Entrevistas

CEMETERY FILTH – Death Metal verdadeiro e sem concessões, do sudeste dos EUA para o mundo.

A líder Maddie Kilpatrick nos falou sobre as batalhas da banda, inspirações, o grandioso álbum “Dominion” e seu amor incondicional pelo Death Metal da velha escola.

Olá Maddie, eu primeiramente gostaria de te dar as boas-vindas ao The Old Coffin Spirit Zine / Portal. Você poderia, por favor, nos contar um pouco sobre a história do CEMETERY FILTH?

Maddie: Olá Daniel, obrigada pela oportunidade! O CEMETERY FILTH teve início quando eu conheci o nosso antigo baixista “Neal”, por intermédio de um amigo em Atlanta que tinha gravado e tocado num show com a outra banda do “Neal”, a MANIC SCUM. O “David” sugeriu que eu tentasse contato com ele, uma vez que eu estava vivendo na Carolina do Norte na época, e ele não estava tão longe, no estado do Tennessee. Nós começamos a trocar ideias, e percebemos que tínhamos o mesmo objetivo – começar uma banda que servisse como um catalisador para o nosso amor pelo Death Metal. O “Neal” também tinha conversado com nosso guitarrista “Ryan”, e o baterista dele para o MANIC SCUM, “Jonah”. Decidimos nos encontrar na casa do “Jonah” e começamos a tocar juntos. A liga entre nós foi instantânea, e escrevemos metade do EP “Screams From The Catacombs” durante aquela primeira jam. A conexão foi muito natural, e dali em diante, começou o CEMETERY FILTH. Com o tempo, nós vivenciamos algumas mudanças de lineup. Nosso atual baixista, “Devin Kelley”, começou como guitarrista e eu passei para a função exclusiva de vocalista na banda. Nos despedimos do “Neal” em 2015 devido à incompatibilidade de objetivos, e o “Devin” passou ao baixo, nos dando a potência que a banda necessitava. Eu me mudei de volta para Atlanta, na Geórgia, e por meio de alguns ajustes, permanecemos mais ativos na medida do possível, fazendo shows, tocando em festivais e escrevendo quando havia a chance. Nós eventualmente nos separamos do “Jonah” também, desejando a ele tudo de melhor.

O lineup atual tem “Maddie Kilpatrick” como a líder (guitarras e vocais), “Ryan Guinn” na Guitarra, “Devin Kelley” no baixo e “Chris McDonald” na bateria. Soa como um grupo definitivamente coeso, podemos considerá-lo consolidado para o futuro próximo?

Maddie: Eu diria que nós definitivamente somos mais fortes do que nunca, e eu certamente espero que esse lineup prossiga adiante.

“Maddie” e “Ryan” são ambos membros fundadores e líderes da banda. Vocês também são os principais compositores? Quanto às letras, você é a principal escritora?

Maddie: O “Ryan” e eu somos os líderes da banda, e também escrevemos a maioria das músicas. O “Devin” também contribuiu com alguns riffs, e tem sido um grande aliado quando o assunto é o arranjo das músicas. Nós sempre encorajamos nossos bateristas a adicionarem seus toques pessoais e ideias às suas partes. Eu fico encarregada de todas as letras e melodias vocais porque, sendo bem franca, eu tenho dificuldades para me lembrar das letras de outras pessoas – deve ter alguma coisa a ver com a coisa da familiaridade com o meu próprio vocabulário.  

Os membros têm vivido em quatro estados diferentes na região Sudeste dos Estados Unidos. Como essa distância afeta o seu trabalho enquanto banda?

Maddie: A distância tem sido uma batalha constante para nós, mesmo no começo. Quando eu estava morando na Carolina do Norte, eu dirigia quase duas horas para chegar ao ensaio, e o “Ryan” e o “Neal” tinham as suas próprias jornadas para chegar a Johnson City, no Tennessee. Nós estamos, agora, mais longes uns dos outros que nunca, comigo na Geórgia, o “Ryan” no Tennessee, o “Devin” na Flórida e o “Chris” no Alabama. Todos nós somos indivíduos da classe trabalhadora, e encontrar tempo para viajar pode ser bem complicado às vezes…. mas nós fazemos acontecer quando podemos, e estamos felizes pelo tempo que temos juntos. A pandemia foi extra dura conosco, mas não será o fim do CEMETERY FILTH.

“Dominion” é o primeiro álbum completo de estúdio da banda, lançado em abril de 2020. Ele foi, com toda certeza, um dos lançamentos mais fortes de Death Metal. Vocês estão felizes com a recepção do álbum mundo afora?

