BIAŁIWILK – Próżnia (2021)

Projeto solo recente do músico polonês “Marek Chimochowicz”, radicado em Chicago, nos Estados Unidos, o BIAŁIWILK é sua criação paralela à banda VUKARI, onde ele toca guitarra, teclados e faz os vocais. Em comum, o som desenvolvido: Black Metal Atmosférico.

Seu projeto, suas regras… as músicas são obra de “Marek” desde o direcionamento, composições e letras, passando pelos arranjos e performances instrumentais, ainda que contando com a participação de ”Spenser Morris” no baixo (seu companheiro de VUKARI) e “John Kerr” na bateria (NOLTEM).

O projeto teve início oficialmente em 2020, e no começo de outubro passado saiu seu primeiro álbum de estúdio, de nome “Próżnia”. Em tempo, o nome da banda pode ser traduzido como “Lobo Branco”, enquanto o título do álbum equivale a algo como “Vácuo”, ou “Vazio” em português.

Em termos de sonoridade, o Black Atmosférico produzido no BIAŁIWILK é semelhante ao da sua banda principal. Traduzindo: características mais agressivas que a média, utilização intensa de teclados (muito bem sacados, criando uma atmosfera única e rica, além de densa), bons vocais, sem exageros e que se encaixam muito bem à proposta, bons trabalhos de percussão e nas linhas de baixo, e guitarras de riffs bastante melódicos e por vezes lisérgicos e hipnóticos, criando uma ambientação que remete o ouvinte à contemplação do universo e à busca introspectiva por autoconhecimento (vide a arte de capa, exata representação dessa descrição). Pode-se dizer, ainda, que este projeto é ligeiramente mais Atmosférico, e menos direto que o VUKARI.

“Lachesis” abre o trabalho com grandeza, seu nome refere-se à mitologia grega. Em português, “Láquesis” era uma das três Moiras, responsável por puxar e enrolar o fio da vida de cada indivíduo. Ela definia, portanto, a duração do ciclo de vida de cada ser humano. Som intenso, pesado, de ritmo acelerado, liderado brutalmente pela bateria e pelos sintetizadores, que soam incríveis acompanhando os riffs e criando aquele clima perfeito, obscuro e soturno.

“Our Shared Fear” é menos rápida, caminha em ritmo médio e possui guitarras mais presentes, com riffs em camadas sólidas e potentes. Os teclados seguem robustos e constantes. A música passa por uma mudança significativa em sua reta final, agregando ares épicos e carregados de emoção. Uma das melhores da obra.

“Próżnia I” a faixa título parte um é totalmente atmosférica / ambiente, os teclados criam passagens etéreas que certamente poderiam compor a trilha sonora de filmes de exploração espacial.

“Will and Representation” retoma com o Black Metal de andamento médio, com pegada mais melódica. Novamente, o clima é conduzido pelos teclados, que aqui reforçam a atmosfera contemplativa e ao mesmo tempo, dramática. Belíssima faixa.

“Merkavah” sobe o tom e tem início furioso, impactante, com percussão violenta, repleta de blasts. Som ríspido, contundente, de segmentos brilhantes e até memoráveis. As guitarras ganham grande destaque, e induzem o ouvinte a fechar os olhos e viajar. Com certeza, uma viagem premeditada, já que o título faz alusão à uma carruagem divina, capaz de transportar por meio da luz, conforme a crença ancestral judaica.

“Próżnia II” a segunda parte do som que dá nome ao disco também é integralmente atmosférica, porém bem mais curta que a primeira. Encerra a obra de forma pacífica e serena, características ausentes até então.

Trabalho impressionante do BIAŁIWILK, um primeiro álbum completo que apresenta elevado nível de qualidade, semelhante à dos discos do VUKARI, ampliando a gama de possibilidades em termos criativos para o inquieto artista. Para fãs de WOLVES IN THE THRONE ROOM (EUA), WEAKLING (EUA), DEAFHEAVEN (EUA), NACHTMYSTIUM (EUA), ASH BORER (EUA), WIEGEDOOD (BEL), HATE FOREST (UCR), ALCEST (FRA), DER WEG EINER FREIHEIT (ALE).

Tracklist abaixo, totalizando 30:12 minutos de duração:

1 – “Lachesist”

2 – “Our Shared Fear”

3 – “Próżnia”

4 – “Will and Representation”

5 – “Merkavah”

6 – “Próżnia II”