CD/EP/LP

MORRIGAN – Anywnn (Adv. CD 2022)

MORRIGAN (Alemanha)
“Anwynn” – Adv. CD 2022
Werwolf Records – Importado
10/10

DATA DE LANÇAMENTO/RELEASE DATE: 24/06/2022

O nome MORRIGAN, dentro da cena black metal mundial, carrega um histórico de respeito. Para aqueles iniciados nessa cena, o nome MAYHEMIC TRUTH não pode ser estranho, já que essa era a encarnação anterior desse poderoso nome do black metal germânico. O MORRIGAN surgiu em 2000 e lançou álbuns icônicos, sempre carregando orgulhosamente a bandeira do metal negro.


Acusados por algum de copiarem abertamente o BATHORY, a verdade é que o MORRIGAN construiu sua carreira com uma sonoridade visceral em alguns momentos e poderosa, épica e envolvente em outros. Álbuns como “Plague, Waste and Death”, “Enter the Sea of Flames”, “Celts” e “Headcult” pavimentaram uma reputação sólida e um status de uma banda cult mundo afora.

O último trabalho da banda havia sido o álbum “Diananns Whisper”, lançado em 2013. A banda ainda chegou a lançar um split com o Blizzard em 2014, mas depois disso iniciou um longo período de silêncio que culminou em quase uma década sem nenhum lançamento. Finalmente agora em 2022 o MORRIGAN resolveu romper esse silêncio e lança no próximo dia 24 de Junho o surpreendente novo álbum de estúdio intitulado “Anwynn”.


A sonoridade desse álbum me conquistou desde os primeiros momentos, pois temos aqui uma obra que carrega uma carga emocional tremenda. O álbum traz influências muito claras do Bathory em sua fase viking, mas a banda vai além e insere atmosferas mais pesadas, mais densas, como na pesada e sorumbática “White As Snow”. A primeira faixa (depois da Intro “Anwynn”) é “Herald of the Sleep”, uma composição belíssima, cadenciada e cantada soberbamente. Ainda que vocais rasgados estejam presentes, a sonoridade aqui apresentada se ergue triunfante quando o vocal abandona a agressão e abraça cantos que evocam paragens mitológicas de outras eras. Quando o ouvinte se imagina quase saindo do próprio corpo enquanto absorve essa experiência musical, a realidade se impõe e te crucifica com violência quando a raivosa “Blind Witch” se inicia. Que composição é essa ? O belo e o caos se encontram, enquanto tudo se desfaz em um turbilhão de violência. Possivelmente minha faixa favorita nesse álbum cheio de faixas poderosas.

A próxima faixa é “Feoladaire”, uma experiência mais contida e com uma base principal extremamente pesada. Os vocais guturais aqui se unem à linhas mais tétricas e cria um contraste de grande impacto. O termo épico é mais do que apropriado para essa música. Uma atmosfera cinematográfica se constrói quando “Taech Duinn” tem início e realmente você fica esperando que uma cena de grande impacto irrompa de uma tela à sua frente e quando isso começa a se desenhar é quase tribal. A música vai crescendo e envolvendo o ambiente de forma quase sutil até atingir o seu clímax.

“Rome” continua na mesma penumbra épica em que a faixa anterior se esvai e se mantém no mesmo patamar de qualidade. A última faixa propriamente dita é “Ivy”, mais uma longa composição que traz uma pegada bem folclórica na interpretação vocal. Finalmente “Arawn” é uma Outro que encerra um álbum que já entra disparado no top da minha lista de melhor do ano nesse estilo.

O MORRIGAN soube usar toda as suas influências e criou um álbum realmente poderoso.

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