Embora efêmero, “The VVitch” é um trabalho que abre um horizonte imenso de possibilidades ao trio sorocabano, DESERT DRUID AND THE ACID CARAVAN. Nele a banda usa e abusa de suas influências — dá volume alto à voz do Doom Metal, o riff; imprime seu DNA e deixa bem claro que a despretensão e simplicidade quando juntas e trabalhadas uniformemente tendem a ser os melhores predicados do “Metal In Slow Motion”.
Esse culto aos primórdios foi fundado em 2020 por F. Klinger (baixo), P. Nass (guitarras) e E. Lisboa (bateria), e não poupa esforços ao orquestrar não apenas um tributo às épocas inaugurais do Heavy Metal, mas também a tudo que foi desenvolvido e sequenciado a partir desta — a pedra angular. Sua música é estruturada de forma elementar e convenciona-se desta forma, sendo, vez ou outra rústica, mas não simplória e também não limitada a estruturas previsíveis.
“The VVitch” possui 04 composições encapsuladas em quase 15 minutos. Composições essas que apresentam-se de maneira uniforme — fluidas, musculares, diretas e puras.
As atmosferas, os condimentos psicodélicos, a pigmentação obscura do Occult Rock, os avanços e retrocessos no conceito vintage; assim como a produção e também a capa, em tudo se percebe o emular do princípio. Mas não como uma releitura desprovida de vida ou uma pueril réplica de ideias já repetidas a exaustão e sim, como uma suposta vivência, um resgate ou mesmo como um capítulo perdido, agora, finalmente encontrado e finalmente posto à apreciação.
O tema titulo (sensacional, diga-se) foi lançado como single em abril, aliás, o lyric video da mesma é surpreendente! Tanto que rendeu inúmeras visualizações no YouTube — mais especificamente no “666MrDoom” (canal totalmente dedicado ao Doom Metal: canal com mais de 180 mil inscritos, totalmente dedicado ao gênero maldito e que sempre oferece espaço a bandas brasileiras). Nela, é evidente a criatividade do trio tanto na construção de riffs e bases instigantes quanto nos solos “Iomminianos” e nos refrães. Criatividade essa que se estende até a intensa e nada auspiciosa “Total Madness”. “Mistress Of Black Heart” é velha escola total e como afirmar isso é bom! São pouco mais de 5 minutos daquela essência que só o Saint Vitus, Pentagram e outros expoentes máximos possuem. Guitarras e sinos se pronunciam em “Witching Hour” anunciando o fim de uma viagem através dos arcos, veredas e matizes do tempo. Digressão essa que infelizmente dura pouco mais de 14 minutos.
O Doom Metal nacional vive nesses últimos tempos um de seus melhores períodos, seja pelas produções de bandas já estabilizadas, seja por jovens bandas e suas excelentes configurações de estreia. Pena que a dita “mídia especializada” ainda vive dos mesmos nomes e gêneros de sempre — o mais do mesmo ad infinitum (ressurreição de polêmicas ou publicações que nada agregam). O DESERT DRUID AND THE ACID CARAVAN faz parte dessa nova sofra de bandas que respeita e dá sequencia ao passado. Datado? Não! Em hipótese alguma, a única coisa datada nesse país tragicômico é a ignorância (em todos os seus níveis). Aqui temos Doom Metal de qualidade e uma banda que muito promete.
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