Fomos bater um papo com a banda CRÉPUSCULO DOS ÍDOLOS, que reside em Cascavel, interior do Paraná. Eles acabaram de lançar um segundo trabalho magnífico chamado: Daath. Que o conhecimento e a sabedoria prevaleça sempre!
Saudações Marcos, sejas bem vindo ! Eu não gosto muito de fazer perguntas clichês, mas como a banda está com uma nova formação, apresenta-nos a formação atual e seus trabalhos lançados até aqui.
Olá, Walter.Fazes o que tu queres há de ser tudo da lei! A banda atualmente é formada por mim, Marcos, na guitarra e vocal, membro fundador do Crepúsculos dos Ídolos; pelo João Pedro, na Bateria, experiente, já tocou em diversas bandas como a “Cvlto” entre outras; também contamos com o Ricardo Dembogurski nos teclados, que possui vários projetos solos, dentre ele o “Unsaid Tales”; e no contrabaixo o músico responsável é o Anderson Haubricht que também é baixista na banda “Kill Again”. Esta formação atual está já nestes dias de agosto em estúdio gravando mais um álbum intitulado “Apophanestai”. Tal álbum terá 9 músicas, todas já prontas. Não sabemos ainda quando lançaremos este trabalho, mas acredito que até o fim do ano já tenhamos todas as músicas gravadas e mixadas e o “Apophanestai” pronto para ser lançado.
A banda foi formada em 2004, quais eram suas intenções em montar uma banda de Black Metal e porque o nome Crepúsculos dos Ídolos ? Seria uma homenagem ao poeta/filósofo alemão Nietzsche ?
Na verdade, a banda foi formada em 2001/2002. 2004 foi o ano de lançamento de nosso primeiro trabalho. Nossas intenções eram e são bem claras: tocar um Black Metal autêntico, cantado em bom Português; fazer duras críticas às religiões, pois, a grande maioria delas são celas, prisões do Sagrado e dos deuses, e pouco ajudam, mas muito atrapalham. O ocultismo também é de interesse, principalmente Thelema. Filosofias como a de Nietzsche e Heidegger também compõem nosso ideário. Ao fundarmos a Crepúsculo dos Ídolos em 2001 a ideia sempre foi tocar Black Metal com uma certa influência do Metal feito na Noruega. Fazer música sombria, noturna, de solitude, mas também uma música violenta, forte, de força e poder. Eram e são nossos propósitos.
Sim, o nome da banda tem inspiração de Nietzsche. Mas, não somente isto, este nome carrega várias nuances de significados. Por exemplo, a palavra “ídolos” é um conceito muito profundo, veja, por exemplo, o que Francis Bacon fala-nos sobre o conceito de “ídolo”. Um “ídolo” não é somente a imagem de um deus que é adorada, mas um “ídolo” é também uma ideia, um conceito, um pensamento que se segue, uma verdade sobre o mundo que adotamos e divulgamos. Um “ídolo” é qualquer pretensão de verdade. Claro que esta palavra pode se referir a outras coisas, como ter uma pessoa como ídolo, por exemplo. Onde há uma adoração excessiva, às vezes é bom levantarmos alerta. A palavra “Crepúsculo” também interpretamos de diversas maneiras diferentes: crepúsculo é tanto nascer quanto morrer; crepúsculo também é mistura de cores e tons, do claro para o escuro; crepúsculo e aurora são o mesmo fenômeno visto de perspectivas diferentes. E não somente isto, damos vários outros significados ao nome Crepúsculo dos Ídolos. Mas, sim, uma das inspirações é o Filósofo do Martelo.
No mesmo ano que a banda veio a esse mundo caótico, vocês já lançaram um trabalho autointitulado em formato Demo. Como foi que os insanos Metalheads aceitaram esse trabalho na época é a mídia especializada ? E, aproveitando o gancho, como foi a participação de vocês na coletânea “Suspiria De Profundis ll ” de 2006 ? Hoje em dia esse tipo de artefato, com a chegada de mídias digitais/ Streaming, meio que foi sendo esquecido no Underground. Mas no passado era uma ferramenta forte para ajudar as bandas a mostrar seu trabalho e divulgar a banda na cena. O que a banda pensa disso ?
