Entrevistas

TOTAL DESASTRE – Underground por excelência !

Gislene:   Olá Walter, é com enorme satisfação que fazemos este bate papo contigo pelo The Old Coffin Spirit Zine. Muito grata pela oportunidade de falarmos um pouco sobre a Total Desastre, espalhando ainda mais a blasfêmia. Na época, o Ratto tinha o seu projeto CrustPunk e estava fazendo sons novos, aí surgiu a ideia de fazermos algo juntos.  A ideia de ter uma banda era para fortalecer o submundo cuiabano. Já tínhamos muitas bandas no underground aqui da cidade e a Total Desastre seria mais uma maldição sonora para atormentar o submundo local.  A atual formação hoje é apenas eu e o Ratto e com sons novos para gravarmos, nisto estamos contando com o apoio dos nossos irmãos do Escafandro (MS), pra conseguirmos gravar um novo material, por enquanto à distância. Mas em breve pretendemos ter uma nova formação aqui na cidade mesmo, para não perdermos o que há de melhor em ter uma banda, que são os ensaios aterrorizantes e alcoólicos.

Gislene – No início, 2006 e uma boa parte de 2007, a formação era eu, Ratto e o Cachorrão. Um tempo depois entrou na banda o Sadomaniac (Vocal da Necrosodomy) como segunda guitarra, o Camilo entrou em 2008 para dar força em duas apresentações, depois o Sadomaniac saiu e o Camilo continuou com a gente para a gravação do Tropas da Morte. Camilo ficou na banda até 2017, por motivos de trabalho não consegui mais conciliar os ensaios do T.D. e seu trampo. Seu grande desejo era de se dedicar a choperia que tinha recém aberto na época, do qual estava tomando muito o seu tempo inclusive finais de semana. Nisto, quem assumiu o baixo por um tempo foi o  Juninho, mas não chegou a gravar nenhum material conosco.  O Camilo foi um integrante muito importante para o Total Desastre, além de grande apoiador e incentivador do underground cuiabano. Sua morte deixou todos aqui muito tristes, perdemos um grande irmão, que sempre fez de tudo pra que as coisas acontecessem.  Um mês antes de acontecer o acidente, tínhamos conversado com ele para que retornasse para a banda, mas dessa vez como segunda guitarra, mas infelizmente não deu tempo. Já com o Cachorrão, depois da pandemia, nosso grande irmão de maldição, foi morar em uma outra cidade, Barra do Garças MT, vindo ensaiar uma vez por mês,  situação que ficou difícil para ele.  Com o tempo começou a vir com espaço de tempo de quase dois meses, até que por conta de dificuldades financeiras e de saúde teve que se afastar da banda. Mas nossa irmandade continua e sentimos muitíssimo a falta de estarmos juntos todo o final de semana, pois assim foram 16 anos produzindo blasfêmias juntos.

Gislene – Conheci o rock e o metal aos meus 11 anos, quando fazia a 6a série, com alguns colegas de sala, onde dentre eles tenho grandes amigos até hoje. Uma época de muitas descobertas, encontrando nesse estilo tudo que eu procurava para minha vida, uma identidade e uma ideologia de vida, com muita crítica  e munição para argumentar contra o modelo social, político e religioso. Falando de se sentir parte deste meio subversivo desde os 11/12 anos, sendo uma mulher neste meio, onde muitos eram os homens que agiam de forma conservadora em suas atitudes, inicialmente foi um grande enfrentamento. Um meio onde os homens, na sua maioria, viam as meninas como caça cabeludo e não que elas estavam ali por conta do som e das ideias.  Eu tinha a minha forma de mostrar força e uma postura de enfrentamento, não deixando ninguém crescer pra cima de mim. Sempre fui muito encrenqueira, talvez isso inibia certas atitudes dos caras na minha frente, mas também porque os homens que estavam mais próximos de mim se tornaram grandes amigos. Outra situação, é o fato de nunca ter me importado com o que um ou outro falasse ou agia, sempre conquistava meu espaço e dava o foda-se para os demais, sempre fazendo o que eu queria. Digo tudo isto, em meio ao movimento metal que eu estava me inserindo. Já no âmbito geral da sociedade, o enfrentamento foi muito mais pesado, este sim foi e é muito mais árduo.

Gislene –  Vim para o MT quando criança, em 85. Infelizmente acabei perdendo este acesso à região muito cedo, voltando para o Paraná muitos anos depois, somente para visitar alguns parentes. Não conheço bandas exatamente da cidade que nasci e de Foz do Iguaçu, mas do estado do Paraná conhecemos várias satânicas bandas e temos muitos metal bangers brothers por aí.

Gislene – Temos amizade com os grandes irmãos do Escafandro à longa data, já dividimos palco muitas vezes e sempre que nos encontramos é muita troca de ideias e bebedeiras. Trocamos ideia com eles sobre esse apoio ao T.D. em gravar um novo material, mas isso tudo à distância. Ratto está gravando as guias dos sons pra eles criarem o restante dos trampos de cada instrumento, já gravando em estúdio onde eles ensaiam em Ponta Porã MS. Vamos gravar quatro sons que vai sair em split com uma banda de hellbrothers, o Funebrö

Gislene – Os integrantes do Funebrö também são nossos grandes amigos e irmãos de subversão. Além de que eles executam um som matador, com muita energia negra, que gostamos demais da conta.  A união para lançarmos este material juntos, surge a partir em um evento em que o Funebrö tocou em Campo Grande, em que Ratto foi apreciar o feito maldito. Ali nasce esta grande amizade. Depois de muita troca de ideias, o Ratto  fez a proposta para realizarmos esse trampo juntos, pois somos grandes admiradores da sonoridade demoníaca que esses malditos fazem. Ainda não temos uma data, pois as duas bandas estão em processo de criação, mas assim que as coisas forem andando e sendo finalizadas, vamos fazer a divulgação. Com relação a selo não temos nenhum até o momento, tanto porque não foi feita nenhuma divulgação desse trabalho ainda, a não ser agora aqui contigo.

Gislene – Realmente são influências diferentes, onde a T.D. e Escafandro possuem sonoridades totalmente diferentes.  Mas, como a parte da criação dos sons da T.D. é toda com o Ratto e o Escafandro estará trabalhando o som com seus feelings,  acreditamos que vai contribuir para o crescimento e desenvolvimento da sonoridade, mas sem descaracterizar a essência da banda. Imagino que se o Ratto não fizesse mais as músicas e houvesse outro guitarra criando, acho que aí mudaria as características da banda. No entanto, sempre tivemos na banda um pensamento de melhorar os sons a cada criação de um novo material e com essa união entre as bandas, vai trazer esse novo contexto na sonoridade da Total Desastre.

Gislene –  Durante anos, tudo que é insano em questão de criação musical já foi feito por grandes bandas. O que bandas atuais fizerem sempre vai  parecer com algum som já existente,  isso é a influência, não é cópia, mas a referência de som que as bandas vão dar continuidade. Muitas bandas antigas tentaram se encaixar nessas referências comerciais da música, vemos isso no som e também no visual. Neste contexto muda também a cabeça dos que levam o submundo como identidade cultural e modo de vida. Nossas grandes influências são bandas antigas e atuais,  as bandas antigas como Dark Angel, Kreator, Sodom, Destruction, Venom, Hellhammer, Celtic Frost, Desaster, Motorhead, Death, Slayer, Benediction, Protector, Bolt Thrower, Black Sabbath, Judas Priest, Rotting Christ, Morbid Angel, Infernal Majesty, Sacrilege, Sadus, Possessed, Vulcano, Headhunter DC, Mystifier, Sarcófago, Sepultura, Dorsal Atlântica, Attomica, Mutilator, etc. São muitas as bandas, mas o som que temos como referência é o mais sujo, agressivo e insano, então não cabe em nossas influências som moderno comercial. As bandas importantes que está presente na criação do som Total Desastre são:  Destruction (na sua origem), Desaster, Dark Angel, Kreator, Sodom, Onslaught, Exciter, Merciless, Poison, Violent Force, entre outras, são várias as bandas que estão como referência, as mais agressivas e rápidas possíveis.

