Master(USA) Escarnium (BA) Oath Of Persistence (SC) Sepülcro(SC) Malice Garden (SC)
Data: 14/04/2024
Local: – Haôma Bar- Florianópolis (SC)
Fotos By – Allan Preisller And Necrovoid Produções
Uma coisa é certa, no Brasil nós temos uma cena muito forte e que sem dúvida nenhuma não deve nada para qualquer cena extrema, seja dos Estados Unidos, europeia ou escandinava! Talvez eles tenham mais recursos tecnológicos, uma melhor infraestrutura, com selos e produtores de eventos e grandes festivais. Mas todos nós sabemos que, se uma banda realmente vive no underground, nos esgotos do submundo, tocar metal não é fácil nem aqui e nem por lá. Como já disse: nosso metal não deve nada para ninguém! Aqui se faz por amor! Aqui nunca foi fácil ser apreciador ou músico de metal: aqui tudo é mais difícil, e talvez por isso nosso metal é furioso. Por aqui, bandas, músicos, fanzineiros e produtores de shows dão o sangue para fazer a roda girar. Eu quero pedir desculpas para o organizador do evento, Bruce, sendo a pessoa que está por trás da Necrovoid Produções e que faz vários shows e eventos em nosso estado catarinense. E sabemos que não é fácil!
Por uma palavra mal interpretada e pontos de vista diferentes, nós dois tivemos um desentendimento. Mas como pessoas civilizadas, resolvemos na hora, ali cada um com suas argumentações e pontos de vista, e ficou tudo bem! Porque, acima de tudo, respeitamos o corre de cada um e jamais, eu ou meu fanzine Maléfica Existência, vamos falar mal de um evento ou organizador, ou quem está envolvido com o underground, estamos aqui sempre para agregar e apoiar quem faz a cena acontecer por amor, acima de tudo! Me desculpe mesmo, Bruce Baiocchi!
Vamos à resenha do evento em Florianópolis. A “matinê metálica” estava marcada para iniciar às 16 horas, mas houve um atraso, até porque caiu uma chuva torrencial em Desterro e mesmo assim, apareceu um bom público e enquanto o show das bandas não iniciava ficamos ali no bar tomando umas cervejas que, aliás o preço estava acessível e justo, e acima de tudo bem gelada. Encontramos vários amigos e amigas, e ficamos ali trocando ideias e encontrei demônios lendários de Floripa, grandes amigos como Guilherme da Antichrist hooligans, Diego e Felipe da Osculum Obscenum e Fabianinho da Infernal War 666 e muitos outros amigos.
Às 18 horas, em ponto, subiram no palco os insanos da Oath Of Persistence representando o litoral norte catarinense. Eles estão divulgando o recém-lançado full álbum “Fear Of The Unknown” e este trabalho está recebendo uma boa recepção no submundo. Basicamente, tocaram o novo trabalho na íntegra. Iniciando com a música que leva o nome desse trabalho, mandaram Provenance of a Dystopia, Queen of the Swarm e The Awakening. É impressionante ver esse trio em cima do palco. Executam um poderoso death metal com uma pegada old school, partes brutais e técnicas. A destruição continua com Chronicle of Absolution, Through the Painting e At the Gates of R’Lyeh. At The Gates… O vocalista Cris dedicou a música à atriz que participou do clipe que foi lançado recentemente no YouTube. O som desse trio insano tem partes que me fazem lembrar de Uada e Thy Light, misturada com o velho metal da morte. Antes de anunciar a última música e fechar a apresentação, o vocalista apresenta a banda e pede uma salva de palmas ao baterista Diogo “Polvo” Marostica e foi prontamente atendido pelo público presente. E não tinha como não ser diferente. Diogo é um monstro atrás de seu kit de bateria e o cara realmente é um psicopata. E o baixista Renan Uller não fica atrás. E tome mais death metal rápido, pesado e agressivo com a última faixa, Whisper of the Wolf. O trio de Porto Belo (SC) fez um show incrível e vai dar o que falar nos subterrâneos do submundo. Já que esse trabalho é matador e a banda tem muita qualidade.
A segunda banda da noite a subir no palco foi “os meninos da Sepülcro”, prata da casa, e fizeram um show curto, porém enérgico. Abriram os trabalhos com as faixas: Post-Mortem Dreams, Justified Imprudence, Creed Of Pain e Anguush”. A primeira vez que assisti um show deles foi no ano passado em Porto Belo, (SC) era o primeiro show deles fora da ilha da magia e eles ainda eram meio tímidos no palco, estavam “amadurecendo” e nesse segundo show que vejo deles, eles estão mais solto e continuam fazendo um death metal simples e direto. Com um público que já segue a banda,eles agitaram muito e abriram rodas. O Sepülcro já foi baixado e as últimas pás de cal foram derramadas. Predator’s Evisceration, Carnivore’s Nigth e Cut, fecham sua apresentação. Gostei de vê-los no palco mais uma vez, e feliz de saber que esses garotos estão evoluindo e no caminho do submundo.
