Entrevistas

CLAYMOREAN — Épico, majestoso, dinâmico e melodioso. A força do Heavy Metal sérvio.

Heavy/Power Metal melodioso, imponente e épico — diretamente da Sérvia para o Mundo. O The Old Coffin Spirit Zine/Portal teve o prazer de entrevistar a banda Claymorean para saber mais detalhes sobre a composição e produção de seu mais recente e aclamado registro, “Eulogy For The Gods” (Stormspell Records). Falamos também sobre as mudanças, conquistas e dificuldades que permeiam a biografia da banda. “(…) amamos Heavy Metal e é isso que fazemos!”

“Amamos Heavy Metal e é o que fazemos!”

Olá, espero que todos vocês estejam bem — seguros e saudáveis. Sejam bem-vindos The Old Coffin Spirit Zine. Bem, gostaria de saber um pouco sobre o início da trajetória da banda e também sobre suas influências, conquistas e dificuldades.

Vlad Invictus: Olá meu amigo e muito obrigado por nos convidar para essa entrevista. Estamos realmente honrados e sim, estamos todos bem, a Dejana teve Covid recentemente, mas tudo tem ido bem. Agora minha avó de 87 anos está doente, então, estamos naturalmente preocupados com ela. Sobre a segunda parte de sua pergunta, bem, a banda iniciou em 1994 como Claymore, mas até 2002 não estivemos realmente ativos (apenas um show e vários ensaios. Hahaha). Em 2003 gravamos nosso primeiro álbum chamado “The First Dawn Of Sorrow”,  o qual foi produzido inteiramente em casa com orçamento zero e pensado como uma demo, mas o selo One Records quis lançá-lo. Logo tivemos vários shows e festivais, e preparamos o material para nosso álbum seguinte.  Mas em 2004 a banda se separou e cada um seguiu seu próprio caminho. Em 2012, eu encontrei músicos totalmente diferentes e quis gravar todos os sons que deixamos inacabados em 2004, e então “Lament Of Victory” foi lançado em 2013. Depois de nossa apresentação no Serbian Metal Fest em 2014, decidimos dizer adeus ao nome Claymore e à sonoridade Symphonic/Power Metal, e fazer uma nova banda sobre as fundações da antiga. E também Dejana, nossa nova vocalista, expressou seu desejo de cantar com sua voz natural e não no estilo operístico/falsete de “Lament”. Em 2014 começamos a gravar as primeiras demos para “Unbroken”. Em 2015 captamos a atenção da Stormspell Records e todos os três álbuns da Claymore (“Unbroken” de 2015, “Sounds from A Dying World” de 2017 e “Eulogy For The Gods” de 2021) foram lançados pelo selo. Nossas influências mudaram ao longo dos anos, mas o Black Sabbath das fases Dio e Martin, Judas Priest, Iron Maiden, Manowar e outras continuaram intocadas, primariamente as bandas e álbuns de Heavy Metal clássico. Não obtivemos conquistas gigantes, além de sermos conhecidos por outras bandas, jornalistas, ouvintes do mundo todo e para uma pequena banda de Heavy Metal que vem da Sérvia, é incrível! Isto dito, é também uma “maldição” quando você toca Heavy Metal e vem da Sérvia, especialmente de uma pequena cidade como Lazarevac. Você tem de trabalhar 20 vezes mais duro que seus colegas de Belgrado ou Novi Sad, o que significa que você precisa trabalhar 60 vezes mais duro que seus colegas da Alemanha ou Suécia.

Aliás, falando sobre dificuldades e conquistas. Creio que fazer Heavy Metal em qualquer país seja sempre difícil, e mais ainda para uma banda underground. Como é fazer Heavy Metal na Sérvia? Quais são os maiores obstáculos? Dá para se viver de música ou ainda é um sonho distante?