Gislene –  O Tropas da Morte foi gravado em 2008, uma demo que teve uma boa gravação, mesmo sendo ensaio ao vivo e que por conta das condições de cada um lançamos em formato CDR e capa simples e 6 sons. Fizemos uma divulgação por cartas e de mão em mão. Este é o material que percebemos que a galera mais curte. Já o Infernal Metal Ataque gravamos em 2013, mesmo procedimento, gravação e ensaio ao vivo.  Este possui um formato um pouco melhor com relação à arte, mas ainda no mesmo formato CDR printado, também divulgação independente. Neste material, temos oito sons, dos quais era para ter sido lançado apenas 5 e os outros 3 eram para lançar um outro material, uma split. Contudo, acabou saindo todos os sons. Temos também o material que saiu mais recente, final de 2022, nominado Trágica Existência. Do qual gostaríamos de ter feito um material mais profissional, mas por conta das condições financeiras, continua sendo um CDR printado, com uma capinha moldes digifile, contendo 5 sons e também lançamento independente. As influências dos 3 integrantes vêm do Death, Thrash, Black e o heavy metal e suas vertentes, que dá ao total desastre a sua identidade. Usamos de todas as nossas influências para construção do som, sem nos prendermos a um único estilo, a uma única pegada de som, mas sim, produzimos de forma livre sem nos preocuparmos em nos fixar em somente uma pegada, mas sim que soe negro, blasfêmico e pesado. Quem compõe toda a parte instrumental e letras é o Ratto, mas a banda sempre teve a liberdade de reformular os sons criados, tanto som, quanto letra. Somente uma letra foi escrita por mim (Ódio e Sangue) e outra pelo Cachorrão (Morte, Sangue e guerra). Apesar de eu não precisar fazer as letras, por conta de termos muitas escritas pelo Ratto, tenho a liberdade na interpretação das mesmas, colocando a minha essência nos berros soados.

Ratto  –   “As temáticas falam do ser humano enquanto ser contraditório, de suas guerras em busca de poder e dominação. As letras retratam a perversidade, o egoísmo e o comportamento reacionário destes seres que vivem em constantes contradições. Pessoas errôneas que não admite tais erros e dão sempre continuidade as diversas atrocidades que estão sendo feitas em nome de uma religião, que sempre quer ordenar a vida das pessoas em sociedade”.

Gislene – Vejo as letras, de uma forma muito poética, retratar o lado mais cruel e perverso do ser humano. Letras como: Total Desastre; Morte, Sangue e Guerra; Tropas da Morte; Inabitável Submundo; Perversas Criatura; Vingança; Aríetes da Destruição; Extremo Caos; Armagedon, Ódio e Sangue …”pois é de seu sangue derramado que os cães sobrevivem”… aí vai… A aniquilação de uma cultura, sofrida pelos povos originários da nossa terra, retratada na letra do Inimigo Mítico, que possui uma fala que me arrepia sempre “Demônios livres, nunca serão escravizados”, que o Ratto a introduz falando em Guarani. Além da introdução dada ao material “Infernal Metal Ataque” que retrata o momento histórico cruel vivido pelas mulheres que eram apagadas de sua existência, de forma extremamente cruel, ao serem chamadas de bruxas. Ainda na fala do Ratto, em sua visão como professor de sociologia: _ “Com relação aos ditos “conservadores”, acreditamos que estes não têm nada a preservar enquanto valores morais e sociais, pois esses valores como ” deus, trabalho e família” são valores de comunidades tradicionais. Nas cidades esse conservadorismo vem do campo pra cidade,  mas com o sentimento nacionalista na modernidade a pátria entra no lugar do trabalho, e valores nacionalistas entram na vida da população com o ensino da OSPB, Educação Moral e Cívica e ensino religioso nas escolas. Essas pessoas que hoje defendem os valores religiosos é porque a catequese não saiu da cabeça e do comportamento dessas pessoas”. Temos também letras que tratam da nossa visão de submundo em meio ao underground metálico. Musicas como: Fúria Metal; Guerreiros Demoníacos e Infernal Metal Ataque. Letras que falam de questões voltadas as crises existenciais, que levam as pessoas a se apoiaram nas crenças daqueles que os aprisionam, como: Pesadelos, Trágica Existência e Gênios da Mentira. Contudo, vejo uma ligação entre todas estas letras, que é a existência caótica que o ser humano cria em sua volta, com a necessidade de um enfrentamento ou aceitação, ambas gerando conflitos e banimentos. Como a maior mentira criada pelo homem, dita na introdução do material “Trágica Existência”.

Gislene –  Nós que agradecemos a ti Walter, pela divulgação que está fazendo do nosso som T.D, pela oportunidade de falarmos sobre nossos pensamentos apresentados em forma de urros, berros, blasfêmia e distorções. Seu trabalho envolve a divulgação de tantas bandas que estão aí apresentando ótimos materiais e sempre movimentando as ideias para que nunca fique no esquecimento quem somos e o submundo em que vivemos. Falando do terceiro e atual material que divulgamos, o “Trágica Existência”, seus sons já vinham sendo trabalhados desde após o lançamento do segundo material, isso fez com que esses sons fossem modificados ao logo dos ensaios até a sua gravação. A gravação deste material era para ter sido realizada em 2018, pois já tínhamos todos os sons prontos, mas teve algumas situações que levaram para frente. Adiamos para após o retorno do festival São Caos no final de 2019, foi para o início de 2020. Chegou o momento, estava tudo pronto, aí veio a pandemia e tivemos que parar as atividades da banda. Com a vacina voltamos a ensaiar aos poucos, ensaios que eram realizados no próprio bar (que chamávamos da nossa segunda casa) “Cavernas Bar”, esta era a casa do verdadeiro Cão, o Cachorrão. Grandes e maravilhosas memórias desta época.  Durante a pandemia eu e o Ratto começamos a idealizar um home Studio, para gravar as cordas e os vocais, para depois só ir o Cachorrão para o estúdio, já que ainda estávamos seguindo a política de isolamento, assim menos pessoas no mesmo espaço era a melhor opção.  Com tudo, ainda resolvemos gravar em 2021 todos juntos no estúdio, mas como a pandemia nos desestabilizou financeiramente, principalmente ao baterista, que por sua vez, sua sobrevivência dependia do bar, adiamos mais alguns meses. Veio também um grave problema com minha saúde, que gerou a necessidade de uma cirurgia para curar um refluxo que já estava gerando sérios problemas na minha garganta, sofrendo assim essa cirurgia no início de 2022.   Foi neste momento que conseguimos acordar a gravação com o estúdio onde já estávamos ensaiando, para nos familiarizarmos com o ambiente e equipamentos. Enquanto eu estava em período de recuperação da minha cirurgia, o Ratto e o Cachorrão foram fazendo a gravação das cordas e bateria, para depois eu encaixar o vocal e os backing vocal. Feito tudo, iniciamos a equalização , os cortes, ajustes e depois a mixagem e a masterização dos sons. Na idealização do Ratto e nossa também, este material seria a melhor gravação ensaio que já fizemos, por conta dos recursos que utilizamos, mas no andar desta produção percebemos a dificuldade da pessoa que estava fazendo o alinhamento dos sons, de entender a proposta sonora da banda e não saiu tudo que  esperávamos. Mesmo estando presentes em todo o processo de mixagem e remasterização das músicas, o resultado ainda ficou a desejar. O Ratto, com toda sua paciência, depois de cinco meses indo e vindo do estúdio, resolveu lançar do jeito que estava, pois não dava mais para investir neste processo.  Para muitos amigos que ouviram o material, dão um feedback de que gostaram da gravação, mas para nós que sabemos como o som deveria sair, ficamos com um gostinho de que poderia ter tido um melhor resultado. Como exemplo, a segunda guitarra que não aparece em muitas passagens, como o som do baixo que em momentos fica mais alto e depois fica com baixa evidência, a altura da bateria que desaparece em vários momentos, desencontro de instrumentos e vozes. Gravações separadas como 2ª guitarra, baixo e vocais, que ajustamos juntamente com o profissional, mas mesmo assim a entrega voltava como se não tivéssemos feito nenhum tratamento.  Por isso ainda temos a ideia de finalizarmos nosso home Studio, para termos nosso som sendo gravado/produzido por nós mesmos e facilitar este processo. Depois só encaminhar para um profissional conhecedor do metal, somente para a masterização e equalização do som. Para finalizar e não querendo desvalorizar o trabalho realizado, a muitas décadas, por este profissional, aqui em Cuiabá, atendendo a muitas bandas do rock e nos últimos anos do metal também. Um cara sensacional e com envolvimento neste meio deste a década de 80 e que já idealizou ótimos trabalhos. Entendemos que neste momento, possa estar em uma fase, talvez pela habilidade que perdemos naturalmente com os anos e a falta de atualizações em uso de seus equipamentos e recursos que são facilitadores atualmente, não o possibilitou atender a todos os nossos anseios. Mas gostamos muito da mensagem que transmitimos através do Trágica Existência, com toda sua essência, força, rebeldia, sonoridade caótica, suja e agressiva. Isto que importa, muito mais que ficar tudo muito bem encaixadinho. Mas claro, sempre na busca de fazermos um material mais profissional em linhas de gravação e gráfico.

