“Metamorphosis” é um álbum muito interessante, consistente, inspirado, moderno e peculiar. Sua sonoridade — uma belíssima paleta de influências, recapitula os pilares tanto do Doom quanto do Gothic Metal noventista, com ecos e reverberações que vão desde Type O Negative, Paradise Lost e Katatonia, até Tiamat e Moonspell. Dentre essas influências há, também, muito daquela melancolia glicosada, tipica das bandas finlandesas de igual década — leia-se HIM e congêneres. Não o suficiente, “Metamorphosis” ainda apresenta diversos fragmentos de Metal Industrial e Rock/Metal Alternativo.
Lembrando que toda essa pluralidade de referências não define o trabalho sonoro do BLACK REUSS e tão pouco o abstrai de sua qualidade, são apenas parâmetros e aproximações. O que se ouve ao longo de mais de uma hora em seu álbum de estreia possui muita personalidade, força, ciência e criatividade.
O BLACK REUSS é um projeto solo que vem da longínqua e improvável Liechtenstein — pequeno país de língua alemã localizado entre a Áustria e a Suíça. Seu mentor é o vocalista e multi-instrumentista Maurizio Dottore. O disco possui inúmeros destaques e o primeiro deles é a soberba produção que o embala. Por se tratar de uma estreia era mais que esperado que houvessem algumas falhas, todas aceitáveis e perdoáveis, claro, mas felizmente tais falhas não existem. Tudo é muito profissional, meticulosamente arquitetado e executado. Os instrumentos são nítidos e equilibrados, e as composições (13 ao todo), são vigorosas e singulares.
O repertório, coeso e pesado do início ao fim, avança abusando de sua versatilidade e dinamismo. Assim sendo, faixas cadenciadas e melancólicas contrastam elegantemente com outras que ousam em tons mais vibrantes e empolgantes, obvio que sem destoar das feições sombrias do álbum. Destacar os melhores momentos é uma tarefa ingrata, visto que todas as faixas são excelentes a seu modo e todas possuem chamarizes; sejam as guitarras fortes, os refrães viciantes, os corais bem encaixados ou as inserções de teclados que esporadicamente surgem para abrilhantá-las ainda mais.
Aos fãs e saudosistas da década de ouro (anos 90, claro), recomendo que ouçam sem restrições e que se deixem imergir nas belas: “Incomplete”, “Grief”, “Lifeblood”, “Zeal” e “Love”. Aos que preferem algo mais “agitado” (no bom sentido) e raivoso, sugiro “Anger”, “Pride” (com seu refrão viciante) e a moderna “Inspiration”. Independente das sugestões, ouçam na íntegra, pois o álbum é maravilhoso em todos os ângulos e aspectos — seja em seu pathos melancólico ou em suas abordagens mais modernas e desafiadoras. O Doom Metal segue fiel às suas origens, às vezes repetindo regras e noutras inovando (é assim que nascem os clássicos ou as decepções), o BLACK REUSS repetiu algumas regras e ousou experimentar com outras, em todo caso, não há decepções em sua estreia. Que venham mais lançamentos como este ou melhores.
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