado show no Reino Unido com o PRIMORDIAL e há datas europeias programadas para outubro e novembro com o THE FLIGHT OF SLEIPNIR. Como é poder, enfim, estar de volta aos palcos?

Bonesghoulihan: Não, não temos tocado. Na verdade, o PRIMORDIAL tinha shows previstos para o Reino Unido no ano passado, mas eles foram cancelados. O DREAD SOVEREIGN também teve, infelizmente, as datas canceladas no ano passado. Esse ano, eu e o “Alan” nos juntamos ao WOLVENNEST no “Festival Roadburn” para um show online. E sim, realmente nós temos uma turnê agendada para outubro e novembro desse ano, mas eu nem estou pensando sobre isso, estou evitando pensar, porque não temos ideia sobre a real possibilidade de acontecer. Neste momento, estou focando em assuntos mais urgentes, ao invés de me concentrar em algo que pode vir a ser cancelado. Porra, eu realmente espero que dê certo e aconteça, eu mal posso esperar pra voltar aos palcos e detonar ao vivo.

Muito obrigado pela atenção, e pelo tempo disponibilizado, BONES. Por favor, fique à vontade para deixar uma mensagem a todos os seus fãs brasileiros:

Bonesghoulihan: Primeiramente agradeço a você e ao THE OLD COFFIN SPIRIT ZINE/PORTAL pelo interesse, pela elaboração das questões e pela paciência no retorno. A todo e qualquer brasileiro lendo isso, OBRI’FUCKIN’GADO pelo seu apoio, e nos avisem se houver alguém por aí disposto a nos levar ao Brasil, porque vocês não encontrarão três caras tão insanos quanto nós, e eu garanto que nós daremos a vocês um ótimo show e muita diversão.

DREAD SOVEREIGN online:

http://dreadsovereign.bandcamp.com/ or https://www.facebook.com/DreadSovereign

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