DATA DE LANÇAMENTO/RELEASE DATE: 15/10/2021
O selo alemão “Iron Bonehead Productions” é especializado em identificar e apresentar ao mundo talentos emergentes dos abismos do metal extremo, apostando suas fichas e investindo no lançamento de produtos de primeira linha, com itens luxuosos, visualmente impactantes e dignos das melhores coleções.
Uma das suas afiliações mais recentes é a da banda italiana de Black Metal ORGREL, um trio até aqui desconhecido, e que disponibilizará seu primeiro registro de estúdio em outubro. Tivemos acesso integral à obra, intitulada “Red Dragon’s Invocation”.
Primeiramente, temos o baque visual instantâneo da linda arte de capa, produzida pela artista romena “Luciana Nedelea”. Sombria, obscura, profana, muito rica em detalhes e repleta de simbologia ocultista, desenhada e ilustrada em preto e branco, com detalhes em vermelho e amarelo. Uma das capas mais legais desse ano.
O Black Metal conjurado pelos italianos pode ser considerado, simultaneamente, cru (com relação ao formato das composições), ritualístico e melódico, sem nunca deixar de soar potente, letal e relevante.
“Burning Ruins” o primeiro som do álbum e da banda, por assim dizer, traz um Black Metal tradicional, bem tocado e sem invenções, que remete à sonoridade da segunda onda, evocando nomes escandinavos (principalmente suecos e noruegueses). Ótima produção, ótima atmosfera, boa dosagem de melodias, vocais ferozes e instrumental sólido, com riffs interessantes, som nítido do baixo e bateria devastadora.
“Amor Fati” acelera o passo na abertura, oscila com algumas passagens cadenciadas, mas mantém-se principalmente em ritmo veloz, com blasts insanos e riffs em tremolo ricos em melodias obscuras. Detalhe interessante é que o nome desse som é uma expressão niilista em latim (Amor ao Destino), segundo Nietzsche é um conceito que representa a plena aceitação da imanência, de um mundo onde Deus está morto.
“Surrounded By Nothing” começa com uma pegada empolgante na veia Black n’ Roll, desenvolve-se com imensa agressividade e ímpeto beligerante. Faixa que tem um show do batera, bem como do vocalista, com performance versátil e extremamente segura. Puta som foda, uma das melhores do play.
“Gate of Eternal Life” vê a banda explorando ritmos menos velozes, porém mantendo a intensidade e aumentando a aposta na hostilidade, com mais uma aula sinistra e odiosa do vocal.
“Torn Flag” é outra faixa que merece grande destaque, tanto pela atmosfera grandiosa e triunfante, quanto pela performance brilhante do trio, instrumental e vocal. Que batera foda esse, o cara destrói ao longo de todo o disco. As alternâncias de tempo e ritmo criam aqui uma música memorável, do tipo que cativa logo na primeira audição.
“Fiery Dawn Cry” é a faixa menos extensa, com pouco menos de três minutos. Num primeiro momento, pareceu que seria apenas instrumental (não é), trata-se de um som bastante atmosférico e intenso, bem alinhada com os demais temas do álbum.
“Carved in Blood” é excelente, efetiva, e encerra a obra despejando black metal com estrutura e jeitão norueguês notadamente mais moderno, típico das bandas da chamada terceira onda.
Estreia em grande estilo do ORGREL, trabalho que certamente colocará os italianos, de imediato, entre as entidades mais malditas e aterradoras do seu país. Recomendo aos fãs de Black Metal em geral, com ênfase aos seguidores de TAAKE (NOR), WHOREDOM RIFE (NOR), ONE TAIL, ONE HEAD (NOR), SATYRICON (NOR), CRAFT (SUE), ARMAGEDDA (SUE), WATAIN (SUE) e MALUM (FIN).
O álbum conta com as sete faixas abaixo relacionadas, somando 31:29 minutos de duração:
1 – “Burning Ruins”
2 – “Amor Fati”
3 – “Surrounded By Nothing”
4 – “Gate of Eternal Life”
5 – “Torn Flag”
6 – “Fiery Dawn Cry”
7 – “Carved in Blood”
Destaques: A duração média das músicas, de cerca de quatro minutos, é um acerto da banda, quer seja intencional ou não. Fluem com naturalidade. Destacam-se, principalmente, a segunda, a terceira e a quinta faixas. Disco que “desce fácil”, bem equilibrado e diverso.