Vlad Invictus: Bem, como eu já mencionei, o maior obstáculo de ter uma banda de Metal na Sérvia é que não existem grandes mídias ou audiências para apoiar apropriadamente as bandas e espalhar a palavra globalmente. Isso segue no cantos mais profundos do underground, e felizmente temos aquelas mídias underground como SMP, Grom, Miner e outras que estão tentando promover nossas bandas, organizar shows, festivais e lançar os materiais. Porém, a ausência de público para esse tipo de música é alarmante, exceto quando se trata de grandes nomes como Iron Maiden, Whitesnake e Sabaton, apenas para mencionar alguns. Não há um senso de construção da cena. Muitos seguem tomando essa música como garantida.

Dejana Betsa Garčević: Cada músico sérvio de Metal que conheço continua mantendo seus trabalhos além da música, então sem dinheiro através disso. De fato, quando você é um músico de Metal na Sérvia você meio que mais gasta dinheiro do que ganha.

Marko Novaković: Definitivamente não é fácil e tem um monte de obstáculos, porque esse tipo de música simplesmente não é popular, especialmente na Sérvia. Mas fazemos isso principalmente por amor, apreciamos criar música nova. Existe um grupo de pessoas que nos apoia e aguarda avidamente nossos shows, estamos bastante felizes com isso. De fato, a maioria de nossos fãs estão fora da Sérvia. É difícil conseguir viver da música, principalmente quando se trata de Heavy Metal. Mas quem sabe, talvez um dia consigamos

Ouvindo a discografia do Claymorean percebemos uma vasta gama de elementos, de sonoridades, texturas diversas e de transições — ainda mais nos trabalhos recentes. Como vocês definem a identidade musical da banda ou ela está sempre em expansão?

Dejana: As melodias são a primeira coisa que vem à mente quando penso sobre a música, e normalmente não conecto isso com um determinado gênero ou estilo. Depende do meu humor e do que me conduz naquele momento. É importante que eu goste e que eu queira ouvir se alguém escrever.

Marko: Todos amamos música em geral, e não estamos limitados à apenas uma direção ou algo do tipo. É tudo Heavy Metal, mas nem sempre é o mesmo. Compomos conforme os sentimentos e gostos do momento, e não seguimos muito pelo que está em voga ou não. Por isto, cada álbum é diferente.

Vlad: Mesmo que eu prefira o Iron Maiden ao Metallica, devo dizer que respeito a vontade do Metallica de se aventurar e não gravar dois álbuns que soem da mesma forma (exceto os álbuns “Load” e “Reload”). Sobre nós, não nos importamos com o que está na moda ou não. Sempre tivemos essa regra principal — compor e gravar músicas pela perspectiva de um fã. Fazemos o que verdadeiramente amamos. Não gravaremos um álbum de Metal com Hip Hop, pois não gostamos de Hip Hop, ou Dance, ou Reggae, Trance, Pop… Amamos Heavy Metal e é o que fazemos..

Em 2003 a banda fez sua estreia discográfica com o lançamento do “The First Dawn Of Sorrow” e logo em seguida entrou num hiato que perdurou até 2012, quando voltou reformulada. Em 2013 foi lançado o excelente “Lament Of Victory” e em 2014 houve a mudança de nome. O que esses trabalhos representam hoje para vocês e o que motivou tanto o hiato quanto a mudança de nome?

Vlad: O hiato foi um passo lógico porque a banda se separou e todos seguiram em caminhos diferentes. Muitos membros antigos do Claymore já não estavam mais no negócio musical. Pessoalmente, olho para aqueles álbuns como um trecho de um livro. Se você ouvir ambos os materiais, você pode ouvir a mesma sonoridade (com exceção da mix superior de “Lament”), mesmas ideias e o mesmo fio condutor  conectando-os, e agora olhamos para Claymore quase como uma banda diferente. Mas não separaríamos nós mesmos dessa herança. Continuamos tocando alguns daqueles sons antigos em nossos shows. O nome precisou mudar, não apenas por nossa música ter mudado, mas, porque existem várias bandas Claymore por aí, parei de contar depois da nona.

Dejana: Continuo lembrando da primeira vez que Vlad me chamou para me juntar à banda. Primeiramente recusei, mas conforme ouvi sua música pensei que poderia dar uma chance. Lembro-me da minha primeira apresentação com Claymore. Não conseguia ouvir meus pensamentos, deixei minha voz só. Eu apenas ouvia a bateria. “Lament” foi meu primeiro álbum e sempre foi um pouco desagradável para mim, pois não era meu estilo natural de cantar.

