Trabalhos independentes carregas todo o peso do underground nas costas e deixam claro que não lançar o seu trabalho por uma gravadora não é um impeditivo para mostrar a sua arte ao mundo. E quando o lançamento independente soa como esse “At the Inhumane Cesspool” da banda curitibana DEFORMED SLUT, você só pode tirar o chapéu, abrir uma cerveja bem gelada e honrar os impuros espíritos da brutalidade. Isso aqui é classe A em termos de brutal death metal e não estou exagerando. O que deixa tudo ainda mais surpreendente é que TUDO é criado e levado ao seu limite pelo único membro da banda, Alexandre Antunes, que chutou inúmeras bundas por toda a duração desse material.
Analisando pelo lado técnico, um lançamento independente que oferece a qualidade de produção que esse álbum tem já deixa clara uma característica que eu sempre prezo muito em qualquer banda, o profissionalismo. O álbum soa absolutamente massivo. A gravação é pesada pra caralho e tudo está em seu devido lugar. A arte da capa cai como uma luva para a temática desse projeto que abraça sem nenhum pudor o mais puro gore. Tendo sido criado em 2006, somente agora o DEFORMED SLUT chega a esse seu segundo lançamento oficial, tendo o primeiro álbum sido lançado em 2011 e intitulado “Stench of Carnage”. Poderia colocar como influências duas das minhas bandas preferidas do brutal death metal, o Suffocation e o Cannibal Corpse. Mas em ambos os casos, essas influências se materializam a partir da sonoridade mais antiga de ambas as bandas, mas deixo claro que a música aqui não soa datada. O trabalho de Alexandre em todo o álbum mostra um profundo conhecimento do metal da morte, criando e dissecando a sua música com a intensidade de uma serra elétrica penetrando na carne. Álbum curto e grosso. Não há meios termos. A brutalidade aqui comanda do início ao fim e faz desse um dos principais lançamentos do estilo esse ano e não falo apenas no Brasil.
“Asphyxiated and Behead” abre o álbum de forma mais trampada, mas ainda assim soa ignorante em níveis colossais. Para quem conhece o metal da morte, ao ouvir essa faixa já sabe que isso aí foi feito por quem entende do riscado. Riffs intrincados em meios a partes mais pesadas, bateria martelando sem piedade e um vocal pútrido. Música perfeita. A próxima é “The Predator´s Lair”, onde o bate estaca vai batendo no seu ouvido e faz com que a casa inteira reverbere essa porradaria. Gostei bastantes do solos que fogem do lugar comum. Tudo se torna pesadíssimo e caótico com o início de “Easter of Convictions”, uma composição perfeita de death metal. “The Vilest Leech” é puro Cannibal Corpse, uma mistura do primeiro álbum com o “The Bleeding”. Sou suspeito para falar, mas soar assim faz dessa a melhor composição do álbum. Isso é lindo ! hahahahahaha
A faixa título é o apogeu da ignorância sendo vomitada na sua cabeça. Música brutal pra caralho, peso descomunal e a sensação de que tudo vai explodir em podridão não te deixam relaxar. Alguns riffs mais tradicionais aqui comandam o massacre. Puta música. A mesma pegada continua em “Forced to Puncture”. Os solos aqui são muito bons e criam uma atmosfera mais carregada. Na sequência vem “A New Abismal Era”, que começa com um tempo mais quebrado, que é acompanhado por uma guitarra massiva e uma vocalização totalmente podre. Tudo soa nos trilhos da mais perfeita brutalidade desenfreada, o que também acontece quando você é atingido por um taco de baseball distorcido no início de “Traces of my Rotten Flesh”. O trampo das guitarras aqui é impecável.
Fechando o álbum temos “Ruthless Malignancy”, que se prepara e explode no aparelho. Todas as faixas foram criadas em um nível altíssimo e acho que o DEFORMED SLUT deveria cair na estrada. Isso ao vivo vai demolir paredes e ensurdecer os ouvinte. Esse álbum é definitivamente um trabalho que fará parte do meu playlist por um bom tempo. Entrem em contato com a banda para adquirir esse traballho. Você não irá se arrepender.