Título: Rainbow in the Dark – Autobiografia de Ronnie James Dio
Autores: Ronnie James Dio, com Mick Wall & Wendy Dio.
Editora: Estética Torta
Páginas: 328p
Ano de Publicação: 2021
Eu sou um apaixonado por Biografias. E não apenas por biografias relacionadas ao mundo do heavy metal, mas biografias em geral. Elas me ajudar a compreender o ser humano por trás do personagem. E convenhamos, a maioria dos indivíduos que são alvos de biografias são personagens. Personagens esses criados por esforço próprio ou alçados a essa posição por forças externas.
Em relação às biografias relacionadas ao mundo da música, essas me são ainda mais caras, pois jogam luz a um mundo em que, como fãs de música, muitas vezes não temos acesso ou apenas tateamos na superfície. Uma das melhores que já li foi exatamente uma que nada tinha em comum com o estilo de música que amo. “Vale Tudo: o som e a fúria de Tim Maia, escrita pelo jornalista Nelson Motta conseguiu mostrar a intensidade que foi a carreira desse artista brasileiro. No caso dessa biografia que tenho em mãos agora, o efeito foi o mesmo. Ler e descobrir mais sobre a vida de Ronnie James Dio teve um impacto semelhante, tamanha a intensidade da vida desse grande vocalista do heavy metal mundial. Obviamente que toda biografia tem como papel fundamental eliminar os dias chatos ou não produtivos dos indivíduos, senão teríamos que ler livros com 50 mil páginas divididos em tomos.
A escrita de Dio, lapidada pelo escritor Mick Wall e por sua ex esposa fizeram desse “Rainbow in the Dark” um livro obrigatório para qualquer fã de música, não apenas do heavy metal, já que ele deixa transparecer como funcionava aquele mecanismo do show business americano, uma máquina de criar “mitos” e de “destroçar” carreiras. A intensidade com a qual Dio fala de sua vida, apontando seus erros e evidenciando seus acertos, é realmente envolvente. O leitor, fã ou não, passa a ansiar pelas próximas páginas na expectativa de entender o que aconteceria ao músico. Tragédia pessoal, acidente na estrada, três bandas lendárias no currículo, a quase falência pessoal e uma volta por cima que só aquele período histórico da música poderia proporcionar. Tudo isso serve de pano de fundo para você enxergar abaixo da pele desse ícone da música pesada, que além desse papel, era um cara que gostava de verdade do que fazia e o fez quase até o dia de sua morte.
Dono de uma voz incomparável, que na minha opinião, foi a maior de toda a história do heavy metal, Dio deixa aqui um relato muito pessoal, muito pulsante de sua carreira e é uma pena que ele não tenha tido a chance de avançar na carreira até os dias mais próximos de sua partida. Mas isso também tira da narrativa o peso do fim, da confirmação da mortalidade e deixa muito viva apenas a imagem daquele músico que gravou e lançou algumas das músicas e dos álbuns mais importantes da história da música pesada mundial. Ele e todos aqueles de sua geração serão insubstituíveis, pois são um produto de uma época muito especial de efervescência cultural e musical, de criação que não são mais possíveis nos dias de hoje. A edição da editora Estética Torta é um belo presente para os admiradores da obra musical de Dio e merece um lugar de destaque na biblioteca musical de todos.