“Unbroken” foi lançado em 2015 e inaugura a parceria com a americana Stormspell Records, parceria essa que dura até os dias atuais. Como é trabalhar com eles? Fale-nos um pouco sobre o processo de composição de “Unbroken” e em que ele difere dos dois primeiros álbuns?

Vlad: Stormspell é um selo pequeno bacana com um “mago” ao invés de um gerente padrão. O homem atrás do selo, Danny, é um verdadeiro “metalhead” e um cara bastante experiente quando se trata desse tipo de música. Enquanto nossos dois primeiros álbuns estavam mais enraizados no Power Metal europeu, “Unbroken” marcou nossa volta às raízes do Metal mais clássico.  Tudo era diferente dos álbuns do Claymore. Começamos a trabalhar como uma banda e não apenas como um show de um homem só, então todos na banda contribuíram com ideias e músicas.

Dejana: Acredite ou não, quando gravei “We Fight Like Lions” eu definitivamente sabia como meus vocais deveriam soar. Aquele álbum teve algumas de minhas primeiras composições e por essa razão ele é muito especial para mim. É realmente o início de meu crescimento pessoal e como musicista.

“Sounds From A Dying World” de 2017 é realmente um álbum magnifico! Tanto pela construção dos temas quanto pelos acabamentos de estúdio. O produtor Boris Šurlan realizou um trabalho fabuloso. Como é trabalhar com ele e quais foram os frutos desse lançamento?

Vlad: Obrigado pelas palavras gentis. Sim, Boris é muito importante para gente, como co-produtor e nosso engenheiro de som (gravação, mixagem e masterização). Quero dizer, você tem um cara que acabou de chegar nos seus 30 anos e já se tornou o mais jovem chefe do departamento de áudio da universidade onde trabalha, e isso aconteceu quando gravamos “Sounds”. Não acredito que haja tantos engenheiros de som com todo esse feeling e audição para o trabalho. Basicamente, ele veio com todas aquelas ideias e sons que até entao eu nunca soube que existiam. E ele também fez um grande trabalho de produção, nos apontando a direção correta, simplesmente desenhado a melhor versão de nós mesmos. Recentemente, ele esteve por trás da mesa de som quando tocamos em um show ao vivo, isso soou exatamente da mesma forma que ele fez no álbum, senão melhor. A cada novo álbum ele aumenta seu nível, o que é realmente impactante.

Marko: obrigado, estamos felizes que você tenha gostado. Boris é um membro fundamental da banda. Cooperamos com ele por um longo tempo e esperamos que isso não mude. Ele também fez um trabalho fenomenal em nosso último lançamento.

Dejana: Trabalhar com Boris é bastante descontraído e relaxante, mas quando Vlad entra no estúdio a tempestade começa, hahaha. Esse álbum definitivamente pôs holofotes na gente. As pessoas começaram a nos notar. Fomos mencionados no canal “Unknown Power Metal” no YouTube, e logo após no canal “NWOTHM Full Albums”. Abrimos para a Ross The Boss Band na época do lançamento do álbum. Foi um grande passo adiante.

Enfim, chegamos ao presente e ao poderoso “Eulogy For The Gods”. Antes de prosseguir, deixe-me parabenizá-los por esse  lançamento. Um dos mais incriveis desse ano sem qualquer dúvida. Todas as faixas são simplesmente únicas e sensacionais. Como foi compô-lo? Essa sonoridade poderosa é realmente a que melhor define o Claymorean?

Marko: Muito obrigado! Estamos bastante felizes com esses elogios. É um álbum em que temos trabalhado por um longo tempo. Muito esforço foi focado nele. A composição foi bastante interessante, todos participaram, deram suas ideias. No fim, trabalhamos para adaptar e finalizar a composição. No começo, não estávamos muito satisfeitos e duvidávamos que tínhamos feito algo bom. Mas conforme o tempo passou, começamos a gostar dele. Quase todas as reações foram bem positivas, e então começamos a acreditar que havíamos criado algo especial. Acho que isso é exatamente o que define Claymorean e o que todos os membros da banda gostam. Agora que o álbum foi lançado, apenas posso dizer que estamos extasiados pelas reações positivas e pelos comentários, e estamos bem felizes a respeito!

