DATA DE LANÇAMENTO/RELEASE DATE: 18/02/2022
O décimo primeiro álbum dos supremos mestres do death metal nova iorquino conseguiu a difícil tarefa de superar, ainda que com uma pequena distância, o já monumental “Atonement”, que foi lançado em 2017 e trazia uma banda que conseguiu fazer seu metal da morte soar ainda mais poderoso em uma produção massiva. “Acts of God“ é o testemunho do qual relevante a música do IMMOLATION é, mesmo após tanto tempo de estrada. Quando o Rigor Mortis foi formado e começou a aparecer na cena internacional, já mostrava um trabalho diferenciado, mas ainda primitivo.
É quando o nome muda para Immolation e as duas demo tapes da banda são lançadas é que os death metal maníacos perceberam que estavam diante de uma força destrutiva da natureza, o que foi confirmado quando um dos debuts álbuns mais incríveis da cena death metal mundial foi lançado. Ao ser lançado em 1991, “Dawn of Possession” foi como um cataclisma de extinção em massa. Eu, pessoalmente, pude achar ali a banda que define o estilo em sua essência. Quando o segundo álbum “Here in After” sai, o som havia passado por uma metamorfose. Tudo se tornou mais sujo, complexo, carregado e maléfico e a partir daí, a música da banda seguiu essa linha e foi se aprimorando a cada álbum. Poucas bandas podem se gabar da regularidade musical como o IMMOLATION.
As mudanças foram sempre acontecendo dentro da própria proposta da banda, NUNCA abrindo mão do peso, da criativa maléfica do guitarrista Rob Vigna, um monstro no seu instrumento e dono de uma das performances mais insanas ao vivo que já vi. Os vocais de Ross Dolan são a marca registrada da brutalidade que é imposta pela banda e a bateria de Steve Shalaty se tornou o elemento que molda e une os talentos individuais de cada membro. O membro mais “novo” da banda, o guitarrista Alex Bouks (desde 2016) não precisa de apresentações e seu background extremo o precede. Esse quarteto tem criado e desafiado a todos com álbuns que os colocam como um dos nomes mais fortes da cena mundial do death metal e “Acts of God” deixa isso muito claro. O álbum repetiu a produção poderosa do álbum e isso faz uma baita diferença. Um som que carrega a complexidade do IMMOLATION não pode ser apresentado de forma diferente. Tudo soa absolutamente matador e deixa o ouvinte preocupado apenas com a audição das 15 (!!!) faixas que compõem esse novo trabalho. “Abandoned” abre o álbum de forma mórbida e dramática, uma pequena peça que é despedaçada impiedosamente pela faixa “An Act of God” que se inicia já em brutalidade. A música é o que o IMMOLATION representa musicalmente falando. Mil cabeças baterão à sua direita e mil cabeças baterão à sua esquerda e você será atropelado por uma faixa abissal que enfatiza brutalidade, riffs quebrados e uma bateria que massacra sem dó o ouvido de quem é pego de surpresa.
“The Age of No Light” foi uma das músicas de trabalho e traz até algumas linhas de guitarra fora do convencional da banda, mas que se unem de forma perfeita à morbidez criada pela música em sua totalidade. Aqui o trabalho de guitarra e bateria, em momentos de quebradeira insana, são absurdos. “Noose of Thorns” é uma faixa com mais momentos trampados, mas onde partes mais rápidas cimentam uma composição com um clima carregado. Na mesma pegada vem o obscura “Shed the Light”. A pancadaria volta desenfreada em “Blooded”, mas com a banda nunca deixando essa violência tomar conta de tudo. É um crime premeditado com requintes de brutalidade musical. O álbum inteiro vai nesse caminho, com bases de guitarra bastante dramáticas e carregadas de negatividade. O riff de entrada da paulada intitulada “Overtures of the Wicked” é um daqueles que você não esquece e essa faixa acaba sendo um das melhores. É rápida, mas pesadíssima também. “Immoral Stain” é uma música cadenciada, em um andamento quase hipnótico e que representa bem o que o IMMOLATION vem criando há muito tempo. Riffs tortos em todas as direções e a certeza de Mr. Vigna e Mr. Bouks não são totalmente humanos quando o assunto é criar metal da morte.
Quando pensamos que não dá para ficar mais fora dos eixos vem o início de “Incineration Procession” e o queixo cai. Que riff carregado ! E quando a ele se junta a vocalização de Dolan aí realmente as paredes tremem. Outra faixa que se destaca sem dúvidas. “Broken Prey” e “Derelict of Spirit” mantém tudo dentro de uma aura de extremismo e é em “When Halos Burn” e “Let the Darkness In” que tudo vai além mais uma vez em termos de feeling e pegada. Duas faixas diferenciadas. “And the Flames Wept” repete a atmosfera da primeira faixa que é uma pequena intro e deixa tudo pronto para a derradeira música do disco, “Apostle”, que fecha o novo trabalho da banda com o nível lá em cima. Mais uma sequência matadora de riffs e bases.
Não tem erro, o IMMOLATION não erra e vem se superando, mantendo um mesmo estilo, mas entregando um trabalho que mostra que o death metal corre na veia deles, substituindo o próprio sangue. “Acts of God” irá ganhar versão nacional em Março pela Shinigami Records, então é certeza que o público nacional poderá conferir mais essa pequena obra de arte do obscuro metal da morte.
