Fazer parte do underground brasileiro nunca foi fácil. Nem nos saudosos anos 80 que tanta gente que não viveu insiste em romantizar. Tudo em nosso país, no que diz respeito à música pesada, foi uma conquista a passos de tartaruga e trabalho de “formiguinha”. Conseguimos criar bandas que entraram para a história do metal brasileiro e algumas que foram além e viraram referência mundial. Os selos também fizeram parte dessa história. Impossível não lembrar do impacto que selos como a Woodstock Discos, Hellion Records, Cogumelo Records e mais alguns poucos, tiveram na construção de um mercado fonológico que pudesse servir de trampolim para voos mais altos.
Nos dias de hoje, mesmo com todo o avanço, melhoria de condições e acesso facilitado a tudo, ainda nos vemos diante de selos brasileiros que fazem das tripas coração para continuar lançando e divulgando bandas que muitas vezes são absolutamente ignoradas por uma parcela cada vez maior de um público que não sabe mais o que é parar, ouvir seu disco favorito e apreciar um encarte, enquanto degusta uma boa e gelada cerveja.
Parece que andamos, andamos e sempre nos vemos diante de ruas sem saída, mas há sempre aqueles que ao se deparar com paredes, puxam uma picareta e abrem caminho na marra.
A CIANETO DISCOS é um desses exemplos.
O embrião do selo data do ano de 2005, quando foi criada a Satanael Records, que aos trancos e barrancos foi existindo, até que em 2010 o seu criador Gil Dessoy transforma em CIANETO DISCOS, um trabalho que continua até os dias de hoje, com mais de duas centenas de lançamentos entre cd´s, lps e cdrs. Esses lançamentos não param de ocorrer e contam, em vários momentos, com a parceria de outros selos, buscando unir forças para facilitar tais lançamentos e espalhar de forma mais eficientes esses materiais mundo afora.
O portal THE OLD COFFIN SPIRIT pôde conversar com o criador da gravadora CIANETO DISCOS, Gil Dessoy e o resultado desse papo pode ser conferido abaixo:
“Cianeto ainda existe simplesmente porque eu sou muito teimoso para mudar o meu pensamento com o que acredito ser o correto ou bom para mim.
Um selo dedicado ao underground, e em sua maior parte, à bandas nacionais não traz lucro, não estou nem perto disso com este selo, porém, a minha paixão e vontade de fazer um pouco mais, um pouco melhor e dar voz e vez à bandas as quais eu me conecto com os membros, é algo que supera este “detalhe”.
Na realidade, seu eu colocar na ponta do lápis, este selo já meu deu um prejuízo absurdo, e não é viável como um “negócio” mas para mim, nunca foi encarado desta forma. O gosto e opinião pessoal sempre vêm à frente quando fechamos um lançamento, o “resultado” de vendas é em segundo plano, isso eu sempre cito para as bandas que lanço, e será assim até quando eu conseguir.
Para 2022 a intenção do selo é reforçar as parcerias que temos com bandas e pessoas, meu foco agora é trabalhar com determinadas pessoas e lançar seus projetos, pessoas com as quais consigo me conectar pessoalmente, ideologicamente e musicalmente, pois são muitas as bandas que simplesmente não dão valor ao trabalho dos selos nacionais, então, eu prefiro lançar bandas de amigos ao invés de lançar de desconhecidos.
Também estou investindo em alguns licenciamentos de selos como Season of Mist para álbuns inéditos aqui, de bandas que acho relevantes, sempre colocando o gosto pessoal em primeiro lugar. Este tipo de lançamento se tornou um padrão para alguns selos, mas por aqui, eu pretendo mesclar bandas nacionais com trabalhos inéditos e exclusivos assim como licenciamentos relevantes, à preços justos.
Basicamente não tem muito segredo, é seguir o instinto e trabalhar duro, sem arrependimentos, e se houver possibilidade de colher bons frutos e poder apoiar ainda mais as bandas nacionais, assim será feito por aqui.”
