DATA DE LANÇAMENTO/RELEASE DATE: 06/05/2022
Formado em 2005 pelo tecladista/orquestrador Otto Salonen, o DEPRESSED MODE teve uma vida efêmera, mas longa o suficiente para registrar dois ótimos e interessantíssimos álbuns pela Firebox Records: “Ghosts Of Devotion” em 2007 e “… For Death…” em 2009. Cada um desses lançamentos mostrava a banda com uma postura musical distinta (ainda dentro do Doom Metal), mas com direções e elementos diferentes. O primeiro registro apresentava um Funeral Doom Metal carregadíssimo, sombrio e pesado como ditam os evangelhos do gênero — mas com uma acentuada propensão atmosférica e melodias bem trabalhadas. O lançamento seguinte ainda mantinha o Doom Metal como norte, mas somava ao mesmo, elementos sinfônicos, dinâmicas variadas e velocidade — tanto nos riffs quanto na bateria. Recomendo muito a audição de ambos, são verdadeiras obras-primas, cada um deles com sua proposta e ambos contando com belíssimos vocais femininos, cortesia da musa, Natalie Koskinen (Shape Of Despair, Collapse Of Light). Aliás, a banda fez uma excelente versão para “Dunkelheit” (Burzum); a faixa está presente no supracitado “Ghosts Of Devotion”, e, caso você consiga separar CPF de CNPJ, fica a sugestão.
“Decade Of Silence” será o primeiro lançamento da banda após um longo período inativo. Reativado e reformulado em 2020, o DEPRESSED MODE apresentou os primeiros esboços do seu novo trabalho no fim de 2021, o single “Endless November” e no início desse ano, com a versão editada de “Death Walks Among Us”. Seu retorno será concretizado no dia 6 de maio pela Inverse Records (2 Wolves, Dark The Suns, Endless Forms Most Gruesome).
O novo trabalho, que apresenta nove faixas, foi gravado pelo próprio Otto Salonen junto ao guitarrista Teemu Heinola (também responsável pelas mixagens); a masterização foi realizada por Mika Jussila (Amorphis, Black Sun Aeon, Desire, Swallow The Sun, Eternal Tears Of Sorrow, Trail Of Tears), no Finnvox Studios, localizado na capital finlandesa, Helsinque.
“Death Walks Among Us” e “Endless November” são as responsáveis por abrir “D.O.S.” — ambas apresentando a mesma tônica do lançamento anterior. As orquestrações surgem e dilatam-se de maneira grandiosa na primeira — indo do suspense até algo intrincado, complexo e épico. Caberia perfeitamente num álbum do atual Septicflesh, Fleshgod Apocalypse ou do Dimmu Borgir, quando esse concebia arte em todos os sentidos e não artigos musicais sem expressão e consistência que servem apenas aos propósitos da Disney (“Eonian” é uma piada). “Endless November” é um híbrido (e uma das faixas mais lindas de todo álbum), de Shape Of Despair com Draconian. Cadenciada na medida certa, forte, melodiosa e com as frases sinfônicas que já são a assinatura da banda. Os vocais de Veronica Bordacchini (Fleshgod Apocalypse) são excelentes e emotivos como poucos. “Dissociation Of The Extinguished Mind” é mais um ponto alto. As transições de velocidade, os vocais guturais e limpos, os arranjos perfeitos e o guitarrista Jarkko Kokko (Mors Principium Est) cedendo a mesma doses generosas de seu talento. Suprema! Talvez a banda tenha criado um gênero e nem tenha se dado conta, o “Cinematographic Doom” (risos).
O restante do repertório apenas confirma o óbvio, temos aqui uma obra irrepreensível. “As The Light Dims” é pura sofisticação; “Parasites Of Mind” vai da cadência ao caos com a mesma intensidade e desenvoltura, assim como sua sucessora, “Kaamos (Land Of Winter)”. “Serpents” e “Eternal Darkness” são provas da genialidade do DEPRESSED MODE. Interessante como a banda, mesmo sem apresentar nada novo, conseguiu criar algo envolvente, belo, equilibrado e expressivo. As vocalizações finais da última citada estão à altura dos melhores momentos do Nightwish e Epica (claro que numa perspectiva mais extrema). “Aeternus” é uma epopeia musical de mais de 12 minutos. Sinfônica, obscura, magistral e aterradora. O fim perfeito de um disco como há muito eu não ouvia. Classe, inteligência e sensibilidade de mãos dadas.
“Decade Of Silence” é tão inspirado quanto ambicioso — e não, em momento algum ele soa como um longo e tedioso exercício criativo repleto de malabarismos, ou mesmo, ego musical sendo massageado. Ele prova ser possível criar tramas sonoros épicos e complexos com emoção e vivacidade. O Doom Metal trajado em suas pesadas e negras mortalhas perfeitamente encaixado à imponência e elegância do Metal Sinfônico. Eis a trilha sonora.
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