Gislene – Lançamos independente porque queremos o nosso material, assim que gravado, fortalecendo o submundo, onde o pensamento subversivo e contestador está sempre em efervescência. E para conseguir um selo/distro leva tempo até conseguir. Também não temos materiais lançados por selos/distros porque não curtimos a ideia de “oferecer” o nosso som, para não ter falas que estamos “pedindo ou insistindo” pra lançar nosso material. Pensamos que, se existe o conhecimento da existência da banda, se a pessoa estiver interessada e curte a proposta da banda, que o contato seja feito e que a parceria seja construída. Alguns não curtem o nosso som porquê misturamos gêneros metálicos e que ainda não temos características profissionais na execução dos sons e na produção de nossos materiais. Entendemos que muitos selos querem retorno financeiro ao fazer parceria com as bandas, por conta dos gastos feitos no lançamento do material e para ter esse retorno é preciso a divulgação constante desse material, principalmente em redes sociais e plataformas. Nós não somos contra isso, pelo contrário, divulgamos nossos materiais direto nesses meios, assim como divulgamos nosso material sem cobrar por eles. Alguma parceria com algum selo, em algum momento, pode ser que aconteça.

Gislene – Nessa época, dos anos 80 e 90, tínhamos muita dificuldade para conseguir material, ter show, além de não ser de fácil acesso as informações sobre universo metálico no mundo e até mesmo do Brasil, principalmente para os que residiam em cidades mais periféricas do país. Para se fazer circular o que algumas pessoas conseguiam, era feito umas festas na casa de um, do outro, para curtir um som e trocar materiais.  Outro meio que tínhamos, eram as  cartas, que a partir daí recebíamos zines com informações do submundo de outras regiões, distribuição de demos, circulação de revistas etc. Sendo esta a nossa realidade e de muitos que viveram esta época. Vejo que a internet veio para facilitar e melhorar para todos, tanto para contatos, quanto para termos acesso a conhecer novos sons o tempo todo. Já com relação ao Total Desastre não conseguimos tocar em muitas regiões, provem muito do pequeno espaço de tempo que temos por conta do trabalho de cada um. Eu e Ratto que não conseguimos liberação do trabalho formal, no caso do Ratto ele é professor, o Cachorrão tinha o bar e não dava pra deixar por muito tempo sem ele administrando e o Camilo que tinha dois empregos. Nisto, tinha que ser nas férias ou um bate e volta que não atrapalhasse o retorno ao trabalho na semana seguinte. Tocamos em Campo Grande(MS) pois o trajeto é rápido, para irmos e voltarmos, e os organizadores dos eventos são nossos grandes amigos e sempre tivemos convites, grande satisfação e honra em tocar nesta terra infernal, da qual tem uma cena maníaca. Além de Dourados, também MS.  Já tocamos duas vezes no interior de São Paulo, no festival São Caos, que acontece em São Carlos, (SP) evento realizado também por grandes amigos, onde encontramos nesse evento pessoas magníficas que estão envolvidas com o submundo até o osso. Tocamos também na Bolívia, Santa Cruz, onde tem um movimento muito forte e maníacos, com muitas bandas envolvidas e ativas em diversas atividades do underground. E por último, agora em 2023, tocamos em Brasília, no festival Hadbangers Attack, a convide do nosso amado amigo Felipe CDC. O submundo no Matogrosso do sul, Bolívia e todos os lugares que já pisamos, são todos insanos, sim, temos muitos amigos no MS e na Bolívia e esperamos um dia voltar a tocar nestas terras malditas e também em outros países da América do Sul.  Com relação a custos, nunca cobramos pra ir tocar, mas sempre tivemos ajuda com custos, alimentação, local para descanso. Sempre fomos com muita satisfação, sempre um enorme prazer ir fazer parte desses rituais demoníacos com grandes bandas do submundo. O único prejuízo de quem nos convidou pra tocar, era de liberarem cachaça para o Ratto, Cachorrão e o Camilo, esses três não tinham limites pra beber(rs). Já fomos convidados para tocar em outras regiões, mas como falei acima, a dificuldade era com relação ao trabalho de cada um. Hoje a banda é só eu e o Ratto, agora tá difícil de irmos tocar até termos uma nova formação. Com nossos brothers da Escafandro, estamos vendo se eles poderão nos acompanhar para tocarmos em algumas regiões que já recebemos convite. Possivelmente, se for mais próximo de Ponta Porã, (MS) que eles possam ir.