Vlad: Muito obrigado pelos elogios. Gostaria de poder dizer que tivemos um grande momento o gravando, mas, infelizmente nunca havíamos gravado um álbum em circunstâncias tão sombrias. Muitos problemas pessoais aconteceram ao longo do caminho, estou feliz de estar vivo e bem para falar a respeito disso. Também, a pandemia iniciou e basicamente tivemos que gravar o álbum inteiro em casa, com as instruções de Boris é claro, pois nosso governo isolou o país inteiro por meses. Naturalmente, não fiquei satisfeito com o resultado, mesmo que Boris tenha feito um trabalho magnífico com a mix e a master. Digo, todos na banda foram absolutamente incríveis — a performance estelar de Marko na bateria, as massivas linhas de baixo de Goran, os solos de Urosh e os grandes vocais de Dejana — tudo foi majestosamente feito. Entretanto, tive um sentimento ruim sobre a gravação toda. Pude sentir a escuridão em cada som que gravamos, ainda que isso possa não transparecer para os ouvintes, mas este é um álbum muito pessoal e com isso você não consegue ser objetivo a respeito, não importa quanto tente. Isso nos define? Claro, pois nos apoiamos 100% em nossa música. Depois de um mês ou pouco mais, quando tirei isso de meu sistema, eu aprendi a apreciá-lo mais. Posso dizer que estou começando a ser um fã ávido desse material, haha. E devo novamente louvar a sonoridade desse álbum. Acho que é, de longe, o melhor trabalho de Boris até hoje. Ele manteve todas as dinâmicas, mas também adicionou o vigor pelo qual é conhecido. Um “eargasm” para audiófilos.

Dejana: Acredito que esse material é, de longe, mais maduro que os anteriores, mas também estávamos mais maduros como músicos e compositores. Começamos a prestar atenção nos pequenos detalhes de cada som. Os arranjos também foram algo que tivemos cuidado.  Para mim, é nosso melhor álbum até o momento. Todos os sons têm o mesmo tom sombrio que os une, e eu gosto da atmosfera e do humor desse álbum.  Nunca esperei tamanha recepção, nem em um milhão de anos. Nunca havíamos tido esse tipo de louvor por nada que fizemos no passado.  A coisa mais mágica sobre isso é que a própria música está fazendo o que deveria acontecer. Sem promoções caras ou montes de dinheiro dados a alguns gerentes, ou assessorias. Apenas música falando aos ouvintes.

O instrumental de todas as músicas é simplesmente impecável, vigoroso e imponente. Todos os músicos se destacam em seus respectivos postos, mas ouso dizer que as guitarras brilham mais que os outros instrumentos — os riffs são absurdos e os solos não deixam por menos. Esse trabalho foi realmente pensado para às guitarras?

Vlad: Bem, sou primeiro e antes de tudo um guitarrista, haha. Então, suponho que isso ajudou bastante dessa vez. Hahahahaha.

Outro ponto de destaque são os vocais de Dejana, ela entrega o seu melhor em performances que são literalmente de tirar o folego. A intensidade que ela transmite é algo assustador. O alcance vocal dela é simplesmente inacreditável, como também são as nuances — as elevações e descidas de tom. Ela encontrou alguma dificuldade na confecção e gravação das linhas vocais? Quais são os vocalistas que a inspiram ou inspiraram em sua forma de cantar?

Dejana: Obrigada por suas gentis palavras, estou sem palavras agora. Hahaha. Comecei a cantar por causa de David Coverdale, que foi sempre  minha maior inspiração. Conforme amadureci como musicista eu descobri Jorn Lande, Niklas Stalvind, Ida Haukland, Jutta Weinhold, Marta Gabriel, mas primeiro Marco Hietala e Blackie Lawless. Infelizmente (ou felizmente) nunca consegui emular nenhum de seus estilos vocais, pois são incrivelmente únicos. Posso apenas tentar ser tão única quanto eles são, trabalhando duro em minha voz e expressão.

