O MYSTICAL FIRE é uma das bandas sobreviventes do cenário black metal nordestino dos anos 90. Musicalmente não era uma banda que eu acompanhava e apreciava na época, mas recentemente recebi o álbum “Pelos Ritos da Magia Thelêmica” e fui surpreendido por uma sonoridade que realmente amadureceu bastante durante os anos. Apesar de a banda ter sido formada em 1996 somente agora em 2020 eles chegam ao debut álbum e o fazem de forma digna. Começando pela capa o trabalho já se mostra promissor. Toda a parte artística do álbum é muito boa e bem feita. Sempre um bom começo, mas nem só de capa e encarte vive um bom trabalho e, portanto, o som precisa acompanhar.
O que esses sergipanos entregam aqui é um black metal nacional da velha escola, que transita de forma muito competente por partes mais rápidas, por momentos mais quebrados, outros pesados e até mesmo sinfônicos, mas não deixando a coerência se perder. Ao ouvir o álbum eu senti falta de uma produção mais pesada, mas viva. Bons momentos acabam sendo prejudicados por esse som mais magro que o álbum apresenta. Mas musicalmente temos realmente várias músicas muito boas como a faixa de abertura (depois da intro) “Infernal Majestic” que traz elementos mais oitentistas, soando mais black/thrash. É uma música bem energética. “Dismal Glance of Morpheus” é uma faixa muito fudida, que em vários momentos me lembrou um pouco os italianos do Mortuary Drape, mas com mais velocidade.
“On Promisse in a Pentagram” é a faixa que mais gostei. Quando a banda investe nessa pegada black/thrash realmente insere uma energia diferenciada em seu som. O álbum fecha com “Filhos da Aurora Dourada sob o Signo de Hórus”, uma faixa bem interessante que mostra um MYSTICAL FIRE com influências diferentes. Há uma aura grega aqui e ali que eu gostei muito.
“Pelos Ritos da Magia Thelêmica” é um bom álbum no geral e o que realmente faltou foi uma melhor produção, o que acredito que será facilmente sanado em uma futura gravação.