Gislene -Sabemos que o deslocamento de um lugar para outro gera custos como transporte, comida, hospedagem, eventuais problemas não esperados. Então, quando uma banda sabe que não tem esse dinheiro, lógico que a ajuda tem que partir de quem está organizando o evento. Tem bandas que não cobram pra tocar? Me refiro a cobrar, o fato de exigir um cachê. Para aqueles que possuem a condição financeira, a satisfação e prazer de contribuir com o submundo, possivelmente esta banda não irá cobrar um cachê, mas talvez uma ajuda de custo, dentro daquilo que é negociado em conjunto com o(s) organizador(es) do show. Considerando que muitos dos eventos de metal não possuem grandes patrocínios, mas sim cotas entre idealizadores, que também retiram altos valores do próprio bolso só para que a reunião da maldição aconteça. Em uma realidade onde o organizador do evento possa conseguir apoio da cultura, algum patrocínio que possa suportar as despesas do evento, mais do que justo é dar um cachê para as bandas que estão, também, contribuindo com a realização do evento. Quem critica as bandas por cobrarem uma ajuda de custo, acredito que não entende a realidade de cada um. Como por exemplo, uma banda que se situa no interior de um estado, que esses não possuem condições para ir por conta, aí tem que deslocar para a capital, aí já tem ônibus até lá, da capital pegar ou outro ônibus ou um avião, o custo para essa banda sairia muito alto.  Pensamos, que para quem organiza um show também possui altos custos, pois realizar um evento não é fácil, além de caro. Essa parceria entre produção, ajuda de custo ou cachê, quando bem organizado não gera prejuízo pra ninguém. O Ideal seria o evento ser realizado, as bandas retornarem para suas cidades e o organizador tem um caixa para o próximo evento.  Um  conjunto de forças para mover o submundo.  Importante colocar em evidência, que as bandas são a continuidade de um conjunto de ações artísticas e literárias, que existem nesse underground, não sendo ela a mais importante, mas sim tão importante quanto todas as outras ações que envolvem a sobrevivência deste submundo, assim como cada pessoa do movimento na sua individualidade. Temos nos tempos atuais um agravante, que pode gerar prejuízo, que já acontece, que é a diminuição do público nos eventos, não gerando caixa. Nisto, tanto organizador como bandas podem sair no prejuízo. Por isso, quando há um evento organizado por amigos e que conhecemos a realidade dessa localidade, vamos por conta, mas se for um evento grande com todo o suporte possível para a realização do show, aí pedimos pelo menos o básico. Tudo entra em um acordo, passagem de ida ou volta, hospedagem e rango.  Temos que entender a realidade de cada localidade e as condições de cada organizador de show, se a pessoa faz por prazer e não quer ganhar grana com o underground, mas sim dar continuidade as insanidades do submundo. Pois show não é só você ir ver a banda, tem o encontro com os amigos, fazer novas amizades, beber uma cerveja e trocar ideias, materiais e ter o prazer de conhecer a cidade e as pessoas onde você está tocando.

Gislene – Em Cuiabá, no passado, sempre teve a  realização de muitos eventos, muitas bandas e um enorme público pela cidade, movimentando o underground de vários gêneros, sempre todos juntos, tanto no rolê como no palco. Um pouco disto é contato pelos dois documentários citados na pergunta, do qual fizemos uma singela participação no documentário sobre a cena cuiabana, que traz um relato de como tudo começou no MT. Cuiabá e MT sempre teve uma movimentação forte no cenário rock/metal e punk e bandas que marcaram uma época, como foi a GTW. Quando vim morar em Cuiabá, em 1999 (antes só vinha assistir alguns shows), tive a maravilhosa satisfação de assistir a primeira das 9 edições do festival Art Underground, que para nós metalbangers do MT e de todo o centro-oeste, foi grandioso demais para as nossas vidas. Festival este que movimentou todo o cenário do metal nacional com maestria pelos incríveis idealizadores, Marcia e Marcelo Zoião. Sou muito grata por ter vivido esta experiencia, por ter feito parte desta história tão importante, escrita através do Art Underground. Assistam o documentário, leva o nome do festival, um belíssimo registro. Sobre o Cavernas Bar, sem conseguir separar o nome do nosso grande irmão Cachorrão, sempre foi nossa casa, nossa grande moradia. Uma casa que sempre abraçou a vários movimentos de subversão, um local importantíssimo para todos os metaleiros, rockeiros, punks e góticos do nosso estado de MT. A moradia das ideias mais insanas, dos eventos mais blasfêmicos, de toda a subversão que movimentávamos entre as bandas e o seu público. Como o povo foi envelhecendo, as atividades musicais foram diminuindo, o público se dispersando pelas várias opções que a cidade oferece. Existem muitas bandas ativas por aqui,  que com o fim do Cavernas Bar, ainda tentam organizar alguns eventos e reunir as bandas em um local ou outro, sem um local fixo ainda.  Com relação a zines, não tem mais ninguém aqui que faça esse trampo, até onde eu sei. Já Selo e produtora, temos a Nails in Deep do nosso grande amigo Marcos Marinho, que voltou a fazer show´s. Nosso grande amigo Vicente, com  a Vendetta Produções, que já vem a 15 anos idealizando eventos importantíssimos para o metal do MT com outros países. E para 2024 já está com mais nomes do metal nacional e internacional para se apresentar por terras infernais. O submundo Cuiabano e matogrossense sobrevive e resiste, e a galera aqui sempre tá buscando novas formas de realizar diversas atividades artísticas e musicais neste inferno climático de Cuiabá. O underground cuiabano nos dias de hoje vai sobrevivendo, com eventos que ainda vem a fortalecer este submundo. A galera mais antiga, apesar das dificuldades, busca deixar o underground ativo e vem surgindo também uma galera mais nova, que está contribuindo com os eventos comparecendo em peso nos shows e isso é muito massa. O problema que ainda existe o hábito de se fazer show a partir das 22h, com isso muitos, tanto para os mais velhos quanto para os mais novos, não ficam mais até o final do evento, por isso a importância de se discutir sobre realizar os shows mais cedo, pra que todos possam fazer parte do show do começo ao fim. O submundo Cuiabano e matogrossense sobrevive e resiste, e a galera aqui sempre tá buscando novas formas de realizar diversas atividades artísticas e musicais neste inferno climático de Cuiabá.

Gislene –  É perceptível que no Brasil está tendo uma grande movimentação em questões de show, eventos, produções e divulgação. Não sei te dizer como está e o que precisa mudar somente vendo essa movimentação pelas redes sociais ou indo uma vez ou outra para certas regiões. O que percebo que a movimentação está grande e muita coisa está sendo produzida, isso acaba de vez com a ideia de que alguns dizem sobre “o metal está morto e nada de novo está sendo produzido”. Gostaríamos de estar mais presentes em todo este movimento, mas participamos no que é possível, sempre em contato com muitas bandas e produções de amigos e envolvidos até o osso para a roda girar.  Sobre o que continua o mesmo, bom isso todos já sabem, cada localidade tem os seus seres incoerentes, comportamentos e pensamentos que não é a essência do submundo. Pois, o submundo é subversivo, contestador, profano e anti-dogmas. Mas, sabemos que certos comportamentos estão aí desde de sempre e há muita passada de pano para certas atitudes que devem ser expurgadas do nosso meio. Outra percepção que tenho, que ainda continua, infelizmente, é o movimento dos grandes centros, como o eixo SP, Rio e BH, ainda serem o foco para muitos que procuram outras regiões para irem em shows . Além das bandas que sempre estão se movimentando neste eixo, serem sempre as mesmas, as que já fazem parte a muito tempo dali ou que tem origem ali neste núcleo. Bandas de outras regiões como do norte, centro oeste, sul e até mesmo do nordeste, não são muitas vezes conhecidas pelas pessoas que residem no grande eixo, a não ser as mais antigas. Temos bandas no nosso país que são mais conhecidas lá fora do que no próprio brasil, que muita gente não conhece.