Maddie: Obrigada, nós somos muito agradecidos pelos elogios e atenção que ele recebeu. Mas eu estaria mentindo, se dissesse que as minhas expectativas em termos de recepção foram completamente atendidas. Nós demos um baita azar, e o álbum foi lançado bem quando os lockdowns da pandemia começaram aqui nos EUA. Nós não pudemos tocar nosso show de lançamento, não pudemos fazer turnê… isso nos deixou com uma sensação de que ficou faltando muito, de certa forma. Também acredito que o caos mundial na época criou algumas interferências com a proliferação do álbum mundo afora, via boca a boca e compartilhamento digital. No fim das contas, somos gratos pelos elogios que recebemos, e esperamos que o álbum não seja completamente esquecido. Mas sabemos que fizemos um grande álbum, e somos orgulhosos dele. Espero que nossos fãs, e os novos fãs, achem ele divertido por muitos anos à frente.

Como foi entrar no estúdio “The Soul Asylum” e finalmente gravar o “Dominion”? Quais foram os principais desafios durante o processo?

Maddie: Foi uma grande experiência, tudo parecia “certo”. Nós nunca havíamos ensaiado e feito o “tracking” em um estúdio de verdade antes, então aquilo tornou a experiência ainda mais “real”. O maior desafio foi o prazo disponível, mas prevalecemos. Tínhamos dois dias no estúdio como banda completa para gravar o álbum. Para mim, particularmente, isso incluiu todas as minhas partes das guitarras rítmicas, os solos de guitarra, e os vocais. O “Ryan” conseguiu finalizar as partes dele depois que os dois dias iniciais terminaram, porque ele morava mais perto do estúdio.

Os riffs soam gigantescos ao longo de todo o disco. Como você e o “Ryan” normalmente trabalham trazendo esses monstros à vida?

Maddie: Valeu! Nós normalmente apenas escrevemos o que acaba nos ocorrendo naturalmente. Algumas vezes, pra mim, é quando eu estou ouvindo música, e alguma parte legal, ou ideia, me inspiram. Outras vezes, eu estou sentada tocando guitarra, e algo legal me ocorre. Acredito que com o “Ryan” seja da mesma forma. Infelizmente, parece que os “grandes riffs” só aparecem na minha cabeça quando eu não tenho acesso a uma guitarra. Eu costumo tentar cantarolar o riff no gravador do meu celular, mas as ideias só se traduzem fielmente em aproximadamente metade das vezes.

O baterista “Chris McDonald” foi a adição mais recente ao lineup, e o trabalho dele soa realmente sólido no disco. Como vocês chegaram até ele?

Maddie: O “Chris McDonald” juntou-se a nós em 2018, e trouxe uma pegada diferente e mais precisa. A percussão dele é afiada e meticulosa, soando quase que como uma máquina de guerra. Nosso primeiro show em 2014 foi com o projeto mais duradouro dele, o ECTOVOID, e eu tive a oportunidade de conhecê-lo melhor, já que aquela banda, além de outras, tocavam com frequência em Atlanta, e eu sempre tentava comparecer aos shows deles. Nós sempre amamos o estilo dele, e o consideramos um grande amigo, então a contratação dele realmente nos pareceu correta.

O álbum foi lançado há pouco mais de um ano agora. Você tem uma faixa preferida? A minha é a épica faixa título… eu amo as mudanças de ritmo, os riffs doentios e os solos, o som marcante do baixo, são oito minutos da mais pura extravagância Death Metal!

Maddie: “Ooof!” Pergunta difícil! Eu provavelmente escolheria ou “Festering Vacuity” ou “Churning of the Shallows” como a minha preferida. “Festering” é uma favorita porque foi a primeira música que eu escrevi completamente sozinha. “Churning” é uma segunda colocada muito próxima, apenas porque eu amo as diferentes partes daquela música, e também curto de verdade os solos.

O “Dominion” soa atual, e ao mesmo tempo há uma puta vibração old school nele. Quais são as suas influências fundamentais quando você está criando música?

Maddie: Não há uma banda particularmente influencial para nós, mas muitas pessoas acham que estamos tentando ser clones do MORBID ANGEL ou DEATH – Nós não estamos. Essas duas bandas são grandes influências? Certamente. E faz sentido que um ouvinte possa perceber isso na nossa música. Eles têm sido duas das minhas bandas favoritas por metade da minha vida. Mas eu não procuro canalizar intencionalmente a influência deles para dentro da minha própria música. Minha crença pessoal é de que os melhores músicos são aqueles que estudam a música que eles amam, não de forma rigorosa, mas ao longo do tempo e a adorando como fãs obstinados. E aquelas influências aparecem naturalmente enquanto eles escrevem o seu próprio material. Há partes do nosso álbum que são igualmente influenciadas por bandas como MERCYFUL FATE e METAL CHURCH.

