Se é que se é possível afirmar que o período pandêmico teve algo de positivo, é mais do que verdade que esse período fez muita gente do underground arregaçar as mangas e criar música maldita em profusão. Esse álbum do one-man band CÜLPADO foi lançado ano passado pela gravadora brasiliense Kill Again Records e é um arregaço. O único membro Jeff Verdani conseguiu construir um álbum bastante sólido e totalmente impactante.
“Romper da Realidade” abre o disco como uma Intro, mas é com “Mato por Prazer” que a coisa fica séria. Trata-se de um petardo death/thrash que não economiza na pancadaria e riffs certeiros para se impor. A faixa título é responsável por abrir o disco e logo de cara sai distribuindo sopapos a torto e à direita. Cantada em português (assim como todas as oito músicas do álbum), a faixa tem uma sonoridade intensa e muito agressiva. O vocal é muito bom e encaixa perfeitamente com a música.
A banda não é só porradaria. Há momentos mais trampados que mostram a qualidade da composição de Jeff. Isso sem falar na produção do álbum, que amplifica tudo. “Maníaco Maldito” tem um riff matador que dita o andamento da composição. Música carrancuda e diretona. Na mesma linha vem “Picadinho”, uma faixa que tem mais brutalidade, principalmente no trampo da bateria. As guitarras aqui criam excelentes melodias. O riff principal me lembrou até mesmo o velho Sacrifice canadense. Relembrando os infames “Canibais de Garanhuns”, essa música entrega o que promete. Uma rifferama bem old school death metal em sua totalidade e com um resultado final excelente.
“Cortejo Fúnebre” é mais thrash, mas não pelo rápida. Digno de nota a qualidade da execução das guitarras nessa música e nesse álbum. O mesmo acontece quando “Loucura a Dois” se inicia. Uma faixa que tem uma pegada death metal que me lembrou os primeiros trabalho dos poloneses do Vader. Riff carregado e poderoso. Minha música favorita com certeza e que ao vivo deve ser um arregaço.
O álbum é encerrado com a música “Pipoca, Sangue e Pólvora”, uma faixa mais cadenciada e por sinal a que mais destoa do resto do álbum. Mas não é uma faixa ruim, talvez apenas um pouco repetitiva, o que não acaba por diminuir sua qualidade. Há alguns momentos nela que soam bem heavy metal e achei interessante o resultado final. A capa de “Romper da Realidade” é muito bem feita e é assinada por Ícaro Freitas (Skull Fuck of Ink). Definitivamente é um álbum que gostei muito, seja pela qualidade de suas músicas, como pela qualidade de sua produção. Espero que um novo álbum esteja nos planos do Jeff.