CD/EP/LP

DRAWN AND QUARTERED – Congregation Pestilence (2021)

DRAWN AND QUARTERED(Estados Unidos)
“Congregation Pestilence” – CD 2021
Krucyator Productions – Importado
8,50/10

A veterana DRAWN AND QUARTERED é originária de Seattle, nos Estados Unidos, ativa desde 1994 sob este nome. Desde o início, produzem nada além do mais verdadeiro Death Metal. Sem efeitos especiais, sem concessões ou traços de modernidade, apenas o mais puro, atroz e tradicional Death Metal da velha guarda.

A discografia ao longo desses vinte e sete anos é sólida, chegando em 2021 ao seu oitavo álbum completo de estúdio. Trata-se do excelente “Congregation Pestilence”, lançado oficialmente em 02 de julho/21 pelos franceses da “Krucyator Productions”.

O lineup atual consiste no trio formado por “Kelly Kuciemba” (Guitarras), “Herb Burke” (Vocais e Baixo) e “Simon Dorfman” (Bateria).

 Em termos de estilo, a linha de som da banda é um Death Metal cavernoso, bestial,mas com doses muito menores de Doom que em referências como INCANTATION(EUA)e FUNEBRARUM (EUA). Há consequentemente, um foco maior nas passagens velozes e tecnicamente muito bem trabalhadas. A estrutura e dinâmica das músicas se aproxima mais do que o IMMOLATION(EUA) tem feito em seus discos mais recentes.

Congregation Pestilence” é um disco que segue à risca a tradição da banda, com temática blasfema anticristã, atmosfera perturbadora e repleta de momentos de genuíno caos.

A capa, uma vez mais ilustrada pelo habitué norte-americano “Gabriel Byrne”, traz rara beleza refletida em abominações inomináveis, trazendo à frente a própria morte encarnada. Provavelmente, a capa mais bela e impactante da história da banda.

O Instrumental é intenso e extremamente pesado do início ao fim, porém dotado de técnica apurada, e a performance demonstra muita química entre os três músicos. As guitarras do fundador “Kelly Kuciemba” são onipresentes. O timbre é esmagador, e na maioria das músicas, há um número limitado de ótimos riffs, que são desenvolvidos e explorados em variações ao máximo, sempre em favor das músicas. Seus solos são insanos, velozes e cortantes, repletos de melodias odiosas.

  O batera “Simon Dorfman”, presente na formação desde 2013, fez um trabalho fenomenal como um todo. Ótimo exemplo é a faixa de abertura, “Death’s Disciple”, avassaladora e sombria, carregada de linhas insanas de bateria.

 As linhas de baixo não se destacam na mesma proporção de guitarras e percussão, mas os vocais de “Herb Burke” são, certamente, muito efetivos. Seus urros sobrenaturais, sempre graves e monstruosos, lembram os de lendas como “Craig Pillard”, atualmente à frente do DISMA, e do mestre “Glen Benton”, do DEICIDE.

 Curiosamente, um dos grandes destaques individuais do disco é a última faixa, que dá nome ao disco. É exatamente na música mais cadenciada, onde encontram-se os melhores riffs do álbum, e uma atmosfera altamente malevolente e decadente, construída magistralmente durante os seus cinco minutos.

É legal demais ver grupos tão experientes quanto o DRAWN AND QUARTERED lançando um dos melhores discos de Death Metaldo ano. A banda segue seu trajeto inabalável, e continua produzindo qualidade acima da média. Recomendado aos fãs de IMMOLATION, INCANTATION, DISMA, DEICIDE, IMPRECATION e ANGELCORPSE.

Relação das nove faixas, que totalizam a duração de 38:16minutos:

1 – “Death’s Disciple”
2 – “Age of Ignorance”
3 – “Oblivion Pilgrimage”
4 – “Proliferation of Disease”
5 – “Dispensation (RiseoftheAntichrist)”
6 – “Six Devils (Trepanation)”
7 – “Carnage Atrocity”
8 – “Rotting Abomination (The Cleansing)”
9 – “Congregation Pestilence”

Destaques: A primeira faixa é devastadora, abre o trabalho com veemência e não deixa dúvidas sobre sua natureza hostil e doentia. A quarta “Proliferation of Disease” é veloz e brutal, porém desacelera seguindo riffs espetaculares, que viram solos complexos e criativos, que retornam e se incorporam ao riff de origem com virtuosismo. A oitava “Rotting Abomination” tem estrutura muito interessante, os solos correm livres, muitas vezes em dissonância em relação aos riffs, com ótimas improvisações. A última destaca-se, além de ser excelente, por ser a única totalmente cadenciada, com pegada mais Doom. Um título como esse “Congregation Pestilence”, em meio a pandemia como a que o mundo vive, soa como o peso da hecatombe de milhões de mortos, e a faixa e o álbum transmitem isso extremamente bem.

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