Abaixo é possível conferir uma lista com lançamentos recentes e vários próximos lançamentos da gravadora para o ano de 2022:
LANÇAMENTOS RECENTES 2021 / 2022 =
[ C221 ] HEAVY METAL ADDICTED – Criminal Ways – CD
[ C225 ] BLACKSULL – Corporate Suicide – CD
[ C228 ] APHOTIC SPECTRE – Væneration – CD Slipcase
[ C230 ] TOMB OF LOVE – Nekropolis – CD Digisleeve
[ C234 ] ???? (PARANOID) – Out Raising Hell – CD + Slipcase Envernizado
[ C239 ] ELECTRIC FUNERAL – Total Funeral – 2CD + Slipcase Envernizado
[ C240 ] CARRASCO – Tormento Eterno – CD + Slipcase
[ C243 ] PUTRID TOMB – Consuming the Diseased + Bonus – CD
[ C246 ] GERM BOMB – Sound of Horns – CD
[ C247 ] GENERICHRIST – Insomniac Death Parade – CD Digipack
[ C248 ] GULAG – Mors Omnia Solvit – CD EP
[ C250 ] HAEMORRHAGE – Emetic Cult – CD Digipack
[ C251 ] CRIMSON TOWER – Aeternal Abyss – CD
[ C252 ] SHINING – IX – Everyone, Everything, Everywhere, Ends – CD
[ C253 ] SHINING – X – Varg utan flock – CD
[ C254 ] TOMBS – Under Sullen Skies – CD
[ C257 ] GOATEN – Crimson Moonlight – CD EP
[ C258 ] ROTTEN SOUND – Abuse to Suffer – CD
[ C259 ] MISERY INDEX – Rituals of Power – CD
[ C260 ] GAAHLS WYRD – The Humming Mountain – CD EP
[ C261 ] PUTRID TOMB – Putrid Tomb – CD Digipack
[ C262 ] CHARRED – Prayers of Malediction – CD Digipack
PRÓXIMOS LANÇAMENTOS 2022 =
[ C263 ] CORPORATE DEATH – Homines in Bestiales Formas – CD
[ C264 ] ESCARNIUM – Through the Depths of the 12th Gate – CD EP
[ C265 ] NUKKE – No More Peace – CD Digipack
[ C266 ] ROTBORN – Genocidal Resolution – CD EP
[ C268 ] PHARMACIST | EXPURGO – Split – CD Digifile
[ C269 ] PROFANATIC LUST – The Cult Ov the Ancient Ones – CD
[ C270 ] VEGAS – …Not Ever – CDr Pro Digifile
[ C272 ] VAZIO / SKID RAID – Quo Mors – CD Digipack + Patch
[ C2?? ] ARCHSPIRE – Bleed the Future – CD Splipcase
[ C2?? ] ARCHSPIRE – Relentless Mutation – CD Splipcase
[ C2?? ] BURIAL TEMPLE – Remainders of Cosmic Demise – CD
[ C2?? ] ESCARNIUM – tba – CD
[ C2?? ] MIDNIGHT NECROTOMB – Full Lenght – CD
[ C2?? ] MORTVS – Anti-Peace Death Kvlt – CD
[ C2?? ] NEKROMANDER – Full Lenght – CD
[ C2?? ] NOMINON – TBA – CD
[ C2?? ] OLD COFFIN SPIRIT – Abigor (Revelations Of The Secrets Of War) – CD
[ C2?? ] WEIRD – Full Lenght – CD
Abaixo pudemos conferir vários lançamentos realizados pela CIANETO DISCOS e compartilhar nossa visão dessa enxurrada de música underground feita com muito suor e trabalho duro.