Gislene, obrigado pelo tempo cedido a nós, suas considerações finais. Obrigado e Força Sempre! Nossos planos com o Total Desastre é ter a formação completa novamente e lançar mais materiais. Hoje estamos em parceria com nossos amigos do Escafandro, mas depois não sabemos se eles poderão continuar dando esta força para nós, pois eles, além do Escafandro, também possuem outras bandas e projetos que envolvem ensaios, gravações e shows.  Nisto, o Ratto já tem em mente buscar amigos que possam ajudar em futuras gravações, principalmente com a bateria, na intenção de nunca parar. Com o propósito de já para estes próximos 2 anos, de lançar duas splits e mais um novo material do Total Desastre.  Além da Total Desastre temos o Raw-Evil que está ativo, Ratto tem outras duas bandas, vamos estar sempre perturbando o submundo com sonoridades caóticas e subversivas. Walter, ficamos muito felizes por termos participado do The Old Coffin Spirit Portal. A entrevista nos deu abertura para falarmos de muita coisa que é de extrema relevância para nós, principalmente para podermos mostrar a essência do que fazemos e sua importância. Fica aqui nosso grande abraço e esperamos poder conhece-lo pessoalmente para podermos trocar uma ideia, ouvir um som com muita blasfêmia. Grande abraço e que a maldição se espalhe para todos os lados do nosso submundo.

Starting our work in 2024, we will open with a chat with the people from the band Total Desastre from Cuiabá, Mato Grosso, telling us a little more about their history, their vision of the underground and about the latest works released in the underworld. We at The Old Coffin Spirit Zine & Portal, despite it being March already, wish all our friends and readers a great year with lots of metal in their lives in 2024.

Greetings, Gislene, it is a pleasure to do this interview with you. Welcome! Total Desastre woke up from the catacombs in 2006 and the band already has its history and legacy within the underworld, but could you present the current lineup and why you decided to form a Metal band at that time?

Gislene – Gislene – Hello Walter, it is with great pleasure that we have this chat with you for The Old Coffin Spirit Zine. Very grateful for the opportunity to talk a little about Total Disaster, spreading the blasphemy even further. At the time, Ratto had his CrustPunk project and was making new sounds, so the idea of doing something together came up. The idea of having a band was to strengthen the Cuiaba underworld. We already had many underground bands here in the city and Total Desastre would be another sonic curse to torment the local underworld. The current lineup today is just me and Ratto and with new sounds to record, in this we are counting on the support of our brothers from Escafandro (MS), to be able to record new material, for now from a distance. But soon we intend to have a new lineup here in the city, so as not to lose the best thing about having a band, which are the terrifying and alcoholic rehearsals.

In the beginning, the band was formed by you Gislene on vocals, Cachorrão on drums, Ratto on guitar and Camilo Saes (r.i.p./2021) on bass. Recently, you lost a very important member in the band’s history, right? It was difficult to accept the death of a friend and fighter from the Cuiabá scene and with Camilo’s premature departure, maybe that’s why there was a separation in the band and it was just you and Ratto? Why is drummer Cachorrão no longer part of this evil and cursed horde?

Gislene – Gislene – At the beginning, 2006 and a good part of 2007, the lineup was me, Ratto and Cachorrão. Some time later, Sadomaniac (Vocal of Necrosodomy) joined the band as second guitar, Camilo joined in 2008 to support two performances, then Sadomaniac left and Camilo continued with us for the recording of Tropas da Morte. Camilo stayed in the band until 2017, for work reasons I was no longer able to juggle T.D.’s rehearsals. and your job. His great desire was to dedicate himself to the beer bar that had just opened at the time, which was taking up a lot of his time, including on weekends. In this case, Juninho was the one who took over the bass for a while, but he never recorded any material with us. Camilo was a very important member of Total Desastre, as well as a great supporter and encourager of the Cuiabano underground. His death left everyone here very sad, we lost a great brother, who always did everything to make things happen. A month before the accident happened, we had talked to him about returning to the band, but this time as second guitar, but unfortunately there was no time. With Cachorrão, after the pandemic, our big cursed brother went to live in another city, Barra do Garças MT, coming to rehearse once a month, a situation that became difficult for him. Over time he began to come together for almost two months, until due to financial and health difficulties he had to leave the band. But our brotherhood continues and we really miss being together every weekend, as it was 16 years of producing blasphemies together.

How did Rock/Metal come into your life? And what is it like for a woman to be part of this metallic and subversive world?

Gislene – Gislene – I discovered rock and metal when I was 11 years old, when I was in the 6th grade, with some classmates, among whom I have great friends to this day. A time of many discoveries, finding in this style everything I was looking for in my life, an identity and an ideology of life, with a lot of criticism and ammunition to argue against the social, political and religious model. Speaking of feeling part of this subversive environment since I was 11/12 years old, being a woman in this environment, where many men acted conservatively in their attitudes, initially it was a big struggle. An environment where men, for the most part, saw girls as wild game and not that they were there because of the sound and ideas. I had my way of showing strength and a confrontational stance, not letting anyone get over me. I’ve always been a big troublemaker, maybe this inhibited certain attitudes of the guys in front of me, but also because the men who were closest to me became great friends. Another situation is the fact that I never cared about what one or the other said or acted, I always conquered my space and said hell to others, always doing what I wanted. I say all this, in the midst of the metal movement that I was part of. In the general scope of society, the confrontation was much more difficult, this one was and is much more difficult.

I’ve known Total Desastre’s sound and work since 2014, or so. But we recently started exchanging ideas with each other and I learned in these conversations that you are from the western region of Paraná, more precisely from the city of São Miguel do Iguaçu. (PR) I’m from Foz do Iguaçu and in the early 2000s I came to live on the coast of Santa Catarina, and even my aunt lived in this city and in the 90s, I, with my family and friends, often frequented the artificial beach at Lake Itaipu, in São Miguel do Iguaçu, since we didn’t have the money to go to the coast of Paraná or Santa Catarina. Did you come into contact with the scene in western Paraná when you lived there? Do you know bands, metalheads or bars, and zines that supported the region’s scene at that time?

Gislene – I came to MT as a child, in 85. Unfortunately, I ended up losing this access to the region very early on, returning to Paraná many years later, just to visit some relatives. I don’t know bands exactly from the city where I was born and Foz do Iguaçu, but from the state of Paraná we know several satanic bands and we have a lot of metal bangers brothers out there.

Returning to the subject under the current formation. This partnership with the band from Mato Grosso do Sul Escafandro came about due to the friendship between the bands and is there already material ready and composed between this partnership of friendship and union with metal? And how is the rapport between you two in the studio?

Gislene – We have been friends with the big brothers of Escafandro for a long time, we have shared the stage many times and whenever we meet there is a lot of exchanging ideas and drinking. We exchanged ideas with them about this support for T.D. to record new material, but all this from a distance.Ratto is recording the sound guides for them to create the rest of the parts for each instrument, already recording in the studio where they rehearse in Ponta Porã MS. We are going to record four songs that will be released as a split with a band of hellbrothers. Funebrö

What good news. You’re going to release a split with my brother Fernando’s Funebrö. I’ve been in contact with him for some time and I even have their debut – infernal CD called: Ritual of Doom. (2017) A dark work that made all lovers of the underworld happy. And how did this union of demons come about to launch this split to terrorize the traditional Brazilian family? Do you already have a date for this release? Will it be released on any label?

Gislene – The members of Funebrö are also our great friends and brothers in subversion. Plus they play a killer sound, with a lot of dark energy, which we really like. The union to release this material together came from an event where Funebrö played in Campo Grande, where Ratto went to appreciate the cursed feat. This great friendship was born there. After a lot of exchanging ideas, Ratto proposed that we do this job together, as we are great admirers of the demonic sound that these bastards make. We don’t have a date yet, as both bands are in the creation process, but as soon as things get going and are finalized, we will publicize it. Regarding the seal, we don’t have any so far, because no publicity has been made about this work yet, except now here with you.

