DATA DE LANÇAMENTO/RELEASE DATE: 19/11/2021
Quem acompanha o cenário internacional atual do Black Metal mais de perto, certamente já se deparou com os alemães do DER WEG EINER FREIHEIT. Caso você ainda não tenha, eu definitivamente recomendo que dê uma atenção especial ao trabalho dos caras.
Eis que a oportunidade ideal se apresenta: Em novembro próximo, teremos o lançamento mundial do quinto disco de estúdio, o espetacular “Noktvrn”. A gravadora curitibana “Mindscrape Music”, que vem atuando brilhantemente no mercado brasileiro do metal extremo, disponibilizará a versão nacional em CDs, material físico com o cuidado e esmero que já são marca registrada do selo.
A “Season of Mist” já liberou os sons “Morgen” (clipe oficial) e “Monument”, este último via vídeo da banda tocando em sessão no estúdio. Mas nada se compara ao material completo, ao qual tivemos acesso exclusivo, e dissecamos a seguir para os leitores do The Old Coffin Spirit.
Vale destacar que o disco tem como inspiração primordial a noite, e todos os aspectos que a envolvem, tais quais os sonhos, a escuridão, o obscuro estado de espírito entre estar dormindo e acordado, além do despertar de um novo dia. O título também revela inspiração nas obras noturnas do inigualável compositor e pianista clássico polonês do século XIX, Frédéric Chopin.
Falando do Black Metal conjurado pelos bávaros, trata-se de som bastante criativo e Avant-Garde, que pega a fórmula clássica dos pilares do estilo dos anos 90 e a recria com personalidade, com a inserção de elementos atuais Progressivos, de Post-Black e Black Atmosférico. Os grandes diferenciais da banda são seu nível absurdo de musicalidade, bom gosto nas composições e técnica muito acima da média (sem soarem pedantes nas performances).
Algo interessante de se notar é a evolução constante e gradativa dos seus álbuns. Consistentemente, a banda tem lançado algo ligeiramente superior ao antecessor, tarefa nada simples numa caminhada que já supera os onze anos a partir do disco de estreia. “Noktvrn” não é somente o melhor trabalho do quarteto até aqui, ele solidifica a posição da banda entre as maiores do Black Metal atual, e renova a questão: Quais serão os próximos passos na saga evolutiva do DER WEG EINER FREIHEIT?
Um discão como esse não poderia passar sem um comentário faixa a faixa:
“Finisterre II” é a breve introdução, tocada em guitarras acústicas e acompanhada por teclados. Super atmosférica e emotiva, eficiente em antecipar os capítulos a seguir.
“Monument” começa igualmente atmosférica, mas de forma mais pesada e intensa. Mais ou menos a um minuto e meio de andamento, um riff limpo destaca-se e prepara terreno para a entrada triunfante do instrumental de fato brutal, próximo dos 2:00. Excelentes vocais, belas variações daquele mesmo riff inicialmente limpo, bateria e baixo instigantes e teclados que intensificam a carga épica da faixa em momentos chave. Produção estelar, resultando em uma faixa impecável, que prende sua atenção com total magnetismo.
“Am Rande der Dunkelheit” o título pode ser traduzido como “À Beira da Escuridão”. Cantada em alemão, é uma das mais pesadas e sombrias do álbum, mantendo ritmo acelerado e vocais extremos quase que ininterruptamente. Aqui, a banda consegue forjar uma atmosfera única de pesar e desespero, ainda que mantendo ferocidade ímpar. Torna-se mais cadenciada após o minuto seis, quando reforça o tom dramático, angustiante e solene com rara beleza.
“Immortal” abre com percussão e baixo em pegada mais tranquila, seguida de guitarras quase limpas, criando juntos um clima mais progressivo. Os vocais limpos dão as caras pela primeira vez, mas não duram. Logo, a faixa transforma-se com ímpeto, agressividade, e oscila, no melhor estilo Jakyll & Hyde. Mistura rica e muito eficiente de Black Atmosférico, Post-Black e Shoegaze. Coisa linda, a progressão das passagens finais desse som, a partir dos 5:30 minutos.
“Morgen” é matadora, e traz logo de cara alguns dos melhores e mais contundentes riffs do disco. Faixa que abusa de passagens carregadas de emoções e tensão, uma vez mais conduzida por instrumental e vocais soberbos. Vibre e comova-se com a qualidade da seção mais climática, iniciada em torno de 5:00 minutos, de arrepiar. Ótima escolha para clipe promocional.
“Gegen das Licht” pode ser traduzida como “Contra a Luz”, sendo a peça mais longa da obra, ultrapassando os onze minutos. Naturalmente, uma música tão extensa não poderia deixar de oferecer muitas alternativas. O início é atmosférico, de belos riffs se entrelaçando. O baixo surge com som magnífico, como de fato o faz no álbum todo, unindo-se à bateria e aos riffs que persistem e progridem, e evoluem. A música passa por uma metamorfose gradativa, tornando-se extrema a partir dos 4:00, aproximadamente. Sofre novas mutações e alternâncias, sempre com forte apelo. Não deixa de ser cativante em nenhum momento, faixa pra lá de épica e brilhante.
“Haven” fica responsável por encerrar os trabalhos. Os vocais limpos e algo tétricos retornam, apoiados em guitarras menos sujas. Posteriormente, juntam-se os teclados, sutis e bem colocados. A percussão e o baixo chegam por último, sem descaracterizar a aura solene. O ápice acontece em torno de 4:00, coroando de forma triunfante esse belíssimo registro dos alemães.
Felizmente, estamos caminhando para novembro e os lançamentos continuam dificultando a missão de escolher os melhores do ano. Este novo DER WEG EINER FREIHEIT é uma obra-prima, que faz jus às suas fontes de inspiração, e que certamente estará em muitas listas (definitivamente na minha, brigando lá em cima).
Item obrigatório para quem gosta de Black Metal bem trabalhado, atmosférico, na linha de WOLVES IN THE THRONE ROOM (EUA), WIEGEDOOD (BEL), AGALLOCH (EUA), FEN (ING), DEAFHEAVEN (EUA), WINTERFYLLETH (ING), LUNAR AURORA (ALE), THE RUINS OF BEVERAST (ALE), AKHLYS (EUA).
Tracklist abaixo, tempo total de duração é de 47:43 minutos:
1 – “Finisterre II”
2 – “Monument”
3 – “Am Rande der Dunkelheit”
4 – “Immortal”
5 – “Morgen”
6 – “Gegen das Licht”
7 – “Haven”