Um lançamento cujas qualidades são justificadas e intensificadas por suas proporções; agigantado, tétrico, obscuro, profundo e totalmente guiado dor dinâmicas brutais — sejam elas extremamente lentas ou extremamente distópicas. “Rip Tide” faz jus ao seu título; uma imensa onda negra que surge, se dilata, ganha volume e traga a tudo e todos em seus trajeto.
Formado em 2011, o agora estabilizado na Suécia, SUFFER YOURSELF, entregou nesse ano (especificamente em junho), o seu terceiro trabalho de estúdio e o primeiro pós assinar com a inglesa Aesthetic Death. Inicialmente concebido como uma one-man-band pelo multi-instrumentista ucraniano Stanislav Govorukha; formato esse que durou até 2012 e que deu pulso a demo “Inner Sanctum”.
Em 2014 o projeto torna-se uma banda, com Stanislav Govorukha (vocais, teclados, guitarras e programações) somando forças com Eugene Dmitriev (guitarras) e Stanislav Kuksa (baixo). Com esse alinhamento eles regravaram a já citada demo “Inner Sanctum” (a remixagem e remasterização) foi deixada a cargo de Greg Chandler (Esoteric) e a lançaram oficialmente pela Cimmerian Shade Recordings. Em 2016 após novas mudanças na formação é lançado “Ectoplasm”, que foi completamente composto e produzido por Stanislav. Sua distribuição foi feita através de uma parceria entre a americana Cimmerian Shade Recordings e a russa Satanath Records.
“Rip Tide” comporta pouco mais de 32 minutos sendo composto por três faixas: “Spit In The Chasm” (uma monstruosidade de mais de 20 minutos), “Désir De Trépas Maritime (Au Bord De La Mer Je Veux Mourir)” (08:49) e um instrumental; “Ugasanie — Submerging” (03:39). É certo que longos temas podem se tornar cansativos quando mal construídos e com poucas variações, em “Spit In The Chasm” temos justamente o oposto, pois, cada um de seus minutos foi muito bem pensado e aproveitado. Existem diversas mudanças, várias camadas vocais, quebras de ritmo e transfigurações instrumentais. O peso é permanente, esparso e a sensação de paredes se fechando ao redor também. Angustia e opressão sonora, por vezes os sentidos dizem que estamos à deriva num mar bravio, bem no epicentro de uma tempestade sem precedentes, sendo impiedosamente arremessados contra rochas e corais por ondas gigantescas. “Désir De Trépas Maritime…”entrega uma serenidade melancólica — uma falsa calmaria que se estende e se instala em seus primeiros minutos; acordes limpos e as linhas lamuriosas de celo (habilmente impostas por Jiro Yoshioka). Aos 02:44 as guitarras surgem, solenes e amargas — criando e sustentando um peso absurdo — lancinante. A atmosfera da mesma é tão densa e deletéria que se torna tangível. O instrumental “Submerging” encerra o disco, sendo apenas uma sobreposição de sons, ambientações e recursos típicos do Drone Metal (cortesia de Pavel Malyshkin “Ugasanie”).
“Rip Tide” é, por fim, um disco altamente forte e hegemônico; repleto de alegorias, de contornos e dotado de um peso que vai às raias do absurdo. Aos fãs de Thergothon, Evoken, Esoteric, Ahab (dos primeiros álbuns), Mournful Congregation e dos recentes: Urza, Atramentus e Convocation — uma excelente banda que merece ser conhecida e apreciada com a devida atenção. Não é simplesmente ouvir, é submergir; deixar-se ser tragado para dentro de seu roteiro de dor, agonia e desesperança.
Formação atual:
Stanislav Govorukha: Guitarras, vocais
Kateryna Osmuk: Bateria
Lars Abrahamsson: Guitarras
Johan Selleskog: Baixo
Links:
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