Falar do “Schizophrenia” é algo que me traz memórias incríveis de um passado que não volta mais. Quando o Sepultura lançou esse álbum e o próximo, o imbatível “Beneath the Remains”, eu realmente percebi que esses caras eram a maior banda nacional e que haviam lançado clássicos que sobreviveriam ao teste do tempo.
Não estava errado de forma alguma. Ambos os álbuns são clássicos absolutos e nunca mais o mundo veria o Sepultura lançando algo tão visceral e poderoso. “Arise” é até hoje um grande álbum, mas para mim esses dois álbuns são o ápice da agressividade e criatividade do velho Sepultura.
Deixando de lado qualquer polêmica gagá sobre a relevância ou não de se regravar um clássico, eu adorei todas as regravações que a banda fez nesse ano. De forma alguma Max e Igor apagam o pioneirismo de suas versões originais. Quem fala algo como isso realmente está delirando em torno de um radicalismo infantil e fora da realidade.
O que foi feito, está feito. As regravações proporcionaram trazer aqueles álbuns para o presente, mostrando a uma nova geração o que o metal brasileiro tinha de melhor a oferecer. “Schizophrenia” é um salto gigantesco em termos de composição, classe, criatividade e musicalidade se comparado aos álbuns anteriores, que eram mais primitivos, mais crus e cheios de rispidez sul-americana.
Esse álbum apresentou o Sepultura em um nível que não se tinha na cena brasileira e que iria ser o início de uma estrada que os levaria a ser uma das bandas de metal mais importantes do mundo, ameaçando até mesmo o trono de grandes monstros do metal mundial. Infelizmente a banda foi mudando sua música, se afastando das raízes e implodiu na década de 90, tendo se tornado algo totalmente sem personalidade. O Sepultura depois da saída dos Cavalera continuou lançando álbuns e se mantendo na cena por causa do nome criado nos anos de ouro da banda. Nunca mais as coisas foram a mesma coisa.
Essa regravação, pelo menos para mim, é uma homenagem e um resgate de um Sepultura que fez parte da minha formação como headbanger. Impossível destacar músicas. Simplesmente não dá. O álbum inteiro é uma obra-prima do thrash metal oitentista brasileiro e sempre será isso. Eu gostei muito da atualização no peso da bateria, na solidez das guitarras e na execução das linhas de baixo, algo que sempre achei como o ponto mais fraco da banda.
Os vocais de Max aqui estão mais intensos e tudo soa com um grau a mais de clareza do que na versão original. Certamente tudo isso vai de encontro aos gostos individuais de quem está ouvindo o material. Eu sinceramente gostei de tudo. Ouvir esse material hoje em dia me oferece o mesmo nível de energia que oferecia há mais de 30 anos quando foi lançado.
A faixa que irei citar é a inédita “Nightmares of Delirium”, música que foi composta exclusivamente para esse trabalho. Pensei por um momento que era alguma música antiga que havia ficado arquivada, mas descobri que foi feita agora. É incrível perceber que aquela pegada, os riffs certeiros e o feeling ainda existem e o Max conseguiu colocar isso para fora criando uma música matadora. Sinceramente não reclamaria nenhum pouco de ouvir um novo trabalho todo composto nessa linha. Os caras tem o dom e o feeling continua lá.
Esses trabalhos tem suscitado um grande debate entre os fãs da banda. Eu não ligo a mínima para as razões por trás dessas regravações. O que me interessa é a música e meus caros, podem falar o que for, ela continua lá. A única coisa que não tem como aceitar é o fato desses relançamentos não saírem no Brasil por causa de direitos. Isso é RIDÍCULO !
Mas posso afirmar que ouvir essa regravação é um grande prazer musical e te faz querer voltar no tempo… infelizmente não é possível.
Tracklist:
- Intro
- From the Past Comes the Storm
- To the Wall
- Escape to the Void
- Inquisition Symphony
- Screams Behind the Shadows
- Septic Schizo
- The Abyss
- R.I.P. (Rest in Pain)
- Nightmares of Delirium
ENGLISH VERSION:
Talking about “Schizophrenia” is something that brings back incredible memories of a past that is no more. When Sepultura released that album and the next one, the unbeatable “Beneath the Remains”, I really realized that these guys were the greatest national band and that they had released classics that would stand the test of time.
I wasn’t wrong at all. Both albums are absolute classics and never again would the world see Sepultura release something so visceral and powerful. “Arise” is still a great album today, but for me these two albums are the pinnacle of the old Sepultura‘s aggression and creativity.
Leaving aside any old polemics about the relevance or otherwise of re-recording a classic, I loved all the re-recordings the band did this year. In no way do Max and Igor erase the pioneering spirit of their original versions. Anyone who says something like that is really delirious with childish radicalism and out of touch with reality.
What’s done is done. The re-recordings brought those albums into the present, showing a new generation the best that Brazilian metal had to offer. “Schizophrenia” is a giant leap forward in terms of composition, class, creativity and musicality compared to the previous albums, which were more primitive, cruder and full of South American harshness.
This album introduced Sepultura to a level not seen on the Brazilian scene and was to be the start of a road that would lead them to become one of the most important metal bands in the world, even threatening the throne of the world’s great metal monsters. Unfortunately, the band changed its music, moved away from its roots and imploded in the 1990s, having become something totally without personality. After Cavalera’s departure, Sepultura continued to release albums and remain in the scene because of the name created during the band’s golden years. Things were never the same again.
This re-recording, at least for me, is a tribute to and a revival of a Sepultura that was part of my upbringing as a headbanger. It’s impossible to single out any songs. It simply isn’t possible. The whole album is a masterpiece of Brazilian eighties thrash metal and will always be that. I really liked the update in the heaviness of the drums, the solidity of the guitars and the execution of the bass lines, something I always thought was the band’s weakest point.
Max’s vocals here are more intense and everything sounds a degree clearer than in the original version. I’m sure all of this will suit the individual tastes of those listening to the material. I honestly liked everything. Listening to this material today gives me the same level of energy as it did over 30 years ago when it was released.
The track I’m going to mention is the unreleased “Nightmares of Delirium”, a song that was composed exclusively for this work. I thought for a moment that it was some old song that had been archived, but I found out that it was made now. It’s incredible to realize that the grip, the precise riffs and the feeling are still there and Max has managed to bring them out in a killer song. I honestly wouldn’t complain at all about hearing a new album composed along these lines. The guys have the gift and the feeling is still there.
These works have sparked a lot of debate among the band’s fans. I don’t give a damn about the reasons behind these re-recordings. What interests me is the music and, my friends, you can say what you like, it’s still there. The only thing I can’t accept is the fact that these re-releases aren’t coming out in Brazil because of rights. That’s RIDICULOUS!
But I can tell you that listening to this re-recording is a great musical pleasure and makes you want to go back in time… unfortunately it’s not possible.
Tracklist:
- Intro
- From the Past Comes the Storm
- To the Wall
- Escape to the Void
- Inquisition Symphony
- Screams Behind the Shadows
- Septic Schizo
- The Abyss
- R.I.P. (Rest in Pain)
- Nightmares of Delirium