Na ativa desde 2006, a banda paulista GULAG (Campinas/SP) lançou ano passado esse EP intitulado “Mors Omnia Solvit” que mostra um grupo com os pés fincados em um death metal que investe em brutalidade, mas há também uma boa dose de técnica e variações que enriquecem mais a música dessa dupla. A banda é formada por André Neil (Infamous Glory, Laconist, Queiron) e Michel Belletatti (Hellspawn). Esse material é composto por apenas cinco composições com um certo grau de originalidade dentro de sua proposta. Há elementos do death metal europeu, mas também do death metal tradicional americano, mas apontar influências diretas não é tão fácil. Isso é realmente um enorme ponto a favor dos caras. A primeira música é a faixa título “Mors Omnia Solvit”, uma composição rápida em diversos níveis. Começa direta e tradicional e depois abre espaço para uma bateria mais brutal, evidenciando a qualidade do baterista Michel Belletatti. Os momentos mais trampados fornecem o tempo necessário para o ouvinte ir se habituando com a pegada do GULAG. Há ainda algumas partes onde eles se utilizam de um groove, o que acho que destoa um pouco da música como um todo, mas que não chega a atrapalhar o resultado final. Na sequência temos “Born of Desert Wind & Fire”, com um trabalho excelente das guitarras. Nessa faixa os vocais guturais dividem espaço com outro mais rasgado, criando uma camada dupla de agressão vocal, com resultados bem interessantes e que lembram o Deicide em seus álbuns clássicos. “The Kaspian Sea Monster” é uma faixa mais cadenciada, com paradas e mudanças de rítmos com certa constância. As guitarras nessa música são um destaque à parte. A quarta música é “Genocidal Influencer” e essa música soa mais com aquele death metal americano pesadão e com groove, apesar de se valer do uso de riffs mais carregados em vários momentos e alguns momentos mais agressivos. Gostei muito do solo que aparece próximo ao fim da faixa. Finalizando esse lançamento “Doutrina Dor”, que acaba sendo aquela que mais me agradou, principalmente pelos climas criados entre os riffs e a bateria. É uma faixa mais tradicional e soa realmente poderosa. A. Neil é um guitarrista excelente e essa composição mostra sua criatividade na criação de um death metal contundente. A edição desse EP é limitada em 300 cópias e pode ser adquirida pela Cianeto Discos.
O tracklist do EP conta com as seguintes músicas:
1. Mors Omnia Solvit
2. Born of Desert Wind & Fire
3. The Kaspian Sea Monster
4. Genocidal Influencer
5. Doutrina Dor
Grande death metal feito por esse grupo oriundo de Denton, no Texas. Os americanos do KOMBAT nesse lançamento feito pela Cianeto Discos destilam um metal da morte assassino, que em vários momentos traz aquela atmosfera crua que o Bolt Thrower tinha em seus primeiros trabalhos. Os riffs são inspiradíssimos e tudo gira em torno de uma cozinha absurdamente pesada, vocais guturais vindos do submundo e uma produção sólida. O material lançado em território nacional traz o EP “New Dimensions of Pain”, lançado em 2020 e as faixas do split “Greased then Released”, que foi lançado ano passado e trazia também a banda Torture Tomb.
Impossível não se empolgar com uma faixa de abertura como “50 Caliber´s Call”, que traz uma quantidade assustadoras de grandes riffs e arranjos cheios de energia. É uma música para se agitar, não tenho dúvidas disso. Já “Ripping the Meath from their Bones” é mais bruta, mais rápida e com um trabalho mais ríspido das guitarras, mas não menos dilacerador. Outra com um nível de energia e descontrole é “The Flesh Collector”, que insere um pouco da selvageria do thrash metal em suas linhas de guitarra. Essa acaba sendo uma música que me trouxe à mente um pouco do velho Cannibal Corpse da fase do “Eaten Back to Life”. Há solos de guitarra aqui e eles são excelentes. Mas cadenciada e pesada é “Monument of Flesh” que transborda um feeling antigo e poderoso. Aqui a música descamba para uma rifferama sem limites, com um andamento de bateria que é puro thrash metal violento. Música com alto índice de nervosismo. A próxima é uma Outro e marca o fim da primeira parte do material. “Nipple Belt” e “Conceived in a Dumpster” são as duas composições que o KOMBAT colocou no split co o Torture Tomb e logo de cara a produção sofre uma mudança. O EP tem uma qualidade bem melhor, mas essas duas faixas são mais grotescas e mais cruas. Apenas não gostei mesmo do som da bateria, que tirou muito do peso das músicas. “Nipple Belt” é um belo exemplo de death metal trampado e sujo, com riffs mais cíclicos. Já a última faixa “Conceived in a Dumpster” honra o título e despeja um esgoto a céu aberto pela sua janela. A música é absolutamente pútrida. Difícil até compreender os riffs em sua totalidade. O KOMBAT é uma boa surpresa para quem gosta do death metal mais underground. Como sempre acontece com os lançamentos da Cianeto Discos, o CD é limitado a 300 cópias, portanto, corra e garanta a sua cópia.