How are you managing this “union of underworld musicians” in relation to the influences of all the musicians involved? Isn’t there a fear that you will mischaracterize Total Desastre’s musical identity?

Gislene – They really are different influences, where Total Desastre and Escafandro have totally different sounds. But as part of creating the sounds of T.D. It’s all about Ratto and Escafandro will be working on the sound with his feelings, we believe it will contribute to the growth and development of the sound, but without detracting from the essence of the band. I imagine that if Ratto no longer made the songs and there was another guitarist creating them, I think the characteristics of the band would change. However, in the band we always had the idea of improving the sounds with each creation of new material and with this union between the bands, this new context will be brought to the sound of Total Desastre.

Still under influence. It’s a fact that within metal everything has already been done and there’s no way to invent something innovative within the style, right? In fact, many bands that tried to innovate ended up creating oddities within the style and displeasing the more traditional metalheads. Currently, these same roots lovers are attacked for being “true metal” and not accepting certain bizarre things and I include myself on this list. (hahaha). I would like to know more about the band’s musical influences and references that guided their compositions. Which bands are important in the band’s background?

Gislene – For years, everything that is insane in terms of musical creation has already been done by big bands. What current bands do will always sound like an existing sound, that is the influence, it is not a copy, but the sound reference that the bands will continue. Many old bands tried to fit into these commercial references in music, we see this in the sound and also in the look. In this context, the minds of those who consider the underworld as a cultural identity and way of life also change. Our big influences are old and current bands, old bands like Dark Angel, Kreator, Sodom, Destruction, Venom, Hellhammer, Celtic Frost, Desaster, Motorhead, Death, Slayer, Benediction, Protector, Bolt Thrower, Black Sabbath, Judas Priest, Rotting Christ, Morbid Angel, Infernal Majesty, Sacrilege, Sadus, Possessed, Vulcan, Headhunter DC, Mystifier, Sarcophagus, Sepultura, Atlantic Ridge, Attomica, Mutilator, etc. There are many bands, but the sound we have as a reference is the dirtiest, most aggressive and insane, so modern commercial sound doesn’t fit into our influences. The important bands that are present in the creation of the Total Desastre sound are: Destruction (in its origin), Desaster, Dark Angel, Kreator, Sodom, Onslaught, Exciter, Merciless, Poison, Violent Force, among others, there are several bands that are as a reference, the most aggressive and fast possible.

I would like you to talk a little about the importance of the band’s early work. What can you tell us about the releases: Tropas da Morte (demo/2008) and Infernal Metal Attack from 2013? (Debut – CD) And I would also like to know the band’s lyrical influences.

Gislene – Tropas da Morte was recorded in 2008, a demo that had a good recording, even though it was a live rehearsal and due to the conditions of each one we released it in CDR format with a simple cover and 6 sounds. We advertised via letters and hand to hand. This is the material that we see that people like the most. As for Infernal Metal Attack, we recorded it in 2013, the same procedure, recording and live rehearsal. This one has a slightly better format in relation to the art, but still in the same printed CDR format, also independent dissemination. In this material, we have eight sounds, of which only 5 were supposed to be released and the other 3 were to be released as another material, a split. However, all the sounds ended up coming out. We also have the most recent material that came out, at the end of 2022, called Trágica Existencia. Of which we would have liked to have made more professional material, but due to financial conditions, it remains a printed CDR, with a digifile mold cover, containing 5 sounds and also an independent release. The influences of the 3 members come from Death, Thrash, Black and heavy metal and its aspects, which gives total disaster its identity. We use all our influences to build the sound, without being tied to a single style, to a single sound footprint, but rather, we produce freely without worrying about sticking to just one footprint, but rather that it sounds dark, blasphemous and heavy. Ratto is the one who composes all the instrumental parts and lyrics, but the band has always had the freedom to reformulate the sounds created, both sound and lyrics. Only one lyric was written by me (Hate and Blood) and another by Cachorrão (Death, Blood and War). Although I don’t need to write the lyrics, because we have many written by Ratto, I have the freedom to interpret them, putting my essence in the screams sounded.

At a time when a lot of conservative metalheads emerged from the fetid sewers in the Brazilian underworld, who worship black metal and shout from all corners “Hail satan and death to white metal”, these same people supported and defended (many still defend) a scumbag government that used and still uses the phrase: God above all. In other words: black metal worshipers who supported or still support a Christian government. That said, I would like you to talk a little about the band’s lyrics and their literary influences.

Ratto – “The themes talk about human beings as contradictory beings, their wars in search of power and domination. The lyrics portray the perversity, selfishness and reactionary behavior of these beings who live in constant contradictions. Erroneous people who do not admit such mistakes and always continue the various atrocities that are being carried out in the name of a religion, which always wants to order the lives of people in society.”

Gislene – I see the lyrics, in a very poetic way, portray the most cruel and perverse side of human beings. Lyrics like: Total Disaster; Death, Blood and War; Death Troops; Uninhabitable Underworld; Wicked Creature; Revenge; Rams of Destruction; Extreme Chaos; Armageddon, Hatred and Blood…”for it is from their spilled blood that dogs survive”… here goes… The annihilation of a culture, suffered by the original peoples of our land, portrayed in the lyrics of the Mythical Enemy, who It has a line that always gives me goosebumps “Free demons will never be enslaved”, which Ratto introduces by speaking in Guarani. In addition to the introduction given to the material “Infernal Metal Attack” which portrays the cruel historical moment experienced by women who were erased from their existence, in an extremely cruel way, when they were called witches.Still in Ratto’s speech, in his view as a sociology professor: _ “With regard to the so-called “conservatives”, we believe that they have nothing to preserve as moral and social values, as these values such as “god, work and family” are values of traditional communities. In cities, this conservatism comes from the countryside to the city, but with the nationalist feeling in modernity, the homeland enters the place of work, and nationalist values enter the lives of the population with the teaching of OSPB, Moral and Civic Education and religious teaching in schools. These people who today defend religious values are because catechesis has not left their minds and behavior.”We also have lyrics that deal with our vision of the underworld amidst the metallic underground. Songs such as: Fúria Metal; Demon Warriors and Infernal Metal Attack. Lyrics that talk about issues related to existential crises, which lead people to lean on the beliefs of those who imprison them, such as: Nightmares, Trágica Existence and Geniuses of Lies. However, I see a connection between all these lyrics, which is the chaotic existence that human beings create around them, with the need for confrontation or acceptance, both generating conflicts and bans. Like the biggest lie created by man, told in the introduction to the material “Tragic Existence”.

Well, the next question would be about your latest release, but you already mentioned it in the previous answer. And I really liked Tragic Existence! (2022) In fact, I want to thank you for sending me this great artifact and if you want to know more about it, I wrote a review on the website. (The Old Coffin Spirit Zine Portal). It’s really great work! Maintaining the dirt and evil, aggression and fury of black metal. How was the recording process and did you like the final results?

