CD/EP/LP

CLOUDS – Despărțire (2021)

CLOUDS (Internacional)
“Despărțire” – CD 2021
Indepentende/ Personal Records / Cold Art Industry (Brasil) – Nacional
9/10

DATA DE LANÇAMENTO NO BRASIL/RELEASE DATE IN BRAZIL: Dezembro/2021

(Cold Art Industry Records)

O CLOUDS é uma formação internacional de alma romena, que vem desenvolvendo o seu Funeral Doom / Doom Atmosférico desde 2013, capitaneada pelo multi-instrumentista, compositor e vocalista “Daniel Neagoe”, cidadão romeno da localidade “encantada” de Timișoara.

Deve haver algo de muito especial na água dessa região, que já produziu alguns dos melhores nomes do Metal Extremo romeno, como NEGURA BUNGET, DORDEDUH, KATHAROS XIII, MOURNERS e ORDINUL NEGRU, além do próprio CLOUDS.

Neste caso específico, a música é dotada de rara beleza, recoberta por melancolia e envolta em sentimentos desoladores. O lamento, o luto, o desespero e uma vasta gama de emoções negativas convivem lado a lado na jornada épica empreendida pelos integrantes. Os vocais extremos somam um elemento Death Metal à sonoridade, gerando contraste efetivo e interessante ao andamento super arrastado, típico do Funeral Doom. Falando nos vocais, o trabalho do “Daniel Neagoe” é irrepreensível, a performance é excelente sob todas as suas facetas.

O novo trabalho de estúdio “Despărțire” (romeno para Separação, em tradução livre) foi lançado em outubro, e foi surpreendente descobrir que esse já é o sexto álbum deles, principalmente por terem saído todos de forma independente. Aparentemente, houve a celebração de um contrato com a gravadora mexicana “Personal Records” para o disco atual.

Uma ótima notícia para nós brasileiros, é que a “Cold Art Industry” anunciou uma versão nacional limitada a trezentas peças para dezembro, que deverá ter toda a qualidade, zelo e atenção aos detalhes dos trabalhos já entregues pelo selo. Além das sete músicas relacionadas abaixo, a edição brasileira contará com uma faixa bônus.

Musicalmente, a banda agrega instrumentos incomuns ao metal extremo em geral, mas não às bandas romenas. Aqui também temos flautas, violinos, piano e sintetizadores, e todos são empregados com maestria, no intuito de reforçar a aura pesarosa da obra.

Deepen this Wound” é a espetacular faixa de abertura, certamente uma das melhores do álbum. Os arranjos com violinos, sintetizadores e flautas em meio ao instrumental tradicional ficaram de fato incríveis, garantindo uma atmosfera única e rica, de desalento e nostalgia. Os vocais limpos e extremos se alternam eficientemente.

This Heart: A Coffin” conta com participação marcante nos vocais de “Mick Moss”, do ANTIMATTER, projeto solo de Dark Rock do Reino Unido. Aqui os violinos também roubam a cena, e complementam os megalíticos riffs de guitarra com memoráveis e etéreas melodias.

Your Name in my Flesh” rompe com um estrondo de percussão e guitarras, finamente aliado às flautas e violinos e aos vocais limpos (dobrados em alguns pontos) e extremos, que se intercalam. Muito legal a explosão final do vocal gutural, em meio aos violinos e teclas.

In Both our Worlds the Pain is Real” é a música que traz a luxuosa participação de “Aaron Stainthorpe”, do MY DYING BRIDE. O som em si tem menos desenvoltura, por insistir num andamento que acaba por tornar-se monótono após alguns minutos. Ainda assim, os arranjos permanecem impecáveis, de extremo bom gosto. O solo de guitarra a partir de 6:20 é soberbo, encaminhando bem a faixa à sua conclusão, sob ótimos vocais em dobra.

The Door We never Opened” traz a participação de “Mihu” ou “Mihai Ilie”, companheiro de “Daniel Neagoe” e “Mihai Dinuta” na banda MOURNERS. Piano e guitarras acústicas acompanham os belos vocais, unindo-se mais tarde a teclados e flautas. A música brilha com a entrada do instrumental extremo, com as guitarras duelando em belas harmonias e solos.

A Place for All your Tears” retoma em seu início a fórmula de muito peso, passos ultra cadenciados, dignos de cortejo fúnebre, e vocais guturais. Uma passagem climática toma controle, mas não tarda em ceder o protagonismo ao instrumental brutal, sempre cercado pelos violinos, piano e flauta. Vale destacar novamente a habilidade impressionante dos músicos em unir com harmonia instrumentos e sons tão distintos.

See the Sky with Blind Eyes” é o som menos extenso da obra, porém uma peça de conclusão que adiciona dose extra de emoção. Basicamente temos teclados, piano e vozes ao longo de quatro minutos. Somam-se então as guitarras, baixo e bateria, para um encerramento em grande estilo.

Memorável trabalho do CLOUDS, e melhor ainda para nós brasileiros que teremos a oportunidade de obter uma cópia física de qualidade a preço justo. Altamente recomendável aos apreciadores de MY DYING BRIDE (ING), SHAPE OF DESPAIR (FIN), SATURNUS (DIN), BELL WITCH (EUA), EVOKEN (EUA) e MOURNFUL CONGREGATION (AUS).

Tracklist a seguir – Duração total de 57:51 minutos:

1 – “Deepen this Wound”

2 – “This Heart: A Coffin”

3 – “Your Name in my Flesh”

4 – “In Both Our Worlds The Pain is Real”

5 – “The Door We never Opened”

6 – “A Place for All your Tears”

7 – “See the Sky with Blind Eyes”

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