CD/EP/LP

LOS SUFFERS – Quando A Chama Se Apaga  (2022)

LOS SUFFERS (Brasil)
“Quando A Chama Se Apaga” – Digital (2022)
Abraxas Records – Nacional
8,5/10

O LOS SUFFERS é a mais nova potência Stoner/Doom-Sludge Metal nacional saída diretamente da cidade de São José Dos Campos, São Paulo. Formada em 2018 (o kit de imprensa diz 2019, mas tudo bem), por Luiz Dias (vocais e guitarras), Jean Carreira (baixo) e Brendan Kitchen (bateria), a banda já possui dois singles lançados: “Misantropia” e “Satan’s Fire” — ambos concebidos em 2021. Neste mesmo ano eles ainda participaram de um Split “A Nova Onda Do Esgoto” — junto de outros três nomes do submundo sonoro  joseense: Berro Mote, Vivendo No Abismo e Filhos Da Besta.

Quando A Chama Se Apaga” (Abraxas Records), é seu primeiro trabalho completo e engana-se quem pensa que a idade dos músicos ou o pouco tempo de estrada da banda exerceu algum impacto em sua qualidade sonora. O material composto pelo trio exibe um alto grau de profissionalismo, técnica, maturidade e claro, inspiração. Não esquecendo de citar que a ciência musical dos mesmos se expande e tanto a parte composicional quanto a lírica são bem completas e abrangentes. Essa última se vale de diversos fragmentos filosóficos, ocultistas, criticas pontuais e justas ao momento politico brasileiro — representantes e subprodutos do mesmo. Há, ainda, uma bem benquista dose de humor explicitada no  título e letra da quarta faixa do trabalho, “On Jack Tall Back”. Enfim… têm-se os requisitos básicos, em termos de conceito, do Doom Metal, Sludge e Stoner Metal (a eterna “Sweet Leaf”).

Mixado e masterizado por Felipe Rinke e com uma bonita arte de Fernando JFL, o álbum porta seis composições — sendo “Sepulcro” uma curta introdução baseada em sons de vento, prenúncios de chuva e sinos (nada original, mas sempre nostálgico) e “On Jack Tall Back”, cuja duração segue os padrões radiofônicos, embora esteja a milhas de qualquer FM cafona da atualidade. As outras quatro são suítes dedicadas ao arrasto sonoro. Lentas, densas, pantanosas e monolíticas, mas nada obvias, visto que cada minuto dentro das mesmas foi aproveitado ao máximo e devidamente preenchido por diversas dinâmicas, movimentos instrumentais precisos, velocidades alternadas e muito peso (em estado bruto).

Versando sobre a depressão e a aceitação do inevitável, chega “Morte Em Paz”. Peso primitivo, baixo no talo, bateria sólida e vocais melancólicos (com abertura para alguns ótimos guturais). Faixa de abertura perfeita para um lançamento com essas proporções. “Doom Against Fascism” é autoexplicativa. Esmagadora em cada um dos seus mais de 10 minutos e necessária aos dias de hoje e sempre. Não se discute preconceitos, se combate e se aniquila. Simples, não? Monark  discorda, então, foda-se ele! “Stoner Mass” é o encontro entre a brisa do Stoner e a lama do Sludge. Uma das composições mais fodas do disco. Em seguida temos a mais foda das fodas, a sombria “Lúcifer”. “O mal, o mal, o mal não existe. E o bem é mentira”. Nada mais honesto que estas linhas. E assim o álbum se finda com pompa e circunstância.

Quando A Chama Se Apaga”  não apresenta nenhuma inovação ou reinvenção —, apenas reverberando qualidades. Sem excessos, faltas ou extravagancias laboratoriais. Na ausência de ideias originais, revisite as antigas, as estude e as execute com zelo. Simples, não? Mais um grande disco a ser acrescido na galeria dedicada ao som maldito, sujo e desacelerado. O Underground provando uma vez mais que nem só de obviedades e seus sectários vive o Metal Nacional.

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