A aceitação da demo auto intitulada “Crepúsculo dos Ídolos” foi boa. Logo os metalheads perceberam que era uma banda diferente, peculiar, tanto na sonoridade quanto na ideologia. Lembro que o uso do teclado foi um pouco criticado, até mesmo alguns integrantes iniciais da banda faziam cara feia ao uso do teclado. mas, logo todos perceberam que usaríamos este instrumento de modo auxiliar, e não com ênfase; a questão era não parecer sinfônico ou melódico. Usamos teclado, mas nosso som está bem longe de ser um Black Metal sinfônico. Em outro aspecto, poucas pessoas entenderam que não somos uma banda Satânica, seja o satanismo tradicional ou o moderno do Lavey. Satanismo também é uma religião que adora um ídolo. São infantis! Mesmo que este ídolo seja a própria pessoa. Egoístas infantis. A mídia especializada pouco ficou sabendo desta primeira demo. Faz muito tempo, não me recordo de grandes consequências. A participação no “Supiria de Profundis II” foi muito importante, pois foi amplamente divulgado e as bandas participantes do set eram muito boas. É sempre bom participar de matérias com outras bandas. Olha, sobre as antigas coletâneas, que eram mais populares do que nos dias de hoje, tenho algumas observações a fazer: 1º eram difíceis de vender, geralmente o pessoal compra um vinil ou CD de uma banda específica, e não de várias bandas juntas (no “Suspíria” eram quase 20 bandas, algumas boas, outras péssimas) pessoal até compra, mas prefere um CD de uma banda específica; 2º eram materiais que as bandas geralmente davam para as pessoas de presente, e, neste sentido, ajudavam a divulgar todas as demais bandas; 3º estes CDs produzidos nas coletâneas geralmente ficavam com as próprias bandas, que eram responsáveis por vender e divulgar (em algumas coletâneas as bandas tinham até que pagar para participar, o que é uma ofensa ao artista, não lembro se foi o caso da “Suspíria de Profundis”); algumas bandas não faziam sua parte, daí o material ficava parado. As mídias digitais/streaming, são uma realidade, acredito que uma banda não deva fugir disto. Uma banda deve utilizar todas as formas possíveis de divulgar sua arte.
Em 2006 vocês chegaram com a segunda Demo “Babilônia 666” como foi o processo de gravação e divulgação deste trabalho? Esses artefatos provavelmente estão fora de catálogo. Vocês não pensam em lançar as duas Demo em um CD e, assim, nós que apreciamos e gostamos da banda, teríamos acesso a eles ?
A demo “Babilônia 666” é algo completamente estranho (estranho musicalmente, e no bom sentido). Há músicas lá com 17 riffs, em uma progressão sonora interminável. Há solos de guitarra nestas duas primeiras demos, algo peculiar na nossa música que, com o tempo, optamos por abandonar e apostar mais nos climas e atmosferas. Existem músicas nesta demo que são até hoje mencionadas, como as músicas “Satanás”, “Santacentrismo” e “Babilônia 666”. A introdução do CD “Babilônia 666” é algo lindo. Nossa primeira música composta é a música que carrega o nome da banda “Crepúsculo dos Ídolos” (se encontra esta música no youtube), é uma música que gosto muito por ser a primeira, e por já trazer todo o jeito da banda. As duas demos, tanto a “Crepúsculos dos Ídolos” e a “Babilônia 666” estão há anos esgotadas. Faz parte dos nossos planos recentes lançar estas demos nas mídias digitais, logo isto irá ocorrer. Seria muito legal regravar estes antigos CDs comigo nos vocais, mas isso é algo quase impossível de acontecer. Tenho muito carinho por estas duas demos, são clássicas, nostálgicas. O processo de gravação foi sempre caseiro até aqui. O “Thoth” e o recém lançado “Daath” foram gravados em um “estúdio” improvisado na casa do ex-baterista. Mas ficou uma excelente captação e mixagem, basta ouvir o “Thoth” e o “Daath”, a qualidade é muito boa. Agora estamos gravando nosso próximo álbum “Apophanestai” no Studio Embrio aqui em Cascavel-PR
Passaram – se 5 longos anos do último trabalho e finalmente a banda chega ao tão sonhado Full Length “Thoth” (2011). Por que demorou tanto tempo para lançar um Debut – CD e o que vocês acham deste magnífico trabalho hoje em dia ? Em 2021 comemora – se 10 anos de Thoth. Vocês mudariam algumas coisas nele hoje ou estão felizes com o produto final do mesmo ?
