
Festival-Tumba Produções & Casa Urbana
Suffocation (U.S.A.) Masacre (Colômbia) Wisdom (Paraguai) Tierra Maldita (Paraguai)
Local- Clube Gresfi/Foz do Iguaçu(PR)
Data – 13/04/2025
Nos últimos 5 anos no mês de abril me organizo para passar o feriado de páscoa com minha família em Foz do Iguaçu e não, não sou cristão! Mas aproveito essa maldita data para descansar, visitar minha família e rever meus amigos e amigas. Porém, desta vez, quase infartei quando vi nas redes sociais a Tumba Produções, divulgando as datas e as cidades que os americanos do Suffocation passariam com a sua “Hymns From The Apochypha Tour 2025” e Foz do Iguaçu, estava inserida na tour, uma semana antes do maldito feriado. Me organizei e fui para a terra das cataratas e assim prestigiar um evento desse porte com meus amigos e amigas iguaçuenses. Cheguei no show às 15:00 em companhia de meu amigo Jeff Menzen e já deu para notar que o domingo seria produtivo. Havia muitos metalheads dos países vizinhos que fazem fronteira com o Brasil, pela cidade iguaçuense em bares, posto de gasolina em volta do clube Gresfi, ingerindo cervejas e vestindo camisetas pretas. E logo de cara encontrei vários amigos da Argentina, do Paraguai e também da cidade vizinha Cascavel (PR). Não tem preço, você não reside há mais de 20 anos na “fronteira da morte” e mesmo assim, seus amigos ainda se lembram de você. Foi incrível encontrar amigos que não os via há quase 15 anos ou mais (…) do Paraguai e Cascavel.
Entramos no clube Gresfi, um lugar muito bem organizado, limpo e arejado. O bar vendia um tipo só de chopp! Mas muito bom e um preço acessível a todos. Com quase duas horas de atraso a primeira banda a subir no palco foi os paraguaios de Asunción, Tierra Maldita e executaram um set curto e direto! O som deles é um Death Metal agressivo, em algumas músicas tem passagens que mescla um Thrash Metal grooveado, com vocais rasgados e guturais, vociferados em espanhol. Mandaram:El descenso de la Abominación, Amaestrado por Asesinos e La Ejecución de la Ramera. Os hermanos estão divulgando o EP “Infierno En La Tierra” de 2020. E seguem com “La Morgue,El Arte de Desmeàzmbrar”. E fechando com as duas últimas, Humanidad en Llamas e Maldita Creación.Não conhecia a banda e gostei de sua apresentação.

Um grande público colou na grande para ver a segunda banda da noite e outra, vinda do país vizinho, mais precisamente da capital Asunción, a horda Wisdom. Fizeram um grande show destilando um metal negro,mórbido e carregado de fúria e obscuridade. Com mais de trinta anos de história nos subterrâneos da América do Sul e divulgando o seu último lançamento “Saint Algolagnia Immaculate” de 2024.
O show deles foi um ritual macabro e uma ode ao caos. O público ficou ensandecido quando a banda apareceu no palco! Sexteto formado por: L.k.S,Vocals, Khaos, Guitar, Pomber, Guitar, Ànima, Keyboards,César Nicolicchia, Drums e Sathiel: Bass, parecia que estavam tocando em seu país, o público gritando o nome da banda: Wisdom, Wisdom(…) Sentiram-se em casa!
Já mandaram uma faixa do novo disco Creatrix que foi uma ótima escolha para abrir o show já que a música criou um clima atmosférico, soturno e obscuro. Com um vocal matador e guitarras bem trabalhadas,um teclado sinistro e macabro. E os “blackmatellers” apoiando muito a banda e seguem seu ritual com Kelippath Nogah, Sun Made Flash, Totentanz e Qliphotic Womb e o Wisdom trouxe aquele velho metal negro dos anos 90, ao palco. Músicas muito bem executadas, frias, obscuras e rápidas. Muita raiva e escuridão! Guitarras afiadíssimas e gélidas, riffs rápidos e poderosos. Bateria muito foda mesclando velocidade com momentos cadenciado e técnica e o baixo segurando muito bem os graves. E vale ressaltar que o teclado executado pela musicista Ánima, combinou muito bem com a fúria, agressividade, peso e trouxe um clima atmosférico, tétrico, sinfônico e obscuro, aliado a vocais áspero, cru e desesperados, e musicistas que sabem tocar seus instrumentos e amam o metal negro executados por eles. O público batendo palma e apoiando muita a banda e gritos de Wisdom,Wisdom(…) ecoa no recinto.