Tracklist:
– 50 Caliber´s Call
– Ripping the Meat from their Bones
– The Flesh Collector
– Monument of Flesh
– Outro
– Nipple Belt
– Conceived in a Dumpster
Eu já ouvi o som do BLACK SKULL, mas já faz muito tempo e sinceramente não me recordava em que linha a banda caminhava, mas ao ouvir esse trabalho “Corporate Suicide”, pude constatar que o som não havia chamado a minha atenção. Mas nesse álbum que foi lançado em Novembro do ano passado, a música que pude conferir realmente foi uma grata surpresa. Apesar da banda estar classificada como speed/heavy metal, o som deles me lembrou muito mais uma fudida mistura de thrash metal com crossover e até mais hc mais agressivo e metalizado. Como parâmetro de identificação de estilo, o BLACK SKULL chuta bundas na mesma linha de bandas como S.O.D, At War, GBH, D.R.I. e algo de Slayer em sua fase mais punk. A produção desse material está excelente e a parte artística é muito legal. A arte tem uma pegada de quadrinho de horror que a faz mais interessante. Essa capa é assinada por Daniel Moscardini. Uma das coisas que curti muito foi o vocal do guitarrista/vocalista Fernando Cellarius, que consegue um tom agressivo, mas não tão gutural a ponto de soar como death metal. Me lembrou um pouco o vocal do D.R.I. As músicas que eu achei muito foda são “Be Ready”, “Dirty Authority” parece um pouco com as bandas brazucas do thrash oitentista, algo meio MX na fase do “Simoniacal”. Um trabalho bastante conciso de um dos nomes fortes do metal nacional na atualidade.
1. Corporate Suicide
2. Be Ready
3. Dirty Authority
4. Oppression
5. Human Decay
6. Consulmerist Impulse
7. Proteste ou Espere
8. Nowhere People
9. Screamin’ Loud
O CARRASCO é uma banda pernambucana que vem lançando ótimos materiais desde a sua criação e esse “Tormento Eterno” é um dos melhores, senão o melhor, álbum já lançado pela banda. O thrash metal desses caras se mistura de forma muito natural com elementos mais intensos de sujeira, energia negativa e primitivismo e isso oferece ao ouvinte uma experiência maléfica de audição de um black/thrash/death metal de primeira linha.
A velha guarda do metal brasileiro é absolutamente uma influência da banda e isso transparece em cada música, em cada nota. Influências do velho Sepultura, Dorsal Atlântica, Vulcano, Mutilator e Attômica, além de toques do velho Hellhammer e Celtic Frost. Com influências assim e músicos de qualidade impecável, “Tormento Eterno” é um álbum para se manter na playlist por um bom tempo. A produção é bem orgânica e crua e até nisso se aproxima das velhas gravações, o que cria um clima nostálgico na audição. O álbum é curto e direto, o que é muito bom. As músicas são aqui no tamanho exato para deixar tudo em seu devido lugar, com momentos mais rápidos, outros mais pesados e alguns até mesmo soando quase punk. As músicas que destacaria são: “Tormento Eterno” (faixa de abertura que já chega arregançando tudo com riffs muito fodas), o evil speed metal de “Leviatã” é puro Vulcano e uma música para partir crânios, “Ritual” é um golpe na nuca. Música nuclear. Os sinos de “Sinos do Apocalipse” antecipam uma faixa suja e maléfica. Acho que essa é uma das mais devastadoras do álbum. É brutal e tem um obscuro feeling. O velho Exodus de “Bonded by Blood” é honrado pela faixa “Anjos Caídos” em vários momentos com riffs certeiros. A última faixa é intitulada “O Sarcófago” e é um black thrash com uma rifferama muito boa, algo que é comum a praticamente todas as faixas. O CARRASCO não errou nesse álbum e lançou uma grande obra metálica. O material está disponível, então não deixe de adquirir esse novo lançamento dos caras.