O álbum “Thoth” é, sem dúvida, um marco para a banda. Através dele alcançamos visibilidade no cenário nacional. Temos muito orgulho deste CD e não mudaria nem uma palavra ou riff deste Álbum. Como sempre, nós fizemos como nós queríamos e ficou como nós queríamos. A demora no lançamento se deu devido à troca de alguns membros e à própria demora natural no processo de compor e gravar, como dito, fizemos tudo em casa e, pode acreditar, dá muito mais trabalho que em estúdio.
Como já citado, 10 anos de Thoth em 2021. Já fazia quase 10 anos sem material oficial da banda. Mas em 2020, no ano pandêmico, vocês lançaram alguns “vídeos ensaios” no YouTube. Porque optaram em lançar via YouTube e o que vocês acham desse novo normal na cena Underground, de lançar primeiro nas plataformas digitais ?
Olha, sobre lançar primeiro nas plataformas digitais, muitas vezes não é nem opção da banda, isto acaba acontecendo mesmo sem a banda querer. Lembro quando lançamos o “Thoth”, primeiramente lançamos ele físico, em CD, não tinha nada nas mídias, mas não passou um mês do lançamento e alguém já enviou ele para o YouTube, e depois várias outras pessoas disponibilizaram o álbum nas mídias. Então, lançar nas plataformas digitais é algo que a banda tem que fazer, pois irá acontecer de qualquer maneira. Considero uma boa alternativa as mídias digitais. Hoje em dia, as pessoas ouvem música mais através destas mídias mesmo, a compra de CD é algo cada vez mais escasso e raro. Não quer dizer que concordamos com isto. Tenho algumas coisas a dizer sobre as mídias digitais e seus efeitos à música: 1º As mídias digitais popularizaram e banalizaram a música. A música se tornou algo fácil, na ponta dos dedos, no celular e no fone de ouvido. Ao popularizar a música banalizaram o trabalho do artista. O artista, o músico, tem sua obra jogada ao público, jogada ao vento, gratuita. Poucos trabalhos se tornam assim, gratuitos e acessíveis, mas o trabalho do músico é completamente gratuito. O artista é esquecido. É esquecido o trabalho da banda, a composição, as horas de treino, ensaios, gravações; é banalizado o ofício do músico. O pior é que tem gente que pensa que realmente não se deve ganhar dinheiro com a arte. A popularização da arte nas mídias digitais está fazendo o artista não valer nada. Quando digo que a popularização está fazendo a arte não valer nada estou falando de valor mesmo, de dinheiro, pois é tudo de graça. Qual trabalhador oferece seu trabalho de graça? Pois bem, o músico é assim.
