CD/EP/LP

DESASTER – Churches Without Saints (CD 2021)

DESASTER (Alemanha)
“Churches Without Saints” – CD 2021
Metal Blade Records
Mutilation Productions (Brasil) – Nacional
7,50/10

Após um hiato de cinco anos, o rolo compressor do Black Thrash alemão de nome DESASTER retornou ao estúdio para criar o seu nono álbum Full Length, “Churches Without Saints”. A data oficial de lançamento internacional ocorreu em 04/06/21, via Metal Blade Records. No Brasil, teremos em breve a versão nacional em CD limitada a 500 cópias, saindo via Mutilation Productions.

 Durante o mencionado hiato, houve uma alteração no lineup da banda, que vinha estabilizado há tempos. Hoje fazem parte da formação o vocalista “Sataniac”, o guitarrista “Infernal”, o baixista “Odin” e o baterista “Hont”, este último o membro mais recente, contratado em substituição ao “Tormentor”, que deixou o DESASTER em 2018 após longos 22 anos para integrar em definitivo o ASPHYX, banda holandesa de Death Doom com a qual já dividia as atenções desde 2014, atuando por lá com o seu nome verdadeiro – Stefan Hüskens.

 O atual trabalho sucede o disco “The Oath of an Iron Ritual”, lançado em 2016 e recebido com críticas positivas pela mídia especializada e pelos Headbangers mundo afora. Entre o último álbum e o novo, houve o lançamento de um single e dois Splits, material já produzido com o novo baterista.

 Sempre que há a notícia de um novo DESASTER, a expectativa toma conta e acesso ao streaming é aguardado com ansiedade. Infelizmente, o impacto inicial não foi tão agradável quanto o esperado, devido principalmente à produção do álbum. A impressão de que o som ficou demasiadamente comprimido e abafado foi instantânea, e permaneceu por toda a audição.

 Em termos de performances, destaque para a bateria de “Hont”. O membro mais recente chegou demonstrando muita qualidade, versatilidade e mão pesadíssima. O músico deixou uma ótima impressão e sua marca é perceptível em todas as faixas. Uma das músicas onde se confirma mais facilmente o quanto o cara é bom é a número 09 – “Primordial Obscurity”.

O som do baixo de “Odin” também se faz presente com som encorpado ao longo de toda a obra. A guitarra de “Infernal” continua produzindo um arsenal poderoso de riffs altamente venenosos e cortantes. Os vocais de “Sataniac” têm se tornado mais e mais extremos com o passar do tempo. O trabalho por ele desenvolvido no novo álbum é, certamente, o mais voltado ao Black Metale menos versátil desde seu ingresso em 2001.

A crítica à produção e os detalhes das performances individuais mencionados não querem dizer, em nenhum momento, que o álbum seja ruim, ou razoável. É um trabalho muito bom, porém aquém do nível altamente elevado que a banda estabeleceu para si mesma, tornando-se uma verdadeira lenda do Black Thrash mundial.

Uma breve introdução estende o tapete para a “Learn to Love the Void”, um som em midtempo com boas acelerações, bons momentos e algumas das características típicas do DESASTER. Teria sido uma faixa melhor para o meio da obra, na verdade. “Failing Trinity” segue com a pegada que é marca registrada da banda, bem mais pesada, com riffs agressivos e diretos, veloz e blasfema. Seria uma excelente faixa de abertura, por sinal.

 “Exile is Imminent” tem início mais atmosférico, com excepcional som de bateria e baixo, que crescem junto a um criativo riff de guitarra. A música se estabelece no midtempo, com pegada bélica e acelera em alguns pontos, quando brilha com mais intensidade. A música tema do álbum vem em seguida, “Churches Without Saints”, com o som de sinos de igreja ao fundo e belos riffs de abertura. Trata-se de uma faixa bastante diferente do que eles costumam apresentar, bem mais cadenciada. Os elementos gritam Doom Metal.

Hellputa” é a sexta faixa e retoma os melhores momentos da obra. Thrash vibrante, envenenado com o melhor do Black Metal. Ponto alto do trabalho de guitarras, tanto nos riffs quanto nos leads. Som pra quebrar o pescoço, sem dó. “Sadistic Salvation” mantém o ritmo infernal e vê a banda desenvolvendo a totalidade do seu potencial. Empolgante e destruidora.

 “Armed Architects of Annihilation (In Clarity for Total Death)” é curta e bem variada, mantém bem o pique que as duas músicas anteriores estabeleceram. “Primordial Obscurity” é uma das melhores, com ótimas melodias se encaixando à sonoridade brutal. “Endless Awakening” tem entrada acústica e se desenvolve mais lentamente, com bom clímax. Fecha bem o disco antes da “Aus Asche”, que é apenas uma Outro nada característica da banda.

Sãoonzeas faixas que compõem o álbum totalizamuma duração de 46:05 minutos:

1 – “The Grace ofSin (Intro)”

2 – “Learnto Love theVoid

3 – “Failing Trinity”

4 – “Exile isImminent”

5 – “ChurchesWithout Saints

6 – “Hellputa”

7 – “SadisticSalvation”

8 – “ArmedArchitectsofAnnihilation (In Clarity for Total Death)

9 – “Primordial Obscurity

10 – “EndlessAwakening

11 – “Aus Asche (Outro)

Destaques: A trinca “Failing Trinity”, “Hullputa” e “Sadistic Salvation” destaca-se bastante. Se o disco tivesse a pegada das três em sua totalidade, seria um novo clássico do DESASTER. Como mencionado anteriormente, uma obra muito boa dos alemães.

Related posts

GRABUNHOLD – Heldentod (2021)

Daniel Bitencourt

CHURCH OF DISGUST – Weakest is the Flesh (Adv. 2022)

Daniel Bitencourt

VERTHEBRAL – Abysmal Decay

Fábio Brayner