O evento recebeu um público muito bom! Com certeza, a grande maioria deste público era do Paraguai. Várias excursões de Asunción e outros locais do país compareceram. Mostrando a fúria e a paixão desse país pelo metal. Cena que eu sempre admirei! Prestigiei muitos eventos nos anos 90 na capital paraguaia.
A celebração pagã continua com dois clássicos da horda paraguaia que encontra-se no disco lançado por eles nos anos 90: Belhold The Beast Of The South, e a faixa que dá nome ao disco e mandam Sacra Privata e o público da tríplice fronteira foi a loucura batendo cabeça, agitando muito e cantando com o vocalista L.K.S., que além de ter um vocal único é muito simpático e solícito com seu público, comandou os fãs argentinos, brasileiros, e seus compatriotas com maestria.

Fechando sua apresentação com a música que dá nome ao último lançamento e que faixa matadora! Riffs gélidos, bateria furiosa e com uma pegada rápida, cadenciada e mortal! A banda sai do palco ovacionada e que show perfeito! A última vez que assisti o Wisdom foi em Asunción por volta de 1996 ou 1997, e fico feliz em saber que o som da banda continua matador e que eles continuam a hastear a bandeira do metal negro com orgulho! Eis a besta do sul! Fuerza metal del Paraguay!
O festival foi em um domingo a tarde, começou com quase duas horas de atraso, mas as trocas de bandas e ajustes no palco foram muito rápidas e isso ajudou bastante! Agora a ansiedade tomava conta do público presente e eu queria muito ver como seria o show dos colombianos do Masacre, nas terras das cataratas e só posso dizer uma coisa: foi um massacre total!
Fundada em 1988 é com certeza um dos maiores nomes do Metal extremo da Colômbia e uma das lendas do Death Metal na América do Sul. Tocam um Death Metal brutal e suas letras abordam violência local, guerra e anti-religião.Sua discografia é extensa, conta: com 7 demos, 3 EP’s, 5 álbuns, 1 split, 3 compilações, 7 álbuns ao vivo, 2 vídeos (DVD) e 1 box. Seu primeiro trabalho, uma demo “Rehearsal” , foi lançado em 1989. Seu primeiro full lenght, foi lançado em 1991 e recebeu o nome de “Reqviem”.
Seu trabalho mais recente é o “Live Inferno Fest”, gravado em 2024.
A banda sobe no palco e o público já começa gritando: Masacre, Masacre, Masacre(…) e a certeza que iríamos ver/presenciar um verdadeiro caos e um massacre, uma ode ao verdadeiro e tradicional Death Metal! Juan Carlos Gomez, Guitarra, Alex Okendo, Vocal, Jorge Londoño, Guitarras, Alvaro Alvarez, Baixo e Wilson Henao, na Bateria, inicia o cortejo fúnebre, uma onda de violência brutal e um ataque sonoro nos tímpanos do público presente. Inicia com a faixa “Escória” do primeiro disco Reqviem lançado no longínquo ano de 1991 e do mesmo disco: Brutales Massacre, e foi bonito ver a fúria dessas duas faixas ao vivo e com um público ensandecido. Riffs e bases brutais, bateria rápida e os vocais insanos e cavernosos.
Antes de anunciar o próximo hino blasfemo e brutal, o vocalista Alex Okendo diz: somos de Medlin, Colômbia e essa próxima música fala sobre violência e também sobre como era viver no país naqueles tempos tenebrosos e mandam Imperio Del Terror e tome cacetadas na moleira, uma ode ao cortejo de Cristo e sua barbárie de sangue em memória de um Cristo pobre e manipulador. Os colombianos mais loucos da América do Sul executam a próxima música “La Guerra” e na pista abrem os primeiros mosh pit e o que presenciamos foi um metal da morte técnico, violento, agressivo e crú. Incrível como a banda consegue unir peso, riffs furiosos e extremos de quebrar pescoço sem dó e sem piedade! Não tem como não lembrar daquelas frases clássicas que ouvíamos muito nos anos 90: Death To False Metal!
Os colombianos sabem como fazer um show extremo e violento! A dupla de guitarristas executam seus instrumentos com perfeição e batem cabeça e chamam o público a agitarem juntos. E a cozinha é perfeita, em perfeita sintonia. Mas como é bom ver um baterista que soca seu kit de bateria com muita fúria e uma técnica absurda! Alex Okendo, é um capítulo à parte! O cara domina o palco e seus vocais são únicos. Além de ter uma presença matadora, cativante e suas interpretações contagiam sua horda de zumbis ele é simpático e atencioso. Ele levanta o pedestal para cima, agita feito um insano e comanda sua horda de fãs, olhando no rosto e dando gargalhadas enquanto seus parceiros batem cabeça ali no palco sagrado. E já estamos caminhando para o final de sua apresentação e mandam: Sangrenta Muerte e Oh, My God e a pista virou uma loucura!