Como você enxerga o estado atual do Death Metal como gênero?

Maddie: Isso meio que se conecta com a pergunta anterior, pra mim, já que eu acredito que a maioria das bandas de “Death Metal” que vêm recebendo um monte de HYPE e atenção atualmente não é realmente de fãs antigos de Death Metal. Eles são garotos mais jovens, e boa parte deles parece estar ainda conhecendo o Death Metal. Com certeza, a internet de hoje em dia permite a esses caras ter acesso a toneladas de discos que eu levei anos pra encontrar e curtir. Mas “Roma não foi construída em um dia”… Você não pode ouvir Death Metal por alguns meses e achar que você sabe como fazer algo grandioso, de qualidade e original. As letras da música “Dominion” abordam isso… Eu estou tão exausta de todos os falsos invadindo a cena e a empesteando com obras e tendências ilegítimas. Algumas pessoas jogam isso de volta na minha cara dizendo “Você está apenas com ciúmes, porque a sua banda não está recebendo a mesma atenção”… para o qual eu pergunto… “Quem caralhos entrou no Death Metal para torná-lo grande”? Esse conceito todo é estúpido pra mim.

O “Unspeakable Axe Records” é um selo matador de Metal Extremo, eu estou sempre dizendo às pessoas para ficarem de olho nos lançamentos deles. Como tem sido a parceria com o CEMETERY FILTH até aqui?   

Maddie: A “Unspeakable Axe Records” tem sido muito boa para nós. Nós conhecemos o “Eric”, proprietário do selo, naquele nosso primeiro show que tocamos em 2014 – Um festival underground malsucedido de Death Metal chamado “Mountains of Madness”. Ele pareceu ter curtido o nosso show, e eu escrevi uma carta a ele com uma cópia do CDR do EP “Screams From The Catacombs” que eu fiz para o show. Ele comprou a ideia instantaneamente, e desde então tem sido muito paciente e solidário com nossa música e conosco como indivíduos. Ele é um amigo de verdade!

Há planos para lançamentos futuros? A pergunta é inevitável depois de um álbum de estreia tão classudo.

Maddie: Nós pretendemos, com certeza, continuar escrevendo e lançando material conforme possível. Como eu mencionei anteriormente, somos uma banda da classe trabalhadora, e estamos separados pela distância. Isso torna o nosso progresso mais lento que nunca, mas nós não desapareceremos nunca – ao menos eu espero que não!

Atlanta na Geórgia é o quartel general da banda. A cidade parece ser um ponto efervescente, sempre dando vida a novas e boas bandas de Death Metal. Você nos recomendaria alguns nomes locais, aqueles que deveríamos conferir?

Maddie: O underground de Atlanta está em mudança constante. Há sempre muita coisa rolando. Eu teria que dizer que a minha banda nova favorita de Death Metal é a METAPHOBIC – eles são meio que um “supergrupo”, de certa forma, e tem membros da MALFORMOTY, CESSPOOL, da banda de Thrash SADISTIC RITUAL, e da banda de Power Metal PALADIN. Essas bandas são foda também. A cena daqui é muito diversa.

Quais músicos e/ou bandas te levaram a criar música lá no seu início? Que idade você tinha quando você começou a tocar guitarra e compor?

Maddie: Desde que eu me lembro, eu sempre quis tocar guitarra e ser uma “roqueira”. Eu queria tentar a aprender um instrumento na escola secundária, e meus pais acharam que a banda escolar seria uma boa forma de experimentar. O professor da banda, infelizmente, me disse que não havia vaga disponível para guitarrista, mas me ofereceu uma vaga como baixista. Eu não sabia qual era a diferença na época, então eu concordei e comecei a tocar baixo na banda de jazz da escola. Era divertido, mas eu me sentia vazia…algo estava faltando. Continuei tentando a aprender linhas de baixo com a música que eu ouvia – coisas como BLACK SABBATH e IRON MAIDEN. Mas mesmo isso não me parecia certo. Eu meio que deixei o instrumento de lado e parei de perseguir a música por alguns anos.  Quando eu atingi os quinze anos, eu estava curtindo estilos mais extremos, e a banda DEATH estava revolucionando a forma como eu ouvia e compreendia música. O estilo de tocar guitarra do “Chuck Schuldiner” revigorou a minha esperança perdida de tocar música. Convenci meus pais a me comprarem uma “B.C. Rich Warlock” super barata (provavelmente feita de madeira compensada), a levei pra casa e instantaneamente comecei a aprender sozinha a tocar riffs de SLAYER, DEATH e MEGADETH. Aquilo me soou CERTO. Eu tinha encontrado o meu instrumento e a minha paixão era maior que nunca em escrever Heavy Metal Extremo.

