Guitarras afiadíssimas — tantos nos riffs poderosos que projetam a todo instante quanto nos solos inspirados que enriquecem ainda mais as composições. Texturas, dinâmicas e elevações diversas. Rápido e intenso; épico e imponente. “Eulogy For The Gods”, o terceiro álbum dos sérvios CLAYMOREAN é tudo isso e um tanto mais. Ao longo de seus 44 minutos não ouvimos uma promessa, mas sim, uma