O TRIBULATION é uma banda formada em 2004 na Suécia, e apresenta um caso interessante de transformação gradativo da sua sonoridade. Essa metamorfose alterou significativamente a direção musical ao longo de dezessete anos, e culminou no lançamento do ótimo quinto álbum de estúdio, “Where the Gloom Becomes Sound”, no final de janeiro de 2021.
Para alegria dos colecionadores em geral e da sua base brasileira de seguidores, a Nuclear Music, do estado do Rio de Janeiro, lançou uma bela versão nacional em CD Slipcase.
Dois dos fundadores permanecem no quarteto, Johannes Andersson (Vocais e Baixo) e Adam Zaars (Guitarra). Completam a formação Oscar Leander (Bateria) e Joseph Tholl (Guitarra). Este último juntou-se à banda no final de 2020, após a saída repentina de Jonathan Hultén, uma das cabeças pensantes e membro fundador.
Retomando o assunto da migração sonora do TRIBULATION, nos primórdios eles executavam um Death MetalOld school primoroso, que pode ser conferido no EP “Putrid Rebirth” de 2005 e no primeiro e hoje clássico álbum, “The Horror”, de 2009. No segundo de estúdio “The Formulas of Death”, de 2013, já ficou evidente o desejo de explorar novos territórios, com muitas influências de rock progressivo e psicodélico. “The Children of The Night” saiu em 2015, e prosseguiu com as experiências ainda mais abrangentes. Há elementos nele de Heavy Metal, Hard Rock inspirado em diversas décadas (70, 80 e 90), Gótico, Progressivo, Post-Rock, Post-Punk… muito difícil de classificar. “Down Below” de 2018 marcou o quarto registro de estúdio, e manteve a fórmula do seu antecessor sem muitas alterações, com o foco no Gótico se intensificando.
O quinto Full de estúdio confirma que os conceitos, formados durante todo o processo acima de evolução e experimentação, por fim, solidificaram-se. Hoje é possível assegurar que o foco dos músicos é a elaboração de Gothic Heavy Metal com vocais soturnos (porém não extremos), atmosfera melancólica e o uso excepcionalmente bem direcionado e sutil de elementos progressivos. São músicos de primeira linha, hábeis, experientes e muito à vontade com o som que a banda vem desenvolvendo. O resultado recente tem sido o crescimento sólido e constante do TRIBULATION no cenário internacional.
A produção do play favorece a natureza obscura e sombria das músicas. Todos os instrumentos ficaram bem equilibrados e são complementados pelos vocais atormentados e hipnóticos de Johannes Andersson. Um dos últimos resquícios do início extremo da banda, seus vocais encaixam-se perfeitamente na proposta atual.
As letras continuam sombrias, mas ganharam ênfase depressiva, voltadas poeticamente aos assuntos que rondam a morte e os aspectos mais lúgubres da vida.
O instrumental do quarteto sempre se destacou pela precisão (característica normalmente destacada nos músicos suecos) e bom gosto, independentemente da direção musical. Hoje não é diferente, a qualidade das composições e a performance dos músicos em “Where the Gloom Becomes Sound” é magnífica de ponta a ponta. Como destaques, as duas guitarras que soam magistrais na elaboração das bases, acrescentam muito em atmosfera e enaltecem as composições com melodias e solos de beleza e técnica admiráveis.
Recomenda-se conhecer aos fãs de Metal em geral e, sobretudo, aos apreciadores debandas como SECRETS OF THE MOON (Alemanha), MORBUS CHRON (Suécia), TIAMAT (Suécia), CHAPEL OF DISEASE (Alemanha – fase atual mais Prog), IN SOLITUDE (Suécia), HORRENDOUS (Estados Unidos – fase atual mais Prog) e FIELDS OF THE NEPHILIM (Reino Unido).
A exemplo dos trabalhos anteriores do TRIBULATION, mais uma criação coesa, acessível, relevante e certamente digna de nota.
O álbum possui duração de 48:17 minutos, divididos entre 10 faixas:
1 – “In Remembrance”
2 – “Hour of the Wolf”
3 – “Leviathans”
4 – “Dirge of a Dying Soul”
5 – “Lethe” – Instrumental
6 – “Daughter of the Djinn”
7 – “Elementals”
8 – “Inanna”
9 – “Funeral Pyre”
10 – “The Wilderness”
Destaques: “Dirge of a Dying Soul” é um som elegante, sofisticado, carregado de emoção e atmosfera desoladora; “Funeral Pyre” recebeu um vídeo de divulgação interessante. É uma música mais direta, pesada, mais Metal. “The Wilderness” encerra os trabalhos de maneira épica, com um trabalho de guitarras de rara beleza.