Vlad: Quase nos divorciamos seis vezes enquanto gravávamos os vocais dela em nosso apartamento, já que não podíamos gravar os vocais em estúdio devido à pandemia. Hahaha. Piadas à parte, ela realmente fez um trabalho incrível. Como um “metalhead” antigo, algo que sempre me atraiu no Metal foi a atuação dos vocalistas. Se a  entrega vocal não fosse convincente, eu poderia passar aquela banda, e assim ia. Dejana me convenceu nesse álbum de que ela possui os atributos certos para o trabalho.

As  composições são repletas de relevos, de mudanças repentinas e também de elementos que vão do Folk ao Doom Metal — passando pelo Power e Epic Metal. O Claymorean, em sua forma de compor, estabelece limites ou a música deve fluir naturalmente e chegar onde deve chegar?

Vlad: Não existem limites ou regras, exceto: sem falso Metal e não seguir as modas.

Dejana: Eu tenho um talento natural para arranjar as canções. Hahaha. Se você der uma canção ao Vlad levará toda a eternidade.

Falando de músicas específicas. Nos últimos três lançamentos vocês fizeram covers espetaculares. “Unbroken” trazia uma versão fantástica para “Into the Courts Of Chaos” do eterno Manilla Road; “Sounds From A Dying World” homenageava o Cloven Hoof com uma versão fantástica do clássico “Astral Rider”. No novo álbum a banda homenageada foi o Virgin Steele, aliás, a versão de “The Burning Of Rome (Cry For Pompeii)” ficou surreal. O que essas bandas representam para vocês?

Vlad: Olhamos para nós mesmos, primeiramente, como fãs de Metal, queríamos prestar tributo a nossos heróis. Então, fizemos esses covers com o maior respeito por essas bandas e músicos. Também fizemos um cover de Manowar para a compilação do selo Stormspell lançado em sua celebração de aniversário. Ouvimos todas essas bandas e aprendemos constantemente com elas. São nossos heróis, nossa inspiração.

Dejana: Uma das primeiras coisas que Vlad me disse é que minha voz o lembrava de David DeFeis, claro que em uma versão feminina, naturalmente. Foi apenas uma questão de tempo até que fizéssemos um cover de uma faixa do Virgin Steele. Para mim, a faixa mais difícil de fazer um cover foi, definitivamente, “Astral Rider”, porque aquelas harmonias no refrão da versão original são coisa de outro mundo. O que Russ fez foi simplesmente inacreditável, mas tentei fazer meu melhor. Felizmente, ficou bom o bastante.

Marko: Somos grandes fãs desses artistas. Virgin Steele é, definitivamente, um deles. É uma daquelas bandas que nos motivam e inspiram a progredir. O som “The Burning Of Rome” é uma verdadeira obra-prima e é por isso que a escolhemos. Existem várias outras bandas cujos sons gostaríamos de tocar e gravar. Curtimos trabalhar em sons de bandas de Metal lendárias.

Ainda no “Eulogy For The Gods” temos outra homenagem, no caso, a faixa “Lords Of Light” que foi dedicada ao imortal Mark Shelton. Gostaria que vocês falassem um pouco sobre a importância dele para o Heavy Metal e também sobre o imensurável legado que ele nos deixou.

Vlad: Nunca me esquecerei do dia em que meu amigo Matt me mandou uma mensagem dizendo “Shark se foi”… Foi como se subitamente uma montanha me esmagasse. Não conseguia me mover e senti como se uma parte de minha alma tivesse ido para sempre. Tentei me recuperar nos meses seguintes, mas acho que essa ferida jamais se curará totalmente. E a coisa engraçada é que nunca conheci Mark pessoalmente. Tivemos algumas agradáveis conversas no Facebook e ele estava ciente de nosso cover de “Into the Courts of Chaos” (deu seu “positivo” pela gravação). Sobre sua importância para o Heavy Metal,  o que posso dizer? Ele é o maior herói “não cantado” do Heavy Metal. Uso esse termo “não cantado” em comparação com um ouvinte médio de Metal, que provavelmente não conhece Manilla Road, mas ok. Acho que o legado de Mark tende apenas a crescer com o passar dos anos. Ter uma carreira de 50 anos com mais de 20 incríveis lançamentos é algo que seguirá inalcançável para muitos nomes “maiores” do Metal.

