M26 – Misantropia (2020)

Nada melhor como o tempo para trazer a maturidade. Com certeza não teria gostado desse “Misantropia” se o tivesse ouvido em 2014, ano em que foi originalmente lançado. Mas são 2020 e estou ouvindo esse debut álbum da banda M26 pela primeira vez. É terreno a ser desbravado e o que encontrei foi um belíssimo trabalho de atmospheric doom/death metal com inúmeras influências e camadas a serem percebidas.

Logo de cara percebi que havia algo mais sinfônico que me lembrou o Therion, mas essa percepção foi mudando com o passar das músicas. O trabalho vocal de Carla Domingues é sensacional, primeiro porque ela tem realmente uma voz excelente e segundo, ela conseguiu cantar em português e impor uma vocalização muito boa, totalmente bem executada e com profundidade. Existem os tradicionais duetos vocal cantado e vocal gutural, que foi uma marca registrada de uma época e a banda faz isso de forma competente.

Musicalmente o M26 nesse trabalho oferecia algo a mais do que simplesmente peso e som lento. Há uma grande diversidade de arranjos, idas e vindas, texturas musicais. Não é algo fácil de perceber em uma primeira audição. Músicas longas caracterizam esse disco, mas estão longe de serem monótonas. A melodia e o feeling construídos fazem a audição de “Misantropia” uma experiência realmente agradável. O álbum abre com a variada “Solidão”, música que aglutina bem todas as facetas da banda, incluindo um lado até mais agressivo.

A próxima faixa “Lágrimas de Desidéria” é mais intensa, mas a próxima “Misantropia” é uma grande música. Tem algo nela muito natural, muito brasileira. Não consigo explicar o que é, mas está lá, juntamente com o feeling. Outra música que gostei muito foi “Entre as ruínas do Caos”, uma música que investe num clima mais introspectivo. As outras faixas presentes são “Choro em Silêncio” (que me lembrou um pouco o velho Moonspell) e “Triste Lamento D´alma”.

Como bônus a banda incluiu a música “Véu de Ilusão”, um composição nova que mostra como o M26 soa hoje em dia, seis anos após o álbum e posso dizer que a qualidade da banda continua intacta. Em meio ao peso há um lado poético que se reflete nas bases e vocalizações. “Misantropia” é com certeza um bom álbum e baseado no que ouvi na nova música o próximo álbum deve vir excelente. Aguardemos.