DJEVEL – Tanker som rir natten (CD 2021)

DJEVEL é a palavra em norueguês equivalente a Diabo em português. Essa grande banda foi originada em 2009, sucedendo ao excepcional projeto LJÅ(Foice em português), que durou de 2002 a 2012 e foi capitaneado pelo artista “Trånn Ciekals”, o responsável pelo DJEVEL desde sua criação.

A banda nasceu em 2009 na capital norueguesa de Oslo, e desde então tem se mantido extremamente ativa. O disco atual “Tanker som rir natten” já é o sétimo de estúdio, o que representa uma média próxima a um álbum a cada dois anos. A data mundial de lançamento ocorreu em 21/05/21. O título do trabalho pode ser traduzido livremente como “Pensamentos que cavalgam a noite”.  É uma das marcas registradas da banda nomear discos e músicas com temas longos e interessantes, muitas vezes até poéticos, e sempre com toques antirreligiosos e de filosofia satânica. 

Atualmente, os músicos que compõe o projeto são três: “Trånn Ciekals” o líder, criador e principal compositor, que também responde por vocais principais e guitarras; “Faust”, o genial baterista mundialmente reconhecido pelo trabalho anterior em bandas como EMPEROR e THORNS. Este é o terceiro disco que ele grava com a banda. “Kvitrim”, baixista e vocalistanas passagens mais extremas.

 Desde o início, a banda lança seu material via Aftermath Music, gravadora e distro da Noruega. Aqui no Brasil, temos a sorte de ter a Curitibana Mindscrape Music, que vem disponibilizando no mercado nacional luxuosas edições em Digipack com cruz invertida na capa, complementando a arte de cada lançamento.  Já temos a confirmação de que a Mindscrape trará ao Brasil este novo DJEVEL, no mesmo formato dos anteriores, muito em breve. Os imperdíveis CDs brasileiros já estão em fabricação, inclusive. Haverá também a oferta de Merchandising oficial da banda.

 Todas as obras da banda, sem exceção, são representantes fiéis do chamado “Verdadeiro Black Metal Norueguês”, abreviado em inglês por meio do acrônimo TNBM (True Norwegian Black Metal). O Full Length atual prossegue por este caminho, e navega por quase uma hora pelo oceano blasfemo e implacável do Black Metal nórdico, sob os padrões da visão única e inigualável dos noruegueses.

 Como as músicas presentes na obra são extensas, cabe aqui uma análise mais específica e individual:

“Englene som falt ned i min seng, skal jeg sette fri med brukne vinger og torneglorier” – O título pode ser traduzido livremente como “Os anjos que caíram sobre minha cama, eu os libertarei com asas quebradas e coroas de espinhos”. É a música que dá início ao álbum, e foi um dos singles promovidos pela banda. Logo de cara, ouve-se a percussão de qualidade indiscutível do monstro “Faust”, um dos destaques individuais no instrumental. Boa parte da faixa segue em ritmo Midtempo, batida marcial e carregada de efeitos sonoros sutis de teclados ao fundo, que criam uma atmosfera extremamente aterradora envolvendo o som.

“Maanen skal være mine øine, den skimmende stierne mine ben, og her skal jeg vandre til evig tid” – A segunda faixa tem nomenclatura que pode ser traduzida como“O Homem será meus olhos, a estrela brilhante minhas pernas, e aqui deverei caminhar para sempre”. Outra faixa em midtempo de Black Metal oldschool, perfeitamente composta e executada com distinção pelos músicos. Ótimos riffs, atmosfera densa, um breve interlúdio acústico e a pegada sombria que crava a marca registrada da banda e torna o som inconfundível.

 “Em krone for et øie som ser alt, tusind torner for em sønn som var alt” é a terceira música, e seu título equivale a “Uma coroa por um olho que tudo vê, mil espinhos por um filho que tudo foi” –Tem início com riffs tradicionais de Black Metal em tremolo e bateria vigorosa. As partes mais cadenciadas desse som beiram a perfeição, com peso extremo. Destaque para o som muito nítido e relevante do baixo de “Kvitrim”, que também arrebenta nos vocais insanos. Há ótimas variações rítmicas e partes mais velozes e agressivas, sempre excepcionais;

“Tanker som rir natten” é a quarta música da obra, o equivalente em português a “Pensamentos que cavalgam a noite”, mesmo título do disco. Trata-se da faixa mais curta do álbum, girando em torno de quatro minutos. É uma música instrumental, funcionando bem na intensificação da atmosfera sombria do trabalho.

“Når mannen formørker solen i em dødelig dans, ber jeg moder jord opp til em siste vals” é a penúltima música da obra, traduzida como “Quando o homem escurecer o sol em uma dança mortal, eu pedirei à mãe terra por uma última valsa”. Som mais acelerado e agressivo, ainda assim contém a mesma carga emocional densa das anteriores. Uma das melhores, faixa incrível.

A sexta e última faixa é a “Vinger som tok oss over em brennende himmel, vinger som tok oss hjem”, ou “Asas que nos levaram acima a um céu incandescente, asas que nos levaram para casa”. Abre em ritmo mais cadenciado e com clima de suspense, acelera-se em torno de sua metade e ganha muita força até uma brusca variação, quando desacelera e insiste numa passagem mais atmosférica bastante melancólica e poderosa.

 O som do DJEVEL é bastante similar ao do TAAKE, seu compatriota Norueguês. Outras bandas que podem ser associadas em termos de sonoridade: WHOREDOM RIFE (Noruega), WINDIR (Noruega) e CRAFT (Suécia).

O novo álbum situa-se dentre os melhores lançados até este momento, e posicionam o DJEVEL entre as maiores forças representativas do Black Metal Escandinavo, uma entidade sinistra de capacidade destrutiva intangível e inimaginável.

 Os álbuns da banda tradicionalmente possuem poucas músicas extensas. Mais uma vez é o caso, temos um disco que gira em torno de56:51 minutos, divididos entre apenas 06 faixas novamente enunciadas a seguir:

1 – “Englene som falt ned i min seng, skal jeg sette fri med brukne vinger og torneglorier”

2 – “Maanen skal være mine øine, den skinnende stierne mine ben, og her skal jeg vandre til evig tid”

3 – “Em krone for et øie som ser alt, tusind torner for em sønn som var alt”

4 – “Tanker som rir natten”

5 – “Naar mannen formørker solen i em dødelig dans, ber jeg moder jord opp til em siste vals”

6 – “Vinger som tok oss over em brennende himmel, vinger som tok oss hjem”

Destaques: O trabalho é definitivamente coeso e homogêneo. Recomenda-se, portanto, a audição completa e com a devida atenção, por ser fundamentado em passagens bastante detalhadas e atmosféricas. Em todo caso, a primeira faixa funciona bem como Single, e pode ser tomada como exemplo do conteúdo.