Efêmero, mas precioso em cada um de seus pouco mais de 30 minutos. Em “The Dark Lake”, o álbum de estreia da jovem banda mexicana de Melodic Death/Doom Metal, LAMENTUM, cada elemento parece pensado de forma a transportar o ouvinte para um mundo perdido e oscilante entre a década de 90 e 2000. Da confecção das melodias à escolha dos timbres e recursos que ambientam a obra, incluindo, claro, a identidade visual belíssima. Tudo no lançamento foi criado tendo a meticulosidade como bússola.
Formado em 2020 e atualmente composto por Jesús Guzmán (vocais), Aldebarán Muñoz (bateria), Miguel Cázares (guitarras), Víctor Khator (baixo) e Fede Medina (guitarras), o LAMENTUM nem aparenta ser tão jovem assim, ainda mais, se nos atentarmos ao talento demonstrado por eles logo em seu debute. A qualidade das composições é ampla e a produção, que costuma ser sempre um problema em obras inaugurais, acompanha essa amplitude. Cristalina, mas suavemente empoeirada. A mixagem e masterização são satisfatórias à proposta da banda. O instrumental é forte e equilibrado, as vozes estão niveladas e as atmosferas exibem um apurado bom gosto.
A obra inicia-se com um bonito e misterioso preludio chamado “River’s Silence”, onde sons de água fazem fundo para linhas singelas e limpas de guitarra. “Bearer Of Light” ilustra bem a criatividade e o entrosamento dos músicos, com riffs expressivos, peso e melodia balanceados e um refrão chamativo. “Queen Of Darkness” é mais ousada, climática e com um arranjo bastante agradável. Cadenciada na medida certa e com uma propensão jazzística convincente. “End Of Creation” conta com a colaboração dos conterrâneos do Aetherevm, e é a faixa mais dinâmica e enérgica do trabalho. Não destoando dos demais temas e acrescentando cores ao repertório.
O clima melodioso e melancólico retorna com mais ênfase na faixa que dá nome ao disco, “The Dark Lake”. A pegada jazzística é resgata, assim como as atmosferas divagantes ouvidas anteriormente em “Queen Of Darkness”. Os vocais femininos são muito bonitos e o contraste entre eles e os guturais de Jesús Guzmán reforçam ainda mais a beleza da composição. O excelente cover de “Drowned Maid” — clássico extraído da obra de arte atemporal “Tales From The Thousand Lakes” (Amorphis, 1994), sinaliza o fim do trabalho. O real encerramento se dá no poslúdio “Ancient Seawaves”.
A curta duração e a ausência de exageros fazem dessa estreia uma verdadeira pílula de bom gosto e inspiração. Consistente do início ao fim, bem-composta e bem executada. Novamente a máxima que diz: “nos pequenos frascos estão as melhores fragrâncias” se faz válida. “The Dark Lake” é a prova irrefutável da mesma.
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