Dejana: O som que me ligou ao Manilla Road foi “Mystification”. Aquele foi o momento onde entendi completamente o que Mark queria dizer através de sua música. Cada vez que eu ouvia as primeiras notas daquele som eu começava a chorar, literalmente, mesmo antes da morte de Mark. É muito emotivo para mim.  E eu tentei fazer um cover decente da faixa com Vlad, em nosso experimento de “covers de isolamento” pelo YouTube.  A música de Mark é algo de outro mundo e você pode sempre reconhecer aquele timbre de guitarra, a voz única, aquelas letras maravilhosas e a atmosfera criada pela banda em cada gravação.

Bem, como já dito, todo o álbum é ou será certamente tomado como um clássico destes tempos. O repertório é destruidor, mas destaco a faixa “Mystical Realm (Deorum In Absentia)” que, a meu ver, é o grande hino deste lançamento. Fale-nos sobre ela.

Vlad: Obrigado, meu amigo. É incrível ouvir palavras como essas sobre nosso próprio album. Wow. Bem, o som referido é provavelmente a peça central do álbum todo, não apenas em sua duração, mas o título provisório de Mystical Realm era, na verdade, “Eulogy for the Gods”. Em suma, as letras tratam de nossos medos mais profundos, medo de morrer como o mais óbvio, e nossa constante necessidade de algum ser onisciente que nos livres das agonias. Mas o final do som apresenta o magnífico solo de guitarra do jovem Vladimir Novakovic (o irmão de nosso baterista), que se tornou nosso novo membro, então oficialmente temos agora três guitarristas na banda, como Maiden ou Helloween. Hahaha.

Dejana: Mesmo que esse som não fosse nosso, ainda poderia dizer que é um obra-prima. Sem dúvida, é realmente um som maravilhoso. E ouvir que alguém considera nosso álbum um clássico é uma honra imensa.  E também uma responsabilidade, a de manter o mesmo nível de composição. Hahahaha.

Ao critério de vocês — quais são os 10 maiores álbuns de Heavy Metal de todos os tempos, aqueles que vocês consideram como obrigatórios? E quais bandas atuais vocês recomendariam?

Vlad: Meu Top 10 costuma mudar de tempos em tempos, já que é um tanto difícil fazer um entre centenas de álbuns perfeitos. Mas, por ora é isso, sem ordem particular:

01. Running Wild — “Death Or Glory”

02. Virgin Steele — “Invictus”/ “Marriage Of Heaven And Hell Part. 2”

03. King Diamond — “Conspiracy”/ “Abigail”

04. Manowar — “Hail To England”/ “Into Glory Ride”

05. Judas Priest — “Painkiller”/“Defenders Of The Faith”

06. Manilla Road — “The Deluge”/“The Courts Of Chaos”

07. Iron Maiden — “Seventh Son Of A Seventh Son”/“Piece Of Mind”

08. Stormwitch — “Stronger Than Heaven”

09. Helloween — “Keeper Of The Seven Keys Part. 1”

10. Riot — “Thundersteel”/“Fire Down Under”

Ah! Eu meio que trapaceei, mas continuo tendo vários álbuns de fora da lista. Posso fazer de novo? Hahaha. Hum! Tendo seguido a cena Metal por 35 anos, e algumas das bandas atuais que tenho ouvido são absolutamente incríveis. Minhas escolhas seriam Rocka Rollas, Ambush, Visigoth, Atlantean Kodex, Hess, Kramp, Wolf, Riot City, Lady Beast, Leather Heart, Oathbringer, Gatekeeper, Skelator, Blazon Stone, Portrait, Smoulder, Argus, Sinister Realm, Sacral Rage, Terminus, Iron Kingdom, RAM, Savage Master, Crystal Viper, Below, Sorcerer, Black Viper, Hellripper, Eternal Champion… São tantas, desculpe se esqueci de mencionar algumas, do contrário essa entrevista poderia se tornar um livro completo. Hahahaha.