1. Tormento Eterno
2. Leviatã
3. O Feiticeiro
4. Morte Bestial
5. Cova
6. Ritual
7. Sinos do Apocalipse
8. Anjos Decaídos
9. O Morto em Vida
10. O Sarcófago
Essa dupla de maníacos homicidas é uma verdadeira formação de quadrilha oriunda da cidade de Taubaté, em São Paulo. O BOLOR foi formado em 2019 e nesse terceiro lançamento oficial – os outros dois foram a demo 2019, o split “Stench of Deforned Carcass”, também de 2019 – destilam um goregrind totalmente pútrido e carregado de impressões digitais deixadas pelos criminosos que ilustram essas quatorze curtas, mas totalmente insanas composições. Todas as músicas tem algo a dizer sobre casos policiais brasileiros que foram destaque na história de nosso país, sempre envolvente indivíduos totalmente perturbados, quando não com perfil de serial killers. As composições se calcam em influências muito diretas do mundo do goregrind musical, inclusive com algumas sendo coverizadas no final desse EP, tai como “Corporações Macabras”, do Bixera, “Embryonic Necrophagous”, do Disgorge Foetus e “Boneyard”, do Impetigo. A gravação está ok, apesar de ter ficado muito incomodado com o som da bateria, que carece totalmente de peso. Fora isso “Psicopatia e Crimes Hediondos” é um lançamento que mostra uma banda muito à vontade com sua sonoridade. São pouco mais de 25 minutos de muita violência musical, criminosos retratados em sua homicida carrei. As faixas que compõem o material são:
1. Intro 01:02
2. Assassinato à marretadas
3. Maníaco do parque
4. Eugênio Chipkevitch
5. O atirador do shopping
6. Champinha
7. Emasculados pt. I (Caso maranhão)
8. Emasculados pt. II ( Caso altamira)
9. Os necrófilos de Nova Friburgo
10. Prelúdio + amputação
11. Corporações macabras (Bixera cover)
12. Embryonic Necrophagous (Disgorged Foetus cover)
13. Boneyard (Impetigo cover)
14. Epílogo
Lançamento como esse sempre se transformam em uma maneira eficientíssima de guardar para a posteridade a memória de um estilo, de um momento da música. Esse CD duplo cumpre esse papel ao compilar toda a discografia da one-man band sueca. Um punk/noise/crust totalmente underground e conectado com o subterrâneo da música marginal. o ELECTRIC FUNERAL vomita um paredão de imundície distorcida que te agride sem dó durante toda a audição das mais de quarenta faixas que compõe esse material. Não há espaço para nada limpo aqui. A sujeira comanda e o que Jocke D-Takt cria em toda a sua obra é algo realmente digno de nota. Não é necessário comentar música a música desse material, já que todas são conectadas por uma abordagem absolutamente raivosa e imunda. Bandas como Paranoid, Desperat, Warvictims, Total Jävla Mörker e várias outras são uma fonte de inspiração já que foram passos na própria trajetória do músico e que moldaram essa pegada sólida. O ELECTRIC FUNERAL engana totalmente o ouvinte que pega o lançamento brasileiro. Você ao pegar o material se pega pensando se tratar de um grupo de stoner ou algo assim, mas ao dar o play no disco, tudo vem abaixo de forma desastrosa. Isso é o punk/noise em sua melhor roupagem. Se você aprecia grupos como Disclose, Krömosom, Mauser, entre outras, o ELECTRIC FUNERAL é definitivamente uma banda para você, ou melhor, para todos nós, já que isso aqui é bom demais.
Citar músicas em destaque é impossível. Ouça os dois cds e se prepare para uma experiência esmagadora.
TRACK LIST:
“DISC 1”
01.HELLISH AFTERWORLD
02.END OF ALL LIFE
03.NEXT GENERATION
04.BOMB RAID
05.D-BEAT NOISE ATTACK
06.EQUAL SLAVES
07.DESTROY AND REBUILD
08.FIGHT BACK
09.WAR FACE
10.CONSUMING SHIT
11.RAPED SYSTEM
12.SELLING DEATH
13.MAKE A CHANGE
14.NIGHTMARES
15.HUMAN ERROR
16.WAKE UP AND REACT
17.DISTORTION OF SENSE
18.WINTER IN THE NORTH
19..NO MASTERS, NO GODS
20.NEVER GIVE UP
21.KILLERS
22.AS THE WORLD DISAPPEARS
23.CRASH THE POSE
24.RAISED ON (PUNK) ROCK
25.REALITIES OF HELL
26.TERROR, PAIN AND SORROW
27.STAGNATION MEANS DEATH
28.DIE / HATE / CRY
“DISC 2”
01.VOID OF LIFE
02.ABANDON BY HOPE
03.WHAT IS REAL?
04.ORDER FROM DISORDER
05.REWIND/ERASE
06.QUEEN (AMONG ANGELS)
07.MAKE NOISE NOT WAR
08.UP THE NATURE
09.WORLDWIDE GENOCIDE
10.CHEMICAL LOBOTOMY
11.WHERE THE SUN NEVER SHINES
12.YOUR PRAY TO NOTHING
13.I AM THE DEAD
14.F.O.A.D.
