“II” – Lançado em 14/01/2022
Independente – Digital / Bandcamp
9/10
A manhã fria e seca, sob temperatura de -4 graus, típica do inverno “ameno” desse ano em Austin (TX), tornou-se cenário perfeito para ouvir e redigir sobre o novo álbum da entidade NAMELESS MIST, banda de Black Metal criada em Raleigh, na Carolina do Norte.
Absolutamente tudo, desde a composição da música e letras, passando pela performance vocal e execução instrumental, gravação e mixagem, resulta da criação e desenvolvimento da Artista Transgênero identificada como “Lauren ‘Robin’ Straily”.
Não se sabe exatamente quando o projeto começou, mas o primeiro álbum saiu em junho do ano passado via “Fólkvangr Records” e recebeu críticas positivas no underground, e o sucessor intitulado simplesmente como “II” acaba de ser lançado, de modo independente.
A sonoridade produzida pode ser enquadrada como um DSBM (Depressive, Suicidal Black Metal) enraizado na segunda onda e de fortes elementos Atmosféricos e algo de Drone / Post-Black. A arte de capa adequadamente retrata uma floresta densa, com árvores de copa alta, sob céu claro e limpo, remetendo a dias gélidos e desoladores.
O álbum flui com naturalidade, apesar das cinco músicas serem extensas. São orientadas por ótimos riffs que tendem a repetir-se, criando ciclos e acumulando camadas, gerando um efeito magnético, altamente hipnótico. Exemplo disso é a imensa e magnífica quarta faixa “The Queen of Shadows”, onde o riff principal é extremamente bem explorado e enriquecido pelos teclados, ganhando em tensão crescente. As partes climáticas no meio da faixa são belíssimas.
Há faixas majoritariamente agressivas, mas que não deixam de lado a grandiosidade. Caso da primeira “The Drowned God”, rica em passagens expressivas e emocionantes, e da segunda “The Behemoth”, pesadíssima e odiosa, marcada por riffs monstruosos, que concluem a faixa de modo épico e cativante. Os vocais ásperos e doentios de “Lauren” ampliam as sensações de angústia, aflição e desespero.
“The Dead Woman” soa menos abrasiva que a antecessora, mas o uso contundente dos teclados mantém a atmosfera pesada e densa, em conjunto com as ótimas guitarras e a percussão que explora uma batida quase marcial.
“The Murderer” conclui da obra de forma contemplativa, com guitarras mais limpas repetindo-se, e abrindo caminho às guitarras acústicas. É uma faixa instrumental de aura sutil e rara leveza, as quais contrastam com o seu título e a insânia apresentada ao longo de todo o Play. Quase como se indicasse uma luz no fim do túnel. Quase, porque não nos enganemos: a existência humana é, essencialmente, horrenda e abjeta.
No fim das contas, um memorável segundo álbum do NAMELESS MIST. Desperta grande interesse em conhecer melhor o primeiro trabalho de estúdio, e cria expectativa pelo futuro do projeto. Altamente indicado aos fãs de XASTHUR (EUA), WEAKLING (EUA), PAYSAGE D’HIVER (SUI), THE RUINS OF BEVERAST (ALE), LEVIATHAN (EUA), KRIEG (EUA), LIFELOVER (SWE), GHOST BATH (EUA) e a fase inicial de FORGOTTEN TOMB (ITA).
Tracklist abaixo, duração total de 42:34 minutos:
1 – “The Drowned God”
2 – “The Behemoth”
3 – “The Dead Woman”
4 – “The Queen of Shadows”
5 – “The Murderer”