A terceira banda da noite vem de Criciúma/SC, o Malice Garden divulgando ainda o seu trabalho lançando em 2023 “Supreme Instinct Numb” e já mandaram ver um set matador com as faixas: Your Flash My Lust, Thy Master, Unholy Pleasure Mysteria e Dying Creation, todas faixas do último trabalho. E os maliciosos demônios do sul do estado não estavam para brincadeiras e deixaram todos os presentes felizes com um poderoso black/death com muita fúria, peso e técnica! Riffs e bases, com muita melodia e agressividade. Destaque para o baterista João Acordi,esse guri é um monstro atrás de sua bateria.
A próxima faixa é Angel’s Fall, resgatando o passado da banda. Já que essa faixa encontra-se na clássica demo-cd Revenge Against Jesus Christ de 2000. Mais três faixas do novo trabalho; S.i.n., Poison Divine e Violation Domain. Uma sequência matadora com riffs brutais e passagens melódicas, densas e mórbidas. Um vocalista que sabe interpretar suas letras e passa dramaticidade e raiva em cima do palco. Fechando o set com a faixa Against Jesus Christ. Aliás, a presença de palco da banda é muito profissional e concentrada. Fizeram um ótimo show e todos os presentes gostaram muito!
Muitos metalheads aparecem no Haôma Bar para ver o show dos americanos do Master, e eu confesso que esperava um show insano e matador! Infelizmente, não foi o que vi. Pela história da banda e eles fazerem parte do início de um movimento, da criação de um estilo nos anos 80 que é o death metal americano, e tem dois álbuns importantes. Master(1990) e On the Seventh Day God Created… Master. (1991) Talvez os caras não estavam em um bom dia. Cansaço, estrada, van, cansaço, estrada e van de novo… Os americanos executaram um set tocando música de todas as fases e infelizmente, não consegui o set list deles, mesmo pedindo para o membro principal.
Muitos foram ao evento para ver os americanos, eu fui especialmente para ver os baianos da terra sem salvação. O ESCARNIUM provou mais uma vez que a Bahia não é a terra do axé, e sim a terra de todos os demônios. Demônios amantes do velho metal da morte. O ESCARNIUM abriu sua apresentação com as faixas Inglorious Demise e Far Beyond Primitive, ambas do EP “Dysthymia” lançado em 2022. E o público ficou paralisado com o Death Metal Terror, violento, sujo e agressivo dos baianos. Mais uma música do último trabalho de estúdio, Deluged in miasma, a banda tem um poder avassalador ao vivo. Algo entre Morbid Angel e Incantation. É um death metal carregado, pesado e denso. O público estava hipnotizado com o poder e a fúria do Escarnium e agora mais uma paulada na cabeça dos apreciadores do metal da morte e tome Pyrocene’s might. Agora era a vez de um clássico, Interitus, música que dá nome ao já clássico disco lançado por eles em 2016. Os vocais cavernosos de Victor Elian tomam conta do recinto de forma assombrosa. As guitarras são sujas, riffs mórbidos e obscuros. Solos simples, porém consistentes. E o público batendo cabeça, hipnotizados pelas batidas frenéticas de uma bateria matadora! Aliás, essa noite foi a noite dos bateristas brasileiros, polvos e psicopatas. Nestor Carrera é um ótimo músico, que sabe dosar passagens rápidas e cadenciadas.
E segue a “matinê” com mais duas faixas: Through the depths of the 12th Gate e Radioactive Doom com aquela pegada do mais puro Death Metal para moer pescoço e riffs furiosos, bateria matadora e o baixo de Gabriel Dantas dando consistência para o caos sonoro. E o death metal terror baiano executa a última faixa While the Furnace Burns e fechou com muita brutalidade e insanidade. Até as bruxas da ilha da magia aprovaram esse novo retorno dos baianos do ESCARNIUM a Florianópolis, e o público saiu de seu transe e começou a pedir: mais uma, mais uma, mais uma… Os baianos da ESCARNIUM queriam tocar o bis, mas o evento tinha horário para acabar e não podiam perturbar a vizinhança, já passava do horário estabelecido e não rolou o bis. Orgulho de fazer parte do submundo brasileiro e ver shows de nossas bandas brasileiras, com tamanha fúria, técnica e respeito por seu público, não tem preço!