Gislene – We would like to thank you, Walter, for promoting our T.D sound, for the opportunity to talk about our thoughts presented in the form of screams, screams, blasphemy and distortions. His work involves promoting so many bands that are out there presenting great material and always moving ideas forward so that who we are and the underworld in which we live never becomes forgotten. Speaking of the third and current material we released, “Trágica Existência”, its sounds had already been worked on since after the release of the second material, this meant that these sounds were modified throughout the rehearsals until its recording. The recording of this material was supposed to take place in 2018, as we already had all the sounds ready, but there were some situations that took it forward. We postponed it until after the return of the São Caos festival at the end of 2019, it was until the beginning of 2020. The moment came, everything was ready, then the pandemic came and we had to stop the band’s activities. With the vaccine, we began rehearsing little by little, rehearsals that were carried out in the bar itself (which we called our second home) “Cavernas Bar”, this was the home of the real Dog, the Big Dog. Great and wonderful memories from this time. During the pandemic, Ratto and I started to design a home studio, to record the strings and vocals, and then only Cachorrão would go to the studio, as we were still following the isolation policy, so fewer people in the same space was the best choice. Regardless, we still decided to record in 2021 all together in the studio, but as the pandemic destabilized us financially, especially the drummer, whose survival depended on the bar, we postponed it for a few more months. There was also a serious problem with my health, which led to the need for surgery to cure reflux that was already causing serious problems in my throat, resulting in this surgery at the beginning of 2022. It was at this moment that we managed agree the recording with the studio where we were already rehearsing, to familiarize ourselves with the environment and equipment. While I was recovering from my surgery, Ratto and Cachorrão were recording the strings and drums, so that I could then add the vocals and backing vocals. Once everything was done, we started equalizing, cutting, adjusting and then mixing and mastering the sounds. In Ratto’s conception and ours as well, this material would be the best rehearsal recording we have ever made, due to the resources we used, but during this production we realized the difficulty of the person who was aligning the sounds, in understanding the sound proposal of the song. band and it didn’t turn out everything we expected. Even though they were present throughout the process of mixing and remastering the songs, the result was still something to be desired. Ratto, with all his patience, after five months coming and going from the studio, decided to release it as it was, as it was no longer possible to invest in this process. For many friends who listened to the material, they give feedback that they liked the recording, but for those of us who know how the sound should come out, we are left with a feeling that there could have been a better result. For example, the second guitar that does not appear in many passages, such as the bass sound that at times becomes louder and then becomes less evident, the height of the drums that disappears at various times, mismatch between instruments and voices. Separate recordings such as 2nd guitar, bass and vocals, which we adjusted together with the professional, but even so the delivery came back as if we had not carried out any treatment. That’s why we still have the idea of finishing our home studio, so that our sound can be recorded/produced by ourselves and make this process easier. Then just send it to a metal professional, just for mastering and sound equalization. To conclude, I don’t want to devalue the work carried out over many decades by this professional, here in Cuiabá, serving many rock bands and, in recent years, metal bands as well. A sensational guy with involvement in this field since the 80s and who has already created great work. We understand that at this moment, it may be at a stage, perhaps due to the ability that we have naturally lost over the years and the lack of updates in use of its equipment and resources that are currently facilitators, has not made it possible to meet all our wishes. But we really liked the message we convey through Trágica Existência, with all its essence, strength, rebellion, chaotic, dirty and aggressive sound. This is what matters, much more than having everything fit together perfectly. But of course, we are always looking to create more professional material in terms of recording and graphics.

As we already mentioned in our chat, Total Desastre has been fighting in the underworld for a long time, raising the flag for black metal for almost 20 years. You have always released your dark artifacts independently. Why did you choose to do everything yourself or are you not interested in looking for a label to work with you?

Gislene – We released it independently because we want our material, once recorded, to strengthen the underworld, where subversive and contesting thought is always in effervescence. And getting a label/distro takes time to get it. We also don’t have material released by labels/distros because we don’t like the idea of “offering” our sound, so as not to have people say that we are “asking or insisting” to release our material. We think that, if there is knowledge of the band’s existence, If the person is interested and likes the band’s proposal, contact is made and the partnership is built. Some don’t like our sound because we mix metallic genres and we still don’t have professional characteristics in the execution of sounds and in the production of our materials. We understand that many labels want financial return when partnering with bands, due to the expenses incurred in releasing the material and to obtain this return it is necessary to constantly publicize this material, especially on social networks and platforms. We are not against this, on the contrary, we publish our materials directly in these media, as well as publishing our materials without charging for them. A partnership with a label, at some point, could happen.

In the 80s and 90s, everything was much more difficult for a Brazilian underground band that lived far from the RJ, SP axis and everything happened in those places. To paraphrase a phrase from a rock band from Rio Grande do Sul: “We live too far from the capitals”. However, the internet has become a great tool and has shortened paths and improved contacts for people, bands and labels that are far from major capitals. But Total Desastre does more shows in your state and also in Mato Grosso do Sul and Paraguay. It is much closer and costs a producer to take them to play in these aforementioned places, than to São Paulo or Rio de Janeiro, or even in other regions of the country. Our country is very big and it becomes very expensive. What is the scene like in Paraguay and Mato Grosso do Sul? You have a lot of contacts out there, right?

Gislene – At that time, in the 80s and 90s, we had a lot of difficulty getting material, having a show, in addition to not having easy access to information about the metallic universe in the world and even in Brazil, especially for those who lived in more peripheral cities from the country. To circulate what some people managed, parties were held at one person’s house, to enjoy music and exchange materials. Another means we had were letters, from which we received zines with information about the underworld in other regions, distribution of demos, circulation of magazines, etc. This is our reality and that of many who lived through this time. I see that the internet came to make things easier and better for everyone, both for contacts, as well as to have access to discover new sounds all the time. Regarding Total Desastre, we were unable to play in many regions, largely due to the small amount of time we have due to everyone’s work. Ratto and I couldn’t get formal work release, in Ratto’s case he’s a teacher, Cachorrão had the bar and we couldn’t leave it for long without him managing it and Camilo who had two jobs. In this case, it had to be on vacation or a day trip that wouldn’t interfere with returning to work the following week. We played in Campo Grande (MS) because the journey is quick to get there and back, and the organizers of the events are our great friends and we have always had invitations, great satisfaction and honor in playing in this hellish land, which has a manic scene. In addition to Dourados, also MS. We have already played twice in the interior of São Paulo, at the São Caos festival, which takes place in São Carlos, (SP), an event also held by great friends, where we met at this event magnificent people who are involved with the underworld to the bone. We also played in Bolivia, Santa Cruz, where there is a very strong and manic movement, with many bands involved and active in various underground activities. And finally, now in 2023, we play in Brasília, at the Hadbangers Attack festival, invited by our beloved friend Felipe CDC. The underworld in Matogrosso do Sul, Bolivia and all the places we have been to, are all insane, yes, we have many friends in MS and Bolivia and we hope to one day return to play in these cursed lands and also in other countries in South America. Regarding costs, we never charged to go and play, but we always had help with costs, food, and a place to rest. We have always been very pleased, always a great pleasure, to be part of these demonic rituals with big bands from the underworld. The only disadvantage of those who invited us to play was that they released cachaça for Ratto, Cachorrão and Camilo, these three had no limits on drinking (lol). We have already been invited to play in other regions, but as I said above, the difficulty was related to each one’s work. Today the band is just me and Ratto, now it’s difficult for us to play until we have a new lineup. With our brothers from Escafandro, we are seeing if they will be able to accompany us to play in some regions that we have already received an invitation to. Possibly, if it is closer to Ponta Porã, (MS) they can go.

Look what an interesting point you mentioned. We don’t charge to play! I see that there are some metalheads who criticize underworld bands that charge an allowance to play. And even calling the bands posers and capitalists. I believe that a band has to have at least a good place to rest, round trip tickets, or even paid gas if the band goes by car, as well as good food and good stage equipment to show their work. No more bands playing for sandwiches and beers. I believe that everyone should value their work and have the minimum of conditions, it is not being a traitor or a poser. What is your point of view on this controversy?