Por favor, mencione alguns dos seus álbuns preferidos de todos os tempos:

Maddie: Eu vou tentar mencionar apenas um por artista (gargalhadas) – “Altars of Madness” do MORBID ANGEL; “Spiritual Healing” do DEATH; “Killing is My Business… And Business is Good!” do MEGADETH; “Hell Awaits” do SLAYER; “Heaven & Hell” do BLACK SABBATH; “Fighting” do THIN LIZZY; “Screaming for Vengeance” do JUDAS PRIEST; “Ride The Lightning” do METALLICA; “Iron Maiden” do IRON MAIDEN; “Bark At The Moon” do OZZY OSBOURNE; “Don’t Break The Oath” do MERCYFUL FATE; “Schizophrenia” do SEPULTURA; “Harmony Corruption” do NAPALM DEATH; “Consvming Impvlse” do PESTILENCE; “Severed Survival” do AUTOPSY; “Effigy of the Forgotten” do SUFFOCATION; “Eroded Thoughts” do MORGUE; “Focus” do CYNIC; “Unquestionable Presence” do ATHEIST; “Saint Vitus” do SAINT VITUS; “Be Forewarned” do PENTAGRAM; “Early Works Compilation” do CHURCH OF MISERY; “Second Helping” do LYNYRD SKYNYRD; “Stand Up” do JETHRO TULL;  “Volcanic Rock” do BUFFALO; “Hotter Than Hell” do KISS; “Moanin’” do ART BLAKEY & THE JAZZ MESSENGERS; “Ascenseur pour l’echafaud” do MILES DAVIS. O álbum ainda não foi lançado, mas eu posso te dizer que o próximo disco do CHURCH OF DISGUST, “Weak is the Flesh” será matador. Eu ouvi a demo bruta com as faixas (porque eu sou uma vadia sortuda) e já posso afirmar que esse álbum será um dos meus favoritos de todos os tempos. Eu curto todos os tipos de coisa, e procuro tirar influências de todo lugar. Acredito que seja dessa forma que você mantém um gênero longe de se tornar morto e chato.

Você conhece bandas de Metal Brasileiras? Em caso positivo, quais são suas favoritas?

Maddie: Estou com vergonha por ter que admitir que eu não conheço muitas bandas modernas Brasileiras. Eu adoraria conhecer mais sobre a cena underground atual. Como mencionei acima, eu amo o SEPULTURA dos primórdios – Qual fã de Metal Extremo não ama? SARCÓFAGO, porém, sempre foi uma banda que não me impactou corretamente. Essas sempre foras as duas maiores bandas com as quais eu tive contato do poderoso Brasil. 

As coisas parecem estar começando a melhorar nos Estados Unidos, com relação à pandemia da COVID. Vocês estão pensando em entrar em turnê? Isso com certeza foi um problema quando o “Dominion” foi lançado.

Maddie: As coisas estavam parecendo melhores, mas elas estão definitivamente começando a ficar preocupantes de novo. Nós adoraríamos sair em turnê, mas infelizmente qualquer viagem terá que aguardar até o verão de 2022, já que o “Ryan” é professor em uma escola, e o calendário o permite sair em turnês apenas nas férias de verão dele. Eu certamente espero que as turnês sejam algo seguro de se fazer quando a gente atingir o próximo verão (ou, imagino, o seu inverno).

Você possui algum outro projeto musical rolando?

Maddie: De fato, eu tenho! Durante a pandemia, eu pude começar um projeto que eu tinha em mente há muito tempo. Eu queria resumir o meu amor por todos os tipos de música em uma banda de Doom Metal de estilo “tradicional” americano. Especificamente focada nas bandas do estilo de Baltimore / Washington DC que eram parte da lendária “Hellhound Records” durante os anos 90 (bandas como PENTAGRAM, THE OBSESSED, UNORTHODOX, etc.). Eu tenho amado essas coisas por muitos anos, e cheguei a tentar uma banda nesse estilo mais ou menos dez anos atrás. A banda tornou-se a OUTRIDER, e nós honestamente nos desviamos daquele objetivo inicial em relação ao nosso som. Eu não tenho problemas quanto a isso, porque acredito que a mistura de estilos que incorporamos à nossa música é muito legal. Eu definitivamente ainda coloco as minhas próprias influências de Doom Metal americano no projeto, mas temos tido todo tipo de outras influências rolando; THIN LIZZY, SKYNYRD, KING CRIMSON, etc. – É divertido ter um projeto que seja um pouco mais “Vale Tudo”. 

