Peso sobre peso, riffs sobre riffs e um conjunto de composições que se fecham ao redor do ouvinte não permitindo que luz, ar ou esperança cheguem até o mesmo. “Subhuman Scum” é a trilha sonora perfeita para os derradeiros dias de um planeta doente e para seus decadentes habitantes — o vírus mais letal de todos, a humanidade. Um lançamento agonizante, lento, brutalmente composto e impiedoso!
A BURIAL PIT é oriunda da Austrália, sendo formada em 2019 por Jack Thomas e Josh Gibbons (guitarras), Scott Tabone (vocais), Matt Sourdin (baixo) e Adrian Griffin (bateria). “Subhuman Scum” (Blighttown Records) é seu primeiro registro completo oficial e nele a banda explora tanto as suas nítidas influências: Primitive Man, Gatecreeper, Crowbar e Bongripper, como também imprime suas próprias e esmagadoras características. O trabalho em sua plenitude é maciço, negro, caustico e intempestuoso.
O título do álbum se divide em duas partes — na introdução “Subhuman” que climatiza e prepara terreno para a miséria em forma de música, a hostil “Disgrace” e no interlúdio “Scum”, que sinaliza uma das melhores faixas do álbum — a azeda e monocromática “Priest”.
Sem floreios e longe de atmosferas outonais a obra se desenvolve do primeiro ao último instante sobre riffs de carga épica, bateria em avanços corretos, mas, ao mesmo tempo, imensa e ameaçadora. O baixo exibe linhas fortes e os vocais de Scott Tabone vomitam ódio, tíbias, criticas e misérias sem qualquer cerimônia. A estrutura de cada uma das faixas tem como único objetivo sufocar e oprimir, sem tréguas ou paz sendo acenada pelo horizonte, apenas tortura uma seta que aponta para a decadência.
A supracitada “Disgrace” se prolonga por mais de 9 minutos de fúria; peso em estado puro e intransigência sonora. “Lord Of Limbs”, por sua vez, se presenta como um mecanismo de destruição em massa; tanto em seus intervalos caóticos quanto na sua lentidão aflitiva. “Priest” é a epítome da brutalidade. Chega a ser incrível como uma música de progressões morosas e robustas consegue ser tão doentia sem recorrer a malabarismos sonoros. “Mother Tongue” exibe um perceptivo grau de experimentalismo junto a algumas lacunas melancólicas, mas não se engane, pois, ela é tão letal quanto as demais — seja por seu peso esmagador ou pelo vigor que exibe quando escapa do metodismo do álbum e se permite alavancar com certa velocidade.
“Subhuman Scum” é um trabalho que vale a pena ser conferido, assim como tem grandes oportunidades de figurar nessas tão famigeradas listas de melhores do ano. Por todas as qualidades apresentadas aqui é mais que válido afirmar que a BURIAL PIT é uma banda que muito crescerá no circuito Sludge, Doom Metal e adjacentes. É esperar para ouvir.
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