Gislene -We know that moving from one place to another generates costs such as transportation, food, accommodation, and any unexpected problems. So, when a band knows they don’t have that money, of course the help has to come from whoever is organizing the event. Are there bands that don’t charge to play? I’m referring to charging, the fact of demanding a fee. For those who have the financial condition, satisfaction and pleasure of contributing to the underworld, possibly this band will not charge a fee, but perhaps an allowance, within what is negotiated together with the organizer(s) of the show. Considering that many metal events do not have large sponsorships, but rather quotas between creators, who also withdraw large amounts from their own pockets just so that the curse meeting can happen.

In a reality where the event organizer can get cultural support, some sponsorship that can cover the event’s expenses, it is more than fair to give a fee to the bands that are also contributing to the event. Anyone who criticizes bands for charging an allowance, I believe, doesn’t understand the reality of each person. For example, a band that is located in the interior of a state, which they do not have the means to go to on their own, then they have to travel to the capital, then there is a bus to get there, from the capital to take either another bus or a plane, the cost for this band would be very high. We think that for those who organize a show there are also high costs, as holding an event is not easy, as well as expensive. This partnership between production, stipends or fees, when well organized, does not cause harm to anyone. Ideally, the event would be held, the bands would return to their cities and the organizer would have a fund for the next event. A set of forces to move the underworld. It is important to highlight that bands are the continuity of a set of artistic and literary actions that exist in this underground, not being the most important, but just as important as all the other actions that involve the survival of this underworld, as well as each person in the movement in their individuality.In current times we have an aggravating factor, which can generate losses, which is already happening, which is the reduction in attendance at events, not generating cash. In this case, both the organizer and the bands can lose out. Therefore, when there is an event organized by friends and we know the reality of that location, we go on our own, but if it is a large event with all possible support for the show, then we ask for at least the basics. Everything comes into an agreement, return or return ticket, accommodation and range.We have to understand the reality of each location and the conditions of each show organizer, if the person does it for pleasure and does not want to make money from the underground, but rather to continue the insanities of the underworld. Because a show isn’t just about going to see the band, it’s about meeting friends, making new friends, drinking a beer and exchanging ideas, materials and having the pleasure of getting to know the city and the people where you’re playing.

The Cuiabá scene is very strong and respected by true underground worshipers. In the past, you had a really cool festival that was Art Underground and a bar where many underworld bands that passed through Cuiabá–MT played in this iconic bar called: Cavernas Bar. And also in 2021, a very interesting documentary came out that I watched on YouTube called: The History of Cuiabano rock and another about the band G.T.W., one of the pioneers of extreme metal in your state, called: Between the dead and injured, almost everyone was saved – G.T.W. 30 years later. (These documentaries are worth watching. For those who are curious to know the underground scenes around Brazil, how is the scene in Cuiabá and the state of Mato Grosso? What can you tell us related to bands, zines, labels and producers, and how do you see the current scene in your state currently?

Gislene – In Cuiabá, in the past, there were always many events, many bands and a huge audience throughout the city, moving the underground of various genres, always all together, both on tour and on stage. Some of this is contact through the two documentaries mentioned in the question, of which we made a simple participation in the documentary about the Cuiabana scene, which gives an account of how it all started in MT. Cuiabá and MT have always had a strong movement in the rock/metal and punk scene and bands that marked an era, such as GTW. When I came to live in Cuiabá, in 1999 (before I only came to watch some shows), I had the wonderful satisfaction of attending the first of 9 editions of the Art Underground festival, which for us metalbangers from MT and the entire Midwest, was too grand for our lives. This festival moved the entire national metal scene with mastery by the incredible creators, Marcia and Marcelo Zoião. I am very grateful to have had this experience, to have been part of this important story, written through Art Underground. Watch the documentary, it bears the name of the festival, a beautiful record. About Cavernas Bar, without being able to separate the name from our big brother Cachorrão, it has always been our home, our great home. A house that has always embraced various subversion movements, a very important place for all metalheads, rockers, punks and goths in our state of MT. The home of the most insane ideas, the most blasphemous events, all the subversion that we promoted between the bands and their public. As the people grew older, musical activities decreased, the public dispersed across the various options that the city offered. There are many active bands around here, and with the end of Cavernas Bar, they still try to organize some events and bring the bands together in one location or another, without a fixed location yet. As far as zines go, there’s no one else here who does that kind of work, as far as I know. As for the label and producer, we have Nails in Deep by our great friend Marcos Marinho, who is back to doing shows. Our great friend Vicente, with Vendetta Produções, who has been creating very important events for MT metal with other countries for 15 years. And for 2024, there are already more national and international metal names to perform in hellish lands. Today’s underground in Cuiabá is surviving, with events that continue to strengthen this underworld. The older crowd, despite the difficulties, seeks to keep the underground active and a younger crowd is also emerging, who are contributing to the events by showing up in large numbers at the shows and that’s a lot. The problem is that there is still a habit of putting on a show from 10pm onwards, so many, both older and younger, no longer stay until the end of the event, hence the importance of discussing whether to hold the shows earlier, so that everyone can be part of the show from beginning to end. The Cuiabano and Mato Grosso underworld survives and resists, and the people here are always looking for new ways to carry out various artistic and musical activities in this climatic hell of Cuiabá.

And at the level of Brazil, how do you see the current moment of the underground? What has improved, what needs to change and what remains the same, unfortunately?

Gislene – It is noticeable that in Brazil there is a lot of movement in terms of shows, events, productions and publicity. I can’t tell you how it is and what needs to change just by seeing this movement on social media or going to certain regions from time to time. What I see is that there is a lot of movement and a lot of things are being produced, this puts an end to the idea that some people say about “metal is dead and nothing new is being produced”. We would like to be more present in this whole movement, but we participate as much as possible, always in contact with many bands and productions of friends and involved to the bone in making the wheels turn.About what remains the same, well everyone already knows, each location has its incoherent beings, behaviors and thoughts that are not the essence of the underworld. Well, the underworld is subversive, challenging, profane and anti-dogma. But, we know that certain behaviors have always been there and there is a lot of passing up on certain attitudes that must be purged from our environment.Another perception I have, which still continues, unfortunately, is the movement of large centers, such as SP, Rio and BH, still being the focus for many who look for other regions to go to shows. In addition to the bands that are always moving along this axis, always being the same, those that have been part of there for a long time or that originate there in this nucleus. Bands from other regions, such as the north, central west, south and even the northeast, are often not known by people who live in the great axis, except the oldest ones. We have bands in our country that are better known abroad than in Brazil, which many people don’t know.

Finally, what are the band’s future plans? Gislene, thank you for your time and your final considerations. Thank you and Strength-Always!

Gislene – Our plans with Total Desastre are to have the full lineup again and release more materials. Today we are in partnership with our friends from Escafandro, but afterwards we don’t know if they will be able to continue giving this strength to us, as they, in addition to Escafandro, also have other bands and projects that involve rehearsals, recordings and shows. With this in mind, Ratto already has in mind finding friends who can help with future recordings, especially with the drums, with the intention of never stopping. With the aim of releasing two splits and new material from Total Desastre over the next 2 years. In addition to Total Desastre we have Raw-Evil who is active, Ratto has two other bands, we will always be disturbing the underworld with chaotic and subversive sounds. Walter, we were very happy to have participated in this edition of The Old Coffin Spirit Zine. The interview gave us the opportunity to talk about a lot of things that are extremely relevant to us, mainly so we can show the essence of what we do and its importance. Here’s our big hug and we hope to be able to meet you in person so we can exchange an idea, listen to a sound with a lot of blasphemy. Big hug and may the curse spread to all sides of our underworld.

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