Eu sei que você tem uma história muito interessante envolvendo o falecido “Richard Brunelle”, lendário guitarrista do MORBID ANGEL dos primórdios, que gravou os clássicos dois primeiros discos deles. Você poderia, por favor, compartilhar essa história com nossos leitores?

Maddie: Não é nada tão louco. Eu queria tê-lo conhecido pessoalmente… mas o nosso querido amigo “Dustin”, do CHURCH OF DISGUST, de fato conectou-se ao “Richard” em Tampa, Flórida, alguns anos atrás, e conseguiu deixá-lo interessado novamente em guitarra, a ponto dele tentar e formar uma nova banda. O “Richard” lançou uma amostra conceituada do projeto solo dele um pouco antes da morte dele, mas o projeto com o “Dustin” estava destinado a ser uma verdadeira reintrodução no Death Metal para a lenda do MORBID ANGEL. Na época, o “Richard” tinha apenas uma única guitarra que não era das melhores, e uma à qual ele não parecia particularmente apegado. Coincidentemente, nosso guitarrista “Ryan” estava vendendo uma “B.C. Rich Warlock” (bem parecida com a Warlock que o Richard costumava tocar nos dias clássicos de MORBID ANGEL)… e subitamente uma ideia pipocou na minha cabeça. Eu combinei com “Dustin” e “Ryan” de nos juntarmos e doarmos a guitarra ao “Richard”. O “Ryan” a embalou e enviou ao “Dustin”, e ele colocou uma tonelada de esforços para deixá-la como nova, da melhor forma possível e imaginável. Eu ajudei a financiar a ideia, e a disposição graciosa do “Ryan” em renunciar à guitarra e entregá-la a uma das nossas influências foi um exemplo mais que perfeito do tamanho do coração dele, e quão grande realmente são a paixão e o entusiasmo dele pela música que amamos. Quando o “Dustin” entregou a guitarra ao “Richard”, ele ficou maravilhado e surpreso. Ele disse que não podia acreditar que alguém pudesse fazer algo do tipo por ele – especialmente pessoas que ele não conhecia pessoalmente. Ele ficou pasmo por ter fãs que igualmente amavam a música dele, e acreditavam nele como artista a ponto de ajudá-lo a conseguir uma guitarra que o faria sentir-se mais “em casa”. Nós apenas quisemos ajudá-lo a redescobrir o próprio amor por criar e tocar música. Nós perdemos o “Richard” menos de um ano depois disso. Foi um golpe duro para todos nós, e pensamos nele constantemente. Dedicamos o álbum à memória dele, e à de alguns outros amigos. Ele era um cara e tanto, e enquanto ele enfrentava alguns dos seus próprios demônios na vida, ele realmente marchou para fora do desespero e trabalhou duro para começar a curtir a vida de novo. Foi trágico que ele não tenha sido capaz de ver onde isso o levaria. E igualmente trágico que nunca pudemos ouvir o projeto de Death Metal dele e do “Dustin” tomar forma completa. E pessoalmente trágico para mim, por não o ter conhecido e agradecido pela influência. Descanse em paz, “Richard”, nós sentimos a sua falta, e te agradecemos pelo seu trabalho imortal, conduzindo o Heavy Metal à insanidade do Death Metal.  

Muito obrigado pelo seu tempo, Maddie. Nós esperamos ouvir mais do CEMETERY FILTH o quanto antes. Sinta-se à vontade para deixar uma mensagem aos nossos leitores, que estão passando a conhecer a sua arte. O espaço é seu:

Maddie: Obrigada, Daniel! Foi um prazer absoluto. Grandes saudações, e amor impregnado de imundície aos nossos fãs em todo o mundo – àqueles que têm nos apoiado por anos, e àqueles novos fãs que estão descobrindo a nossa música. Nós continuaremos a oferecer a vocês metal extremo que não seja comprometido por tendências ou modinhas.

“Death by Metal, Riffs Forever <3”

Related posts

FLESH GRINDER – A imundície nunca para

Fábio Brayner

BATTALION – “Não queremos inovar o metal ou criar um novo estilo.”

Fábio Brayner

BATTALION – Uma tempestade metálica se forma no Sul do Brasil

Walter Bacckus