Lançado em 04/08/2023
“Shades of Sorrow” é o segundo álbum de estúdio da banda brasileira CRYPTA, surgida após a saída de duas membros do também grupo brasileiro Nervosa. Ainda que a banda tenha surgido apenas em 2019 esse novo trabalho já foi capaz de mostrar uma evolução realmente grande na música dessas brasileiras.
Após o bem recebido álbum “Echoes of the Soul”, de 2021, esse novo trabalho era esperado pois serviria para comprovar a qualidade da música do CRYPTA. O primeiro trabalho é um bom disco de death metal, mas acho que ainda carecia de personalidade e isso agora veio com toda a experiência e estrada que a banda vem adquirindo nesses quatro anos de existência.
A nova formação da banda, que foi solidificada com a entrada da guitarrista Jéssica Falchi, realmente cresceu muito em termos criativos e ao lado da também guitarrista Tainá Bergamaschi, criou um dupla realmente interessante e eficiente, que com o tempo vai produzir muita coisa poderosa.
Mas falando do álbum em si, “Shades of Sorrow” é um grande álbum de death metal. Não estamos falando aqui de nada que siga um caminho do totalmente brutal ou do totalmente trampado, mas um álbum que mescla de forma muito cuidadosa tudo isso. É rápido, mas também usa e abusa do peso e da técnica, com excelentes solos de guitarra.
A primeira música é “Dark Clouds” e aqui já dá para perceber como a banda evoluiu desde o seu primeiro trabalho. As guitarras de Jéssica e Tainá são um arregaço e a produção delas deixou o resultado final bastante pesado. Bateria e baixo estão na cara e é muito bom poder ouvir o baixo sendo executado, o que em milhares de bandas acaba por desaparecer.
O único ponto negativo em relação à bateria foi o som final do instrumento. Ficou sem peso, faltou aquela pegada mais firme para intensificar o som, deixando o som do caixa da bateria com uma sonoridade meio “lata”. Mas independente do som, a música não perde em sua qualidade.
A segunda faixa é “Poisonous Apathy”, uma música muito mais interessante do que a primeira. As guitarras se destacam realmente aqui. Gostei muito da complexidade abordada aqui. Os solos são foda ! Lentos e cheio de feeling. Não sei quem faz qual solo, mas fica evidente uma influência do Death neles. “The Outsider” é mais rápida, com riffs cortantes e boas quebras de andamento. Existe aqui um feeling quase black metal na forma que os riffs são executados. Como em todo o álbum, o solo de guitarra é realmente matador.
“Stronghold” é agressiva e técnica ao mesmo tempo, com linhas melódicas mais obscuras. É absolutamente uma grande música, que mostra a qualidade de composição e execução do CRYPTA. “The Other Side of Anger” tem uma introdução que realmente não curti. Pareceu algo feito do Sepultura na sua fase “batuque”… Mas felizmente é apenas uma intro feita pela bateria e isso se transforma em um death metal com riffs carregados de feeling. Um dos riffs principais tem uma melodia bem aos moldes do Death.
Após a intro “The Limbo” vem uma das faixas mais fudidas do álbum, “Trial of Traitors” e é exatamente nessa música que a minha crítica ao som do caixa da bateria faz mais sentido. Como o essa parte do instrumento está com um som “magro”. Você espera aquela pancada com som cheio e vem aquele som meio estalado. Argghhhhh ! Certeza que ao vivo soa muito mais poderosa, com os riffs, blast beats e andamentos mais lentos. Solos certeiros e os vocais vociferando a desgraça inteira.
“Lullaby for the Forsaken” lembra um pouco os trabalhos mais recentes do Behemoth em suas linhas de guitarra. Muito legal as frases de baixo do início. Uma das minhas preferidas é “Agents of Chaos”, com um início que lembra demais o Morbid Angel na faixa “Sworn to the Black” (do álbum Covenant). O que me mais me agradou foi a atmosfera criada aqui.
O álbum se encaminha ao seu encerramento com as faixas “Lift the Blindfold” e “Lord of Ruins”. A primeira traz elementos do thrash metal, algo que não é nenhuma surpresa já que a duas membros da banda tocavam esse estilo. É uma música bem intensa e com solos mais virtuosos. Já “Lord of Ruins” foi o single escolhido para divulgar esse trabalho e também ganhou sua versão em vídeo. A faixa mantém as características do restantes do álbum e trabalha bem as linhas melódicas e os riffs mais densos. Finalmente a Outro “The Closure” fecha os trabalhos com uma peça de piano.
“Shades of Sorrow” é um álbum realmente sólido, com músicas de alto nível e bem acima da média. A banda já está no patamar de impressionar realmente ? Ainda não, mas está caminhando com passos firmes em direção a isso. O line up do CRYPTA é perfeito e se continuar juntos nos próximos álbuns aí sim a coisa vai ficar muito séria.
Realmente o único ponto negativo para mim é o som da bateria em geral, mas isso é facilmente corrigido em futuras produções. O CRYPTA lançou aqui um trabalho que mostra o quanto essa banda trabalha sério e busca evoluir. Que venham os próximos.
Tracklist:
1.The Aftermath
2.Dark Clouds
3.Poisonous Apathy
4.The Outsider
5.Stronghold
6.The Other Side of Anger
7.The Limbo
8.Trial of Traitors
9.Lullaby for the Forsaken
10.Agents of Chaos
11.Lift the Blindfold
12.Lord of Ruins
13.The Closure
ENGLISH VERSION:
Released in 08/04/2023
“Shades of Sorrow” is the second studio album by the Brazilian band CRYPTA, which emerged after the departure of two members of the Brazilian group Nervosa. Although the band only appeared in 2019, this new work has already shown a real evolution in the music of these Brazilian women.
After the well-received album “Echoes of the Soul” in 2021, this new work was expected as it would serve to prove the quality of CRYPTA‘s music. The first album was a good death metal record, but I think it still lacked personality and that has now come with all the experience and road the band has acquired in these four years of existence.
The band’s new line-up, which was solidified with the addition of guitarist Jéssica Falchi, has really grown in creative terms and, alongside fellow guitarist Tainá Bergamaschi, has created a really interesting and efficient duo, which over time will produce a lot of powerful stuff.
But when it comes to the album itself, “Shades of Sorrow” is a great death metal album. We’re not talking here about anything that follows the path of the totally brutal or the totally trampy, but an album that very carefully mixes it all together. It’s fast, but it also uses and abuses weight and technique, with excellent guitar solos.
The first song is “Dark Clouds” and here you can see how the band has evolved since their first album. Jéssica and Tainá’s guitars are a blast and their production makes the final result very heavy. The drums and bass are in your face and it’s great to hear the bass being played, which in thousands of bands ends up disappearing.
The only negative point about the drums was the final sound of the instrument. It lacked weight, it lacked that firmer grip to intensify the sound, leaving the drum kit sounding a bit tinny. But regardless of the sound, the song doesn’t lose in quality.
The second track is “Poisonous Apathy”, a much more interesting song than the first. The guitars really stand out here. I really liked the complexity approached here. The solos are great! Slow and full of feeling. I don’t know who does which solo, but there’s a clear Death influence in them. “The Outsider” is faster, with cutting riffs and good breaks in tempo. There’s an almost black metal feel to the way the riffs are played. As with the whole album, the guitar solo is truly killer.
“Stronghold” is aggressive and technical at the same time, with darker melodic lines. It’s absolutely a great song, which shows the quality of CRYPTA‘s songwriting and playing. “The Other Side of Anger” has an intro that I really didn’t like. It sounded like something from Sepultura in their “drumming” phase… But fortunately it’s just a drum intro and it turns into death metal with riffs full of feeling. One of the main riffs has a melody very much in the mould of death metal.
After the intro “The Limbo” comes one of the most fucked-up tracks on the album, “Trial of Traitors” and it’s exactly on this song that my criticism of the sound of the drum kit makes the most sense. How “thin” that part of the instrument sounds. You’re waiting for that full sounding hit and it comes out sounding a bit crackly. Argghhhh! I’m sure it sounds much more powerful live, with the riffs, blast beats and slower tempos. Straightforward solos and vocals screaming the whole shebang.
“Lullaby for the Forsaken” is a little reminiscent of Behemoth‘s more recent work in terms of its guitar lines. The bass lines at the beginning are very cool. One of my favourites is “Agents of Chaos”, with a beginning that is very reminiscent of Morbid Angel in the track “Sworn to the Black” (from the Covenant album). What I liked most was the atmosphere created here.
The album draws to a close with the tracks “Lift the Blindfold” and “Lord of Ruins”. The former brings in elements of thrash metal, something that comes as no surprise given that both members of the band play this style. It’s a very intense song with virtuoso solos. “Lord of Ruins” was the single chosen to publicise this work and has also been given a video version. The track maintains the characteristics of the rest of the album and works well with the melodic lines and denser riffs. Finally, the outro “The Closure” closes the album with a piano piece.
“Shades of Sorrow” is a really solid album, with songs of a high standard and well above average. Is the band at the stage where they can really impress? Not yet, but they’re moving steadily towards it. CRYPTA‘s line-up is perfect and if they stick together for the next few albums then things are going to get really serious.
The only negative point for me is the sound of the drums in general, but this is easily fixed in future productions. CRYPTA has released a work that shows how seriously this band works and seeks to evolve. May the next ones come.
Tracklist:
1.The Aftermath
2.Dark Clouds
3.Poisonous Apathy
4.The Outsider
5.Stronghold
6.The Other Side of Anger
7.The Limbo
8.Trial of Traitors
9.Lullaby for the Forsaken
10.Agents of Chaos
11.Lift the Blindfold
12.Lord of Ruins
13.The Closure