Público e banda era uma energia só. Estavam numa sinergia única tamanho fúria e caos na pista.
Público batendo cabeça na frente do palco e rodas foram abertas, gritos de Masacre, Masacre! Fechando o set deles com o clássico: Death Metal Forever. E foi lindo de ver os insanos “die hard” agitando e cantando os solos, riffs poderosos e fazendo os backings com o vocalista: Death Metal Forever, Death Metal Forever! Death Metal Arghhh!!!
Saíram da palco ovacionados e fizeram um dos melhores shows de metal da morte que eu tive o prazer de ver ao vivo nos últimos 10 anos.
Para fechar com a chave de ouro a matinê do Metal Extremo na cidade das cataratas, era a vez dos americanos do Suffocation.

Banda formada em 1988, na cidade de Nova York, Estados Unidos e com vários materiais lançados e com certeza tem dois clássicos absoluto no submundo: Effigy Of The Forgotten (1991) e Breeding The Spawn, (1993) e como toda banda, infelizmente teve várias trocas de integrantes e hoje da formação clássica ficou só o guitarrista Terrance Hobbs que continua a injetar gás na banda e lançando matérias brutais, técnicos e levantando a bandeira do Death Metal, com orgulho. O último trabalho lançado pelos americanos é o elogiado e aclamado “Hymns From the Apocrypha”.(2023)
Quando os americanos surgiram no palco o público foi a loucura e Terrance acompanhado por Ricky Myers, nos vocais,Charlie Errigo, (G) Éric Morotti, na bateria e Derek Boyer, no baixo, iniciaram sua apresentação com as músicas: Thrones Of Blood, Seraphin Enslavement e Effigy Of The Forgotten, mesclando dois clássicos do passado com a fase atual. O público já foi à loucura com o Death Metal, dos americanos que mistura peso, técnica e brutalidade extrema!
E a aula brutal continua com as pedradas Dim Veil Of Obscurity, Pierced From Within, Hymns From The Apocrypha e Funeral Inception. Os americanos fizeram um show matador com uma pegada brutal e muita técnica, e não é aquela coisa mecânica, aqui os caras tocam de verdade e devoção ao Metal Extremo, não é aquela masturbação de técnica demasiada e sonolenta.
Riffs intrincados, quebrados, agressivos e densos. Bateria muito rápida, brutal e técnica. Vai dá fúria ultra violenta, para passagens mais cadenciadas e trabalhadas e o baixão ali dando o peso e sustentação necessária para a música soar extrema e estourar os tímpanos. E o show caminha para o final e mandam: Catatonia, Clarity Through Depravation e Liege Of Inveracity. O público enlouquecido batendo cabeça e rodas eram abertas, violência total na pista, no bom sentido é claro. Para fechar apresentação do Suffocation a saideira Infecting The Crypts e fecharam com chave de ouro essa música tem uma pegada mais old school, com riffs matadores, solos insanos e vocais cavernosos, bateria mesclando velocidade e passagens cadenciadas.
Os americanos souberam fazer um setlist passando pelo passado e presente da banda e fazendo a alegria do público. Eu confesso, que gosto muito mais dos três primeiros discos da banda: Effigy of the Forgotten, (1991) Breeding the Spawn (1993) e Pierced from Within de 1995. O último disco é bom, mas acho a produção moderna demais e as músicas também.
Mas é só minha opinião e sei o quanto os americanos tem respeito mundo afora e lançam discos que fazem a alegria de fãs die hard no mundo todo! O público ficou muito feliz com o show dos americanos e sua brutalidade e técnica! Os músicos da banda atenderam os fãs tirando fotos e trocando ideias. Aliás, todas as bandas estão de parabéns e atenderam os fãs com atenção tirando fotos e conversando com quem os procuravam e sempre atenciosos e educados. Não se comportaram como algumas bandas que habitam o underground e agem com rock star.

A parceria de Edu Lane / Tumba Produções, com o pessoal da Casa Urbana estão de parabéns! Organizaram um grande evento na terra das cataratas com uma ótima infraestrutura, em todos os quesitos, tanto o lugar que rolou o evento, aparelhagem de som perfeita, bebidas com preço acessível e respeito pelo público! O show começou com quase duas horas de atraso, porém as trocas de bandas e ajustes finais foram rápidas, o que ajudou para o evento acabar às 22:00. Assim o público conseguiu voltar cedo para suas casas, cidades e países, descansar, já que na segunda-feira é vida que segue. Foi lindo ver metalheads da Argentina, Paraguai e brasileiros unidos pelo metal! Mostrando o poder da tríplice fronteira no submundo! Unidos somos fortes!