Portugal tem se tornado uma referência quando falamos de black metal tocado na sua forma mais pura, crua e imunda. O raw black metal parece ter encontrado um novo lar dentro das fronteiras de um país que é absolutamente católico, o que não deixa de ser uma ironia. Que o cancer corroa a luz de dentro para fora.
O BLACK CILICE é um nome desconhecido para mim e essa foi a primeira vez que pude ter contato com a música desse one-man project lusitano. Não tenho ideia de quando essa entidade da desgraça foi criada, mas sua primeira demo tape, intitulada “Demo 1” é de 2009.
Já com cinco álbuns de estúdio e inúmeros outros lançamentos, “Tomb Emanations” foi lançado ano passado (mais precisamente no dia 10 de Dezembro) pela Iron Bonehead e nos brinda com apenas duas músicas totalmente raw e cheias de ódio. “Returning from Dimensions Below” e “Vigil of Ruins”. A música da banda mescla momentos mais climáticos com outros de violência desenfreada. A produção honra o título de raw black metal e é absolutamente podre, quase como um ensaio gravado com um pouco mais de qualidade. Para quem viveu os anos 80 e 90, esse tipo de produção não é nenhuma novidade e em vários momentos agrada.
O black metal do BLACK CILICE flerta com a cena norueguesa, mas também mostra algo da cena polonesa em seus primórdios, além do próprio black metal lusitano, que possui suas próprias tradições e referências. Esse é um material, que sem sombra de dúvidas, é destinado apenas aos fãs mais die hard do black metal desprovido de beleza. No BLACK CILICE, a luz é apagada pela falta de beleza e excesso de crueza. Fuja disso aqui se estiver esperando tecladinhos e vocalizações cheias de classe.