15.YOU’RE NEXT
16.SCORCHED EARTH
17.HAUNTED BY GHOSTS
18.THE TRUTH
19.WAR IS HELL
20.SHUT DOWN
21.POISONED MIND
22.NEVER OBEY
23.DEATH MARCH
24.REVENGE
25.THE FACE OF WAR
O HEAVY METAL ADDICTED é um grupo oriundo do estado de Pernambuco que foi criado em 2017 e no ano passado lançou o seu debut álbum “Criminal Ways”, que tenho aqui em mãos em versão lançada pela gravadora Cianeto Discos. O HMA não está preocupado em reinventar a roda. O negócio desse power trio é mandar tudo ao inferno com um speed/thrash/heavy metal com letras mais obscuras. Há uma atmosfera absolutamente nostálgica em torno das oito músicas do álbum. O metal brasileiro acaba sendo um elemento de influência bastante significativo, mas há bastante também do som de bandas como o Razor canadense, principalmente nas partes de guitarra. Ouça a faixa título “Criminal Ways” e você pode perceber essa pegada, que é realmente muito fudida. Como não poderia deixar de ser em uma banda com essa sonoridade, a sujeira e energias do punk e harcore se fazem presentes o tempo todo, dotando as composições do HEAVY METAL ADDICTED de uma baita pegada. Uma das minhas faixas preferidas é “It is Your Time to Say Goodbye”, que soa bem Venom e Motorhead. A pancadaria ao vivo deve certamente ter como trilha sonora a agressiva e rápida “Fuck the Cops (A.C.A.B.)”. Mais cadenciada, mas mantendo o discurso afiado vem “NS is good only under the ground”, uma música que do ponto de vista instrumental possue muito do velho Onslaught. Apesar da proposta interessante, a faixa que considero mais fraca é “One More Road, One More Fight (Satanic Blues Session)”. Totalmente desconectada do restante do álbum. A instrumental acústica “Cursed Accoustic Notes” fecha o álbum. No geral “Criminal Ways” funciona bem, mas peca nas intros e instrumentais. Quando foca apenas na sua música a coisa realmente funciona. Um bom trabalho apesar disso.
1. (We’re) Heavy Metal Addicted
2. Criminal Ways
3. It’s Your Time to Say Goodbye
4. Outlaws
5. Fuck the Cop’s (A.C.A.B)
6. NS Is Good Only Under the Ground
7. One More Road, One More Fight (Satanic Blues Session)
8. Cursed Accoustic Notes
CRIMSON TOWER é um nome que pode se tornar bastante recorrente na cena pesada nacional. Primeiramente porque são extremamente competentes naquilo que fazer e segundo com influências como Solstice (Inglaterra), Pagan Altar, Count Raven e outros nomes do doom heavy mundial, esse grupo de São José dos Campos vai firmar seu nome na cena nacional com peso e qualidade de sobras. A banda se chamava Eternal Abyss, mas desde o ano passado adotou o nome CRIMSON TOWER e fez o lançamento desse álbum intitulado “Aeternal Abyss”. A sonoridade da banda é mais obscura e isso me agradou muito. Muitas bandas que seguem ese estilo acabam soando mais “alegres”, mas esses caras seguiram estradas mais dark, mas épicas em vários momentos. Um bom exemplo disso está na música “Sacrificial Witch”. Uma outra faixa que segue a mesma lógica é a poderosa “Witching Me”, que me lembrou um pouco o instrumental do Solitude Aeturnus, mas mais obscuro. A faixa “Candelabrum” se destaca com um riffão poderoso. O vocal na faixa “World War III” realmente é muito fudido e com um alcance respeitável. A arte desse material é muito legal, mas o único ponto negativo acabou sendo a qualidade da gravação que em alguns momentos fica a desejar. As três últimas músicas tem uma qualidade melhor, mas os vocais são diferentes e sinceramente não gostei nem um pouco. As músicas são da primeira demo tape do grupo. Um trabalho que irá agradar em cheio aos fãs do heavy doom metal.
TRACK LIST:
1. Eternal Abyss
2. Sacrificial Witch
3. Witching Me
4. She’s Dying Away from Me
5. Candelabrum
6. World War III
Bonus: First Demo
7. Eternal Abyss
8. Sacrificial Witch
9. Witching Me
Lançado originalmente em 2020, “Out Raging Hell” é o terceiro álbum oficial dessa banda sueca que executa um competentíssimo heavy metal/punk/d-beat. O nome do grupo em japonês significa PARANOID e o que você ouve em todo o álbum é uma sequência matadora do mais puro metal punk possível.
