CD/EP/LP

WIEGEDOOD – There’s Always Blood at the End of the Road (2022)

WIEGEDOOD (Bélgica)
“There’s Always Blood at the End of the Road” – CD 2022
Century Media Records (Alemanha) – Importado
9,5/10

Sim, o ano acabou de começar. Sim, ainda não deu tempo de ouvir um bom número de lançamentos sólidos dessas três semanas de janeiro. Mesmo assim, já tenho escolhido o primeiro disco de real impacto de 2022: Trata-se do quarto álbum de estúdio dos belgas do WIEGEDOOD – “There’s Always Blood at the End of the Road”, lançado internacionalmente no dia 14, via “Century Media Records”.   

 Mais uma vez, o Black Metal apresentado pela banda contém traços e elementos atmosféricos, extremamente bem dosados (como de costume). O novo álbum é de uma intensidade absurda, denso, com uma atmosfera constantemente tensa e doentia. Sem falar no peso, que atinge nível inédito na discografia dos caras.

FN Scar 16” é agressiva desde sempre, calcada em riffs hipnóticos e dissonantes, muito bem construídos e interligados. A percussão é veloz e brutal, e praticamente não alterna as linhas, contribuindo para aumentar a sensação de indução ao transe.  

And in Old Salamano’s Room, the Dog Whimpered Softly” se inicia emendando na anterior, criando uma parede de som que mantém a pegada bruta. Os vocais de “Levy Seynaeve” tornam-se cada vez mais extremos e coléricos. A diferença é que aqui, temos uma seção atmosférica que diminui a velocidade, e encerra a faixa com um clima estranho, de expectativa e dúvida em meio a palavras em holandês, balbuciadas com angústia e dor.

 “Noblesse Oblige Richesse Oblige” dúvida rapidamente desfeita, a bateria veloz e as guitarras furiosas retornam com tudo. Os riffs evoluem de forma complexa e agressiva, e voltam a conectar-se de forma brilhante, formando um turbilhão inevitável e grandioso de dissonância. Uma das peças individuais mais esplêndidas já produzidas pelos belgas.

 “Until It is Not” avança em ritmo médio, com os gritos desesperados destacando-se além do instrumental. A bateria mostra-se mais variada e versátil, enquanto o baixo e as guitarras criam temas persistentes, recorrentes. A faceta diferenciada aparece no segmento final, com a inserção de sons incomuns, de jeitão Industrial / Noise.

Now Will Always Be” tem guitarras acústicas e mais sons eletrônicos sujos na abertura. É uma faixa extensa, rolando acima de oito minutos. O início bizarro dá lugar à percussão novamente raivosa, acompanhada de guitarras quase limpas e, paralelamente, doentias. Os vocais entoam praticamente um mantra, lembrando momentos recentes de URFAUST (HOL) e FYRNASK (ALE). A banda funde com sucesso e naturalidade o melhor do Atmosférico / Ambiente com o melhor do metal extremo, numa mesma faixa.

 “Wade” é um interlúdio instrumental de menos de dois minutos, de guitarras acústicas distorcidas e sinistras, que no final tiram um som típico da música flamenca. “Nuages” volta ao caos, e tem um dos inícios mais extremos e perturbadores do álbum. Coisa linda o que os caras fazem aqui, performances individuais e conjuntas invejáveis. O clima de tempestade só cessa no segmento final da faixa, esquisitão e insano (no sentido mais puro e literal da palavra).

 “Theft and Begging” volta a explorar e desenvolver alguns dos riffs mais viciantes do início do álbum, mantendo o ouvinte sob constante assalto sonoro. A quebra de ritmo é fantástica, e rende momentos menos velozes memoráveis, com leads vigorosos das guitarras que a conduzem de volta ao olho do furacão, finalizando com a mesma intensidade da sua abertura.

 “Carousel” abre com guitarras afiadas e imundas, de estruturas incomuns, ousadas e bastante criativas, logo seguidas de perto por bateria e baixo. O que se cria a partir de um riff majestoso é uma abominação dissonante e sombria, simultaneamente repelente e fascinante. Ótimo destaque individual e encerramento glorioso para a obra. Vale conferir o vídeo disponível para a faixa no YouTube.

 Trabalho fenomenal do WIEGEDOOD. No seu quarto álbum de estúdio, a banda atinge seu ápice e entrega uma obra grandiosa. Audição obrigatória desse começo de ano. Para fãs de Metal Extremo em geral, e mais especificamente, de DER WEG EINER FREIHEIT (ALE), WINTERFYLLETH (ING), URFAUST (HOL), AUÐN (ISL), WOLVES IN THE THRONE ROOM (EUA), MGŁA (POL) e FLUISTERAARS (HOL).

 Tracklist a seguir, duração total de 44:25 minutos:

1 – “FN Scar 16”

2 – “And in Old Salamano’s Room, the Dog Whimpered Softly”

3 – “Noblesse Oblige Richesse Oblige”

4 – “Until It is Not”

5 – “Now Will Always Be”

6 – “Wade”

7 – “Nuages”

8 – “Theft and Begging”

9 – “Carousel”

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