Acredito que o DENIAL OF LIGHT, com esse novo trabalho, lançou o melhor álbum de obskure dark metal de todos os tempos na cena nacional. Ainda que não seja um trabalho original, a banda alcançou com todo o mérito um resultado que alavanca o mais negativo dos sentimentos a níveis estelares. A música extrema nunca se tratou apenas de velocidade, ainda que ela seja algo que nos fisga em termos de metal, mas o extremo também se reveste de outras cores, ainda que essas cores possam ser o preto e o branco, com areas cinzas cheias de ervas daninhas. Assim é a música do grupo nesse “Mydriasis”.
Não espere algo melódico e acessível. O trabalho que a banda construiu aqui foi feito para soar exatamente o contrário disso e o resultado final é uma viagem ao obscuro e pesado abismo. Não é sempre que me deparo com álbuns que me transmitam esse sentimento de vazio esmagador. Consigo lembrar dos primeiros álbuns dos finlandeses do Unholy, que conseguiam extrair toda a alegria em qualquer ambiente que sua música fosse executada. As faixas que abrem o álbum constroem uma atmosfera tão compacta que ela passem e você não percebe. São uma unidade musical que se entrelaça. “Dead Eyes”, “Askance”, “Behind the Marble Walls” e “March to the Ruin” funcionam como uma entidade de sombras que vão envolvendo o ouvinte e te arrastando para uma espiral de percepções irreais. O clima é opressivo em cada segundo. Não há espaço para a beleza.
“Desintegration” – Trauma I” reune a faixa título “Mydriasis”, “This Life to Fail” e “No Wounds Will Heal”. Tudo continua se movendo de forma pegajosa e ritualística. Em meio a toda essa atmosfera opressiva, a música abraça momentâneos períodos de agressividade que se cravam nas composições como uma adaga. Quando “Desintegration – Trauma II” se inicia, tudo volta à penumbra e continua dessa forma à medida que “Two Sides Asunder” (essa uma música mais contundente e agressiva que me lembra um pouco o trabalho de Tom Warrior no Triptykon. ), “Into the Burial Frost”, “Divine Forbid Me”, “Morbid Trails”, “Future Dies”, “The Hell of My Existence” e “All Suffer” sao executadas. A riqueza de detalhes, o cuidado com os mínimos arranjos e a própria produção se somam na criação de uma obra musical poderosa.
O responsável por todo esse pesadelo é o músico Arthur Painless, que compôs e gravou tudo. O trabalho do DENIAL OF LIGHT em “Mydriasis” é de se tirar o chapéu, assim como a produção que é pesada e densa o suficiente para criar o ambiente perfeito para as composições. A simplicidade complexa da capa também se destaca e fecha um álbum que tem tudo para entrar nas listas de melhores do ano. O extremismo aqui contido não se mede em batidas por minuto, mas tenha certeza que você será atingido por uma marreta. Altamente recomendável e uma prova mais do que real de que o nosso cenário extremo segue crescendo em criativade e poderio musical. Ouça e tire suas conclusões.
- Dead Eyes
- Askance
- Behind the Marble Walls
- March to the Ruin
- “Desintegration – Trauma I”
- Mydriasis
- This Life to Fail
- No Wounds will Heal
- “Desintegration – Trauma II”
- Two Sides Asunder
- Into the Burial Frost
- Divine Forbided Me
- Morbid Trails
- Future Dies
- The Hell of My Existence
- All Suffer