Impossível não bater o pé ou a cabeça ouvindo isso aqui. Há uma veia rock ´n roll violenta em cada faixa aqui. A isso se une a selvageria do speed metal e o nervosismo do punk/hardcore. O resultado é explosivo. “Mada Minu Yuutopia” é uma faixa perfeita para o ouvinte confirmar cada uma dessas características. Isso é nitroglicerina pura. Outra granda música é “Hikari No Yakata”. Mais cadenciada, mas com uma linha de guitarra avassaladora. Não dá para ignorar um riff principal como esse. O mundo vem abaixo com a rifferama destilada em “Yogoreta Shihaisya”, uma faixa rápida, curta e grossa. O Celtic Frost/Hellhammer se faz presente na sonoridade da fudida “Minagoroshi”, que é a faixa que implodiu meus tímpanos. Que música foda. Todo o álbum é realmente muito bom. A gravação é pesada e clara e tudo soa matador. Um lançamento nacional que realmente é necessário se você aprecia essa linha de som. A banda já conta com outro álbum de estúdio intitulado “Cursed” e foi lançado lá fora no ano passado. Espero que ele também seja lançado por aqui, pois o PARANOID é uma banda a ser acompanhada.
1. 晦冥勢力 (Kaimei Seiryoku)
2. 機械仕掛けの殺戮者 (Kikaijikake no Satsurikusya)
3. まだ見ぬユートピア (Mada Minu Yuutopia)
4. 光の館 (Hikari no Yakata)
5. 墓場の目 (Hakaba no Me)
6. 闇夜の火炎 (Yamiyo no Kaen)
7. 汚れた支配者 (Yogoreta Shihaisya)
8. 狂気の端 (Kyoki no Hashi)
9. 皆殺し (Minagoroshi)
10. 地獄の軍勢 (Jigoku no Gunzei)
“Subservient Consaguinity” é o debut álbum do grupo paulista GULAG, que conta com Juliano Bernardes (baixo), Paulo Mercadante (bateria – Spell Forest/Evokers/Life is Just a Lie/Inerthe) e André Neil (guitarra e vocal – Infamous Glory/Fossilization/Laconist/Queiron, etc). Esse material foi originalmente lançado em 2018 e agora em 2021 recebeu uma nova versão lançada pela Cianeto Discos. Já resenhei o novo EP da banda intitulado “Mors Omnia Solvit” e me impressionou a qualidade do som da banda, qualidade essa que se deve ao talento inegável do guitarrista André Neil. Esse álbum aqui impressiona pela excelente produção que permite perceber o som do GULAG em seus mínimos detalhes. O trabalho de guitarras é primoroso e é muito fácil perceber uma séries de influências que o música e a banda acabar por ter em sua essência. Bandas como Carcass, Suffocation, linhas mais melódicas do black metal, solos de guitarra realmente excelentes. O GULAG consegue entregar nesse material um death metal variado e pesadíssimo. Há uma boa dose de complexidade em vários momentos, como na bruta “Leprosarium”. Com uma linha de guitarra até mais moderna vem “Holodomorian Inebriation”. Os vocais nessa faixa são absolutamente das cavernas e tudo explode em intensidade. Grande faixa e uma pegada meio Cannibal Corpse em vários momentos. “Necrogeny” tem um início quebrado que me lembrou as peripécias do Messhuggah. Muita gente torce o nariz, mas quando feito de forma eficiente tem um impacto grande na percepção auditiva. A música não é apenas isso e cresce em intensidade aos ouvidos de quem está apreciando o álbum. A faixa mais complexa e diferente é exatamente a música título “Subservient Consanguinity”, o que não necessariamente implica em uma música de menor qualidade. Aqui o GULAG ganha uma roupagem mais técnica e se permite ousar em vários arranjos. Comparando com o EP mais recente, esse debut álbum é mais consigo, mais homogêneo em termos de estruturas, ainda que as músicas não se permitam apenas ser uma continuação natural uma das outras. Um excelente primeiro passo.
-Hopeless Inevitability
-Leprosarium
-Mountains of Melting Flesh
-Holodomorian Inebriation
-Plurals of the Void
-Necrogeny
-Subservient Consanguinity
-The Cry of Duga3
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