2º O lado positivo disto é exatamente o lado negativo, pois o lado positivo das mídias é que toda música está disponível para você, de graça. Ao mesmo tempo, tudo isto é banal. A banda para se destacar na mídia precisa de dinheiro e sorte. Talento é necessário claro, mas existem “n” bandas com músicos talentosos, mas o lugar ao sol na mídia e no gosto do público vai do dinheiro que a banda tem para bancar sua publicidade e contratos com gravadoras, e a sorte. 3º As redes sociais fizeram aparecer um monte de bandas novas. Ao mesmo tempo que as mídias digitais banalizaram a música. Qualquer um faz música, mesmo sem saber tocar. Faz lá a música “artificial”, “digital” e já lança nas mídias. A popularização da música foi também o rebaixamento do músico. As ferramentas de composição ao mesmo tempo que facilitam, substituem o músico; o músico não é mais necessário, basta o plug-in. É possível fazer músicas sem tocar nenhum instrumento. Este é um processo da própria mídia digital e suas ferramentas. Também temos o constante cenário de bandas que duram meses. Qualquer cara junta 3 ou 4 amigos e monta uma banda e posta nas mídias sociais; mesmo que esta banda não dure 1 ano. Poucas bandas duram mais de 5 anos; muito poucas. As mídias sociais fizeram o cenário ferver de bandas, muitas são cópias de outras, o mais do mesmo, copiando o que já fizeram. A banalidade da música trouxe também a banalidade da arte, e a arte descartável, de bandas descartáveis que duram somente uma temporada. Também estamos vivendo a época de músicos que não sabem tocar nenhum instrumento. E da substituição do músico por plug-ins. Enfim…
Finalmente em julho/2021 é lançado o segundo Full Length da Crepúsculo Dos Ídolos e, antes de tudo, quero parabenizá-los pelo ótimo trabalho ! Na minha opinião, “Daath” é uma magnífica obra prima do Black Metal Nacional, a banda deu um passo à frente musicalmente e continua fazendo o mesmo som característico da banda. Porque lançar primeiro em plataformas digitais, e, existe possibilidade desse trabalho sair em CD ou mesmo em Vinil ?
Muito obrigado! Que bom que gostou do “Daath”, é, sem dúvida, a marca do auge de um momento da banda. Lançamos primeiro o “Daath” nas plataformas digitais por 3 motivos: 1º Já temos praticamente pronto um outro álbum, o “Apophanestai”. Como a formação do “Daath” foi desfeita, estamos priorizando o “Apophanestai”; 2º eu não tinha dinheiro para bancar este álbum sozinho; 3º não encontramos, a princípio, ninguém interessado em lançar este álbum físico. Mas agora nós firmamos uma parceria com a Black Hearts Records que lançará em Novembro o “Daath” de modo físico. A arte gráfica, a qualidade do material será magnífica. Quem conhece a Black Hearts sabe da qualidade dos seus produtos.
Eu sei que na banda existe ou existia dois integrantes que eram formados em filosofia. E aí, é só associar o nome da banda ao mestre Nietzsche, e você já tem uma ideia que a banda aborda, nas letras, muita filosofia. Daath significa “conhecimento” em hebraico. Gostaria que vocês nos falassem sobre as letras e o conceito por trás da capa, que aliás, ficou muito obscura/bela. E quem foi o artista que a criou ?
Uma das coisas que particularmente me orgulho é do nível intelectual dos membros da banda. Sempre foi assim. Hoje, temos um psicólogo, um filósofo e um formando em Direito na banda. A qualidade e o nível de nossas letras é algo que também me orgulho. As letras da Crepúsculo dos Ídolos são cheias de Filosofia e Ocultismo. Eu mesmo, quem escreve as letras, sou professor de Filosofia há 9 anos e mestrando na área com dissertação em Heidegger. Além disto, estudo ocultismo há 15 anos e já fui membro de algumas ordens místicas. O álbum “Daath” é um álbum completamente espiritual, desde a introdução que é um mantra egípcio, até a última música chamada “Feiticeiro” que é uma crítica à magia profana. A capa do álbum foi desenhada pelo artista Pedro Henrique (para o contato do artista visite nossas redes sociais), nós demos a ideia de como queríamos o desenho e ele desenhou para nós conforme o pedido. A capa é uma mulher pulando de um Abismo, ou pulando no Abismo. Esta simbologia do pulo, do se lançar deliberadamente ao Abismo é de suma importância. Se jogar de um abismo é um ato de coragem. É, sem dúvidas, um suicídio. A capa é a imagem de alguém preste a se suicidar. Mas esta morte é, na verdade, uma entrega, um renascer. É um suicídio do “ego”, do “eu”, uma morte de si, uma entrega ao amado. Vale o estudo do símbolo do Abismo (Daath) em Thelema. Escrevi uma descrição completa da capa na nossa página no Facebook. A capa representa todo e qualquer processo de iniciação.
No já citado Debut – álbum Thoth(2011), às letras e todo o conceito giravam em torno do ” baralho do tarot “, conceito criado e divulgado pelo mestre ocultista inglês Aleister Crowley. Vocês, além de estudarem filosofia, também se aprofundam nos conhecimentos da “lei de Thelema”? O que vocês acham das idéias de Crowley e o que ele representa para o universo da banda? Outra coisa: o que representa para vocês a frase: Fazes o que tu queres, há de ser tudo da lei / amor é a lei, amor sob vontade ?
Particularmente estudo Thelema há 18 anos, desde o meu contato com Raul Seixas na adolescência. Já mantive contato direto com a OTO e a AA, mas hoje em dia estou distante. Há um membro da banda que é um Estudante dos Mistérios dentro da A.A. Considero o Crowley um gênio da literatura, poesia, da Filosofia e da Magia. Todo e qualquer movimento da “nova era”, desde o Satanismo de Lavey, à Wicca de Gardner, à Magia do Caos, todos eles beberam de Crowley, todos eles são filhos mágicos do Crowley. Toda magia moderna surgiu de Thelema, não há como fugir disto. Há alguns anos escrevi um texto revelando algo que ainda não foi dito, o título do texto é “Quatro maneiras de se entender a Frase ‘Faze o que tu queres há de ser tudo da lei’”. Este texto é encontrado na internet. Pois bem, existem 4 maneiras de se entender a frase “Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei”. Mas, o principal aqui seria dizer que esta frase não significa sair fazendo qualquer coisa que der na telha, se entregando loucamente a qualquer impulso ou desejo, pelo contrário, fazer a própria Vontade (com “v” maiúsculo) é um ato de força e restrição, pois você não tem outro direito a não ser fazer isto, sua Vontade. Mas, qual é a sua vontade? Sobre a frase “O Amor é a Lei, Amor sob Vontade”, é uma bela e incrível frase de Amor. O amor é a lei. A lei não é o dinheiro, o sucesso, a fama; a lei não é a da Bíblia ou da Constituição; a Lei é o Amor. Mas um amor sob Vontade. Um Amor que foi escolhido. Amar sob vontade é escolher, pela vontade, amar. A mensagem de Thelema é de Amor e Liberdade.
A banda critica ferozmente as religiões cristãs e toda a farsa do cristianismo. Mas já li algo de vocês criticando também o satanismo. Eu também vejo muito fanatismo de bandas/black metallers que chega ser igual aos cristãos. De certa forma, essa idolatria cega, atrapalha mais do que ajuda, certo ? Nos diga mais sobre esse tema tão controverso na cenário do metalnegro ?
Deixa eu te contar uma história: um dia fomos a um Show do Horna em Londrina, cidade aqui do Paraná. Uma das bandas de abertura, que não irei mencionar o nome, levou pro palco um pote cheio de Besouros. Era um tipo de Besouro que soltava um fedor horrível, pior que carniça. A banda de abertura soltou no palco e no ambiente aqueles Besouros, uns mortos e outros vivos. O fedor era horrível, eu não consegui ver o show da banda, o cheiro era insuportável. Atitudes como estas são infantis, adolescente, de rebelde sem causa. O Satanismo no Metal é uma piada. É mais pra chamar a atenção. Quanto destes ditos satanistas realmente sabem do que estão falando e o que estão fazendo? Quantos deles participam de alguma fraternidade Satânica? Há exceções, principalmente na Europa de Bandas Satanistas sérias. Mas aqui no Brasil é um fiasco. Pior é quando misturam o Black Metal com a Quimbanda. Quimbanda é mais uma religião como qualquer outra, exige sacrifícios, adorações, punições, possessões, pagamentos. Quimbanda é uma religião igual e até pior que o cristianismo. Satanismo é cristianismo. Não importa se o de Lavey ou o Satanismo Tradicional, é tudo cristão. A inversão de algo é a permanência deste algo, inverter o cristianismo é continuar preso ao cristianismo. É preciso ir além do cristianismo e, desta forma, abandonar o satanismo.
Mudando de assunto… A banda já está há muito tempo na luta dentro do cenário Underground nacional, e gostaria de saber como vocês vêem a cena hoje em dia e o que mudou para melhor ou para pior desde a formação da banda ?