Dejana: Realmente, sem uma ordem particular, meu Top 10 poderia ser:

01. Human Fortress — Defenders Of The Crown

02. W.A.S.P. — “W.A.S.P.”

03. Tarot — “The Spell Of Iron”

04. Wolf — “Devil Seed”

05. Manilla Road — “Crystal Logic”

06. Below — “Across The Dark River”

07. Ghost — “Prequelle”

08. Dream Theater — “Scenes From A Memory”

09. Whitesnake — “Slip Of The Tongue”

10. Iron Maiden — “Seventh Son Of A Seventh Son”

Eu poderia definitivamente recomendar bandas como Wolf, Below, Iron Kingdom, Lady Beast, Triosphere, Blazon Stone, Oathbringer, Kiuas, Dragonland, Crystal Viper, Atlantean Kodex, Smoulder, Kramp, Lycanthro, Night Demon, Portrait…

Marko: Óh… É bem difícil para eu fazer uma lista como essa, pois, está constantemente mudando, mas tentarei. Não vai em ordem, escrevi os 10 primeiros que vieram à mente:

01. King Diamond — “Conspiracy”

02. Manowar — “Into Glory Ride”

03. Gamma Ray — “Land Of The Free”

04. Bathory — “Twilight Of The Gods”

05. Metallica — “… And Justice For All”

06. Dio — “Holy Diver”

07. W.A.S.P. — “W.A.S.P.”

08.Iron Maiden — “Brave New World”

09. Judas Priest — “Defenders Of The Faith”

10. Savatage — “Hall Of The Mountain King”

Bandas atuais: Fractal Universe, Obscura, Orden Ogan, Ambush, Sorcerer, Atlantean Kodex, Brothers Of Metal, Ensiferum, Dexter Ward, Gloryhammer, Enforcer, Oathbringer, Gatekeeper, Helion Prime, Primitai, Lady Beast, Paladine, Mgła… Existem várias outras, mas aqui estão algumas. 

A pandemia chega lentamente ao seu fim. Como vocês enfrentaram esse período tão turbulento e quais serão os próximos passos da banda após o fim do mesmo?

Vlad: Se todos sairmos dessa pandemia, vivos e bem, primeiro faremos uma festa para celebrar o lançamento de “EFTG”. Então, gravaremos um vídeo ou depois. E então, teremos tantos shows ao vivo quanto pudermos. Talvez ao longo do caminho tenhamos algumas idéias para o próximo álbum.

Dejana:  A parte de sentir falta de shows e de ver pessoas queridas, atravessei essa pandemia descansando, lendo, ouvindo música e assistindo filmes e programas de TV. Fizemos alguns covers no isolamento e acho que isso nos ajudou muito a pensar sobre novo material e ter idéias para “Eulogy”. Agora, mal posso esperar para começar a ter shows ao vivo por aí. Tivemos dois, desde o fim de julho, então espero que nos convidem para tocar por aí, em algum lugar.

Bem… Muito obrigado pelo tempo, paciência e disponibilidade. Espero ouvir novidades sobre vocês em breve. Deixem uma mensagem para os fãs e para todos aqueles que estão a conhecer a banda a partir desta entrevista.

Vlad: Muito obrigado por nos convidar para essa entrevista. Tentem nos seguir em todas as mídias que temos, como Bandcamp, YouTube, Facebook, Instagram, etc. Se você gostar do que ouviu, por favor compre nossa música e merch, através disso farão a banda seguir adiante. Obrigado novamente!

Dejana: Obrigado, pessoas queridas. Muitos abraços e beijos de mim e dos garotos. Vemos vocês em uma tour algum dia!

Marko: Obrigado pelo convite e por uma conversa tão interessante, é uma honra! Saudações a nossos fãs, sejam quantos forem. Vocês nos dão força e amor para melhorar, e recomendo a todos que sabem agora  de nossa banda que  procurem nosso novo álbum “Eulogy For The Gods” e o ouçam. Nos sigam nas mídias sociais (Facebook, Instagram, YouTube, Bandcamp) e se gostarem de nossa música, comprem nossos álbuns, merch e por aí vai… Fiquem saudáveis e “stay metal”! \m/

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