Lançamento/Release Date: 28/10/2022
Oriundos da ensolarada Flórida, é até contraditório que o som desse trio soe da forma como soa. O WORM, grupo criado em 2012, se aprofunda em um oceano de melancolia, densidade e vastidão de sentimentos e camadas inúmeras de peso. Após o último álbum da banda, “Foreverglade” (lançado em 2021), o WORM retorna com um novo lançamento, dessa vez o EP “Bluenothing”, que traz apenas quatro faixas, mas que são mais do que suficientes para mostrar que a música dos caras vem evoluindo e se tornando mais densa a cada lançamento.
O que me chama a atenção logo na primeira faixa título, a longa “Bluenothing” (com mais de 11 minutos), é a forma que a composição é construída e os recursos utilizados nesse processo. Os teclados se destacam pois colocam na mesa algumas ideias muito boas e não convencionais. Os solos de guitarra são absolutamente fantásticos e oferecem uma veia melódica ímpar em meio ao peso avassalador do instrumental. Os vocais não tentam soar bonitinhos. São ultra guturais e isso cria um contraste muito poderoso entre um instrumental mais climático, temas de guitarra belíssimos e essa podridão vocal, que só abre caminho quando uma linha mais rasgada é invocada. Essa faixa tem um trunfo que é difícil de se conseguir. Apesar do seu tempo longo, é uma música que segue um fluxo muito limpo, não é quebrada o tempo todo e os mais de 11 minutos passam num piscar de olhos. Uma composição realmente diferenciada.
“Centuries of Ooze II” é uma parede de densidade alta que se ergue em meio ao álbum. Que música poderosa. O doom metal deve soar assim quando se busca uma experiência menos acessível. Quando se é possível fechar os olhos e sentir no seu interior a vibração de uma composição como essa, você sabe que o clima criado é o que se espera. Algumas partes da segunda metade da música me lembraram um pouco o velho Cathedral e My Dying Bride. A próxima faixa é a curta “Invoking the Dragonmoon”, que é construída em cima do trabalho incrível das guitarras.
Trata-se de uma peça instrumental com um feeling gigantesco e que serve de ante-sala para a última faixa intitulada “Shadowside Kingdom”, que se inicia totalmente atmosférica, buscando uma abordagem quase como de um filme de fantasia. O seu desenrolar é a grande surpresa pois flerta abertamente com uma velocidade e sonoridade que aproximaria o som do WORM do black metal nórdico em sua vertente mais atmosférica. Mas tudo é colocado dentro de quatro linhas traçadas de forma muito clara pelo próprio grupo e ainda que soe fora de suas influências mais diretas, tudo se torna propriedade da banda, que molda um resultado final incrível.
Em seus pouco mais de 26 minutos de música, o EP “Bluenothing” mostra uma banda surpreendente e com música definitivamente poderosas. O WORM aqui se supera, criando muito mais do que música, mas oferecendo uma experiência musical que te leva para outros níveis. Grande trabalho.
Para fãs de doom metal, Nocturnus, Cynic, Emperor, Limbonic Art, Aghora, etc….