A Crepúsculo dos Ídolos tem 20 anos. Já presenciamos muitas coisas. Sobre a cena nacional, acho ótima. O Brasil sempre foi um celeiro e uma referência ao Metal Mundial. Bandas como Sarcófago e Sepultura atraíram o olho do mundo para nós. Há muitas bandas fodas no Brasil. O que piorou na cena? Olha, o que piorou foi o hedbanger de direita, conservador, apoiador de ditadura, eleitor do Bolsonaro. Mas sempre foi difícil, com aproveitadores e exploradores de bandas. O que melhorou na cena? Acredito que algo está mudando: a mentalidade true e extremista, acho que isto está mudando. A visão que eu tenho sobre o cenário é que está crescendo.
Crepúsculo Dos Ídolos é de Cascavel, oeste paranaense. Cascavel, desde os anos 80 sempre teve uma cena forte, com boas bandas que fizeram história na cena, como os grandes: Kreditor, Lugubrious Hymn, Hammerdown, entre outras. Como segue a cena por aí hoje ?
Tive o prazer de ver o Kreditor e o Lugubrious Hymn ao vivo. Hammerdown não cheguei a ver shows. Estas bandas são a primeira geração de bandas de Metal aqui de Cascavel. Nós somos da segunda geração de bandas, juntos com a Embrio e a Headtrashers. A Crepúsculo dos Ídolos é a banda mais velha em atividade aqui da Cidade. Seguidas pelo Headtrashers e Embrio, mas todas surgiram meio que na mesma época. A cena aqui na Cidade é ótima, há público e há uma amizade entre todos, sem brigas, sem rivalidades, sem disputas. No passado não era assim. Lembro de uma época de muita treta entre os bangers aqui de Cascavel. Mas hoje em dia não, hoje em dia é uma união muito boa, o que fortalece a cena e as bandas.
Outra coisa legal da cena do oeste paranaense é que existe uma grande união da cena da terra das cataratas e com a cena Paraguaia. Vocês já tocaram em Foz do Iguaçu e no Paraguai ?
Sim, sempre vem bandas do Paraguai para cá e vai bandas daqui para o Paraguai. Esta parceria entre os Países é muito legal mesmo. Nós nunca tocamos lá. Já tocamos duas vezes em Foz do Iguaçu junto com outra banda conterrânea, a Blackmass. Mas ir ao Paraguai levar nossa arte é algo que ainda não fizemos.
E quais bandas na cena paranaense vocês destacariam para nós ?
Olha, tem muita banda boa no Paraná. Mas vou destacar as bandas aqui da minha Cidade: destacaria a Embrio e a Headtrasher, por serem, junto com nós, as bandas mais antigas da Cidade que estão ativas e trabalhando. Mas também tem bandas como a Kill Again, Wargore, que apesar de serem relativamente novas, são bandas boas.
Vocês frequentam o submundo, o que vocês acham dos zines impressos? E, alguma banda tem chamado a atenção de vocês dentro da cena, nacional ou mundial ?
As Zines impressas são artefatos raros, históricos, importantíssimos para a memória do metal e das bandas. A poucos meses respondemos uma entrevista para a lendária Zine Akkeldama, uma das mais antigas do Brasil. Olha, tem duas bandas que estão me chamando atenção, embora não sejam bandas novas: a “Vazio” e o “Velho” aqui do Brasil.
Chegamos ao final da entrevista. Quais os planos futuros da banda ? Obrigado pela entrevista e considerações finais. Abraço.
Muito obrigado pelo Espaço e a entrevista, Walter. Sei que você é um cara completamente envolvido com o submundo no Brasil e faz muito pelo Metal Nacional. Nossos planos são primeiramente concluir as gravações do álbum “Apophanestai” e lançá-lo. Fazer shows depois da pandemia e, claro, como sempre, compor, compor e compor. Muito obrigado a todos que leram essa entrevista. Nos procure nas redes sociais, youtube, instagram, facebook.
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Dê uma chance ao seu ouvido, escute o álbum “Daath”. O Amor é a Lei, Amor sob Vontade.
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Confira abaixo o novo álbum da banda “Daath”: