
Bruxa Doomed Fest (28/03/2025) – Tetric Tone(Floripa) Pesta(BH/MG) Elephantus(Blumenau)
Local- Bro Cave Pub/Florianópolis/SC
Vivemos uma vida louca, agitada e com muito trabalho, principalmente para proletariado que assim como eu tenho que trabalhar no verão, para sobreviver ao inverno logo. E quando dei por mim já estamos chegando ao segundo semestre de 2025. Lá fui eu curtir um show em Florianópolis (SC), o primeiro do ano e espero que venha muitos até o final de 2025.
Cheguei em Desterro às 15 horas e já fui dar um rolê no mercado público e comer aquele tradicional pastel de camarão e tomar um suco de garapa. Em seguida fui para o hotel descansar um pouco e tomar um banho. Às 22 horas cheguei no Bro Cave Pub, no centro. Um lugar fácil de encontrar e gostei muito do pub.

Encontrei alguns amigos e trocamos ideias. Entre eles o Guilherme, guitarrista do Antichrist Hooligans que me confidenciou que para maio ou junho de 2025, estará saindo um disco novo da banda metal/punk da ilha da magia.
Eu achei que neste evento tinha um bom público, para uma sexta-feira, porém achei o “público segregado”. Por exemplo: a banda A teve um público bom e na banda B metade desse público saiu e o público que ficou fora e não entrou para prestigiar a banda A, só entrou para ver a banda B e assim foi para a banda C. Não estou aqui para julgar ninguém e ninguém é obrigado a assistir bandas que não gostam. Mas somos uma cena e como tal, temos que nos unir para sermos fortes. Talvez você não goste da banda,talvez você nunca tenha ouvido ela. De uma chance, assiste uma ou duas músicas ao vivo, de repente você pode se surpreender e gostar da banda ou não.
Mas você poderá dizer: OK dei uma chance não é minha praia ou caracas, me surpreendi,que banda foda! Acredito que prestigiar todas as bandas seria uma forma de incentivá-las a fazer um bom show. Fora da casa ficou muita gente com camisetas de bandas bebendo e o ingresso não era caro, 20 reais. Inclusive vi integrantes de bandas da cidade, que fazem parte da cena metálica do lado de fora! É triste isso.
O show começou às 23:00 horas com a banda de Florianópolis,Tetric Tone, eu não conhecia o som e o trabalho deles me surpreendeu. Quinteto formado por: Claudão no baixo, Grilo na bateria e os guitarrista, David e Gian, além do frontman Xande Camissão. A banda executa com muita maestria e conhecimento de causa um heavy doom metal bastante influenciado pela fase setentista do Black Sabbath e também por Candlemass e Trouble.

O set deles foi mesclado com covers de bandas que são influências deles como: Children Of The Grave, Eletric Funeral e Into The Void, do Black Sabbath e também…Black Dwarf, do Candlemass e The Tempter do Trouble. O interessante é que a banda executa todos os detalhes da música com técnica e maestria, mas do jeito deles e ficaram muito boas. Vale ressaltar que a dupla de guitarristas são muito bons. Com uma cozinha afiada e com bastante sincronia e o baixista Claudão em algumas músicas próprias faz uns backing vocals que parecem sair do inferno tamanho raiva e fúria. Acrescenta aí um vocalista técnico e bastante teatral que foge da vala comum de muitas bandas e vocalista, que tem o Sabbath como influências, ou seja: ele não tenta cantar como o mestre e príncipe das trevas Ozzy Osbourne.
Pelo contrário ele tem um vocal mais barítono e forte, que casa bem com a proposta da banda. Entre as covers, eles apresentaram 6 músicas próprias muito boas, como já dissemos: tem uma pegada heavy doom metal com bons solos e bases poderosas de guitarras. Uma música agressiva e soturna. Destaque para as faixas: Oniric Reality, Evil Ghouls e Mask Of Terror que na introdução o vocalista Xande diz: não sou coveiro e você já sabe para quem a letra foi feita e do que ela fala. Fecharam com as músicas Mayday (s.o.s) e Lethal Lady um puta heavy ‘n’hard muito foda!
Aproveitando a passagem dos mineiros do Pesta em Curitiba(PR), eles foram uma das bandas de abertura da lendária banda americana Pentagram e esticaram até a capital catarinense, apresentando-se pela primeira vez por aqui e fizeram um ótimo show em Florianópolis, agradando muito o público presente.
A banda tem um sólido nome no cenário atual do doom metal e com certeza um dos nomes mais fortes dentro do estilo no país. Preste a lançar um novo álbum o último lançamento em estúdio foi o full album Faith Bathed in Blood. (2019) O quarteto é formado por:Thiago Cruz (vocal),Marcos Resende (guitarra), Anderson Vaca (baixo) e Flávio Freitas (bateria). Focaram o setlist mais voltado ao o último disco e fizeram a alegria do público presente executando um heavy doom metal, suas músicas tem passagens que remete ao stoner rock em algumas partes também. Mas o som dos mineiros tem muito, do velho Black Sabbath, Trouble,Pentagram e tem influências das clássicas bandas inglesas do final dos anos 70 e início dos anos 80. Ou seja:NWOBHM. Com músicas pesadas, arrastadas, viajantes, soturnas e lisérgicas. Abriram sua apresentação com as poderosas músicas: Anthopophagic, que tem uma introdução ritualística e seguem com Hand of God, Marked by Hate. O público já estava hipnotizado pelo pequeno e franzino vocalista Thiago Cruz que tem uma presença de palco forte e agita muito, e cativa o público. Músicas fortes com riffs de guitarras poderosos e baixão pesado e viajante, um baterista que soca a bateria com muito peso e técnica apurada.
Thiago diz: a próxima música é um cover de uma lendária banda mineira e mandam Nightmare, do Sarcófago. Meus amigos, nunca imaginei que esse clássico do black metal brasileiro, ou melhor, mundial, pudesse ser executado numa “vibe setentista e viajante”. Os mineiros desconstruiram totalmente a música dos seus conterrâneos. Mantendo mesmo só os riffs clássicos da música. Realmente estranho, mas interessante essa versão. E mandam mais duas faixas matadoras: Witches Sabbath e Black Death. A primeira com uma pegada e cara do Sabbath setentista. Com riffs arrastados e sinistros e uma ótima interpretação do vocalista. Bateria e baixo também são consistentes e pesados. A banda em cima do palco soa muito poderosa e matadora!
Aliás, o backline estava ótimo. Uma aparelhagem muito boa e o jogo de luz vermelho combinava perfeitamente com o som do Pesta e criava uma atmosfera infernal. Fechando com as duas últimas músicas, Words of a Madman e Moloch’s Children. Trazendo todo o clima denso do doom metal tradicional e arrastado com baixo e guitarras soando juntos poderosos e bateria destruindo tudo! Os mineiros saem do palco aclamado e público pedindo bis. Os músicos do Pesta agradecem o público e era visível que os mineiros estavam muito felizes em tocar na ilha da magia pela primeira vez e que não demoram muito para voltar.
Fechando a noite era a vez do duo da cidade de Blumenau,(SC) chamado Elephantus. Formado pelo baterista, Andrei Mamede e Marcelo Maus, na guitarra e vocal, em 2019. A dupla manda um stoner doom metal bem estranho, exótico, viajante e diferente. Eu mesmo me surpreendi com tamanha técnica, versatilidade, peso e agressividade da dupla. Com um material já lançado, o EP que leva o nome da banda, de 2020. Fizeram um set curto.

Abriram com Elefantíase Pineal, tem um riff pesado numa pega do mestre Tony Iommi e Equilibrista, são duas músicas instrumentais e com muito peso e viajante. A próxima música é bem diferente para mim que escuto doom metal chama-se: No Rastro da Serpente a faixa começa com uma guitarra com elementos oriental, pesada, agressiva e a primeira com vocal. Aliás,o vocal tem uma pegada meio Ozzy Osbourne só que mais raivoso quase hardcore. O instrumental é muito pesado e tem passagens de música indiana e também de música nordestina, mas com muito peso e agressividade.
Como eu disse: a banda soa estranha e exótica. Ser exótica é uma coisa boa, porque mostra um som diferente e único. E segue com Mahatma e O Chamado da Floresta. O guitarrista Marcelo usa um pedal chamado Ravish Sitar que emula uns efeitos indianos e cria uma atmosfera viajante e psicodélica. Fechando com as duas últimas músicas da dupla A Queda e Super Sapiens. O som do Elephantus não é para qualquer ouvinte e muito menos para fãs de metal ortodoxo. O som dos caras é fora da curva, muito diferente e exótico, porém os dois são exímios músicos, com técnica apurada, muitos criativos e se divertem no palco. Com riffs pesados e agressivos. Solos muito bem executados e com belas melodias orientais, passagens de música brasileira e com uma identidade única. E a dupla faz parte de um coletivo underground que trabalha em prol do metal/hardcore/grindcore na cena catarinense. Se você assim como eu ama heavy metal e doom metal e também gosta de ouvir um som estranho, porém bem tocado vale a pena escutar o trabalho desses blumenauenses.
E olha que eu não curto muito essa vibe doom stoner rock, mas claro que sempre tem exceções como em qualquer vertente do metal. Quero agradecer ao Mateus, organizador do evento que é o cara por trás da “Bruxa Verde Produção” que me deu uma assistência e foi bem solícito com minha pessoa. É um guerreiro da cena local e sempre organizando shows na ilha da magia e dando um passo de cada vez! Quem entra no underground por amor e não por likes, ou pensando em ganhar muito dinheiro com o metal,e sempre vai caminhando passo a passo e auxiliando a cena realmente acontecer, por amor tem meu respeito! Fim de uma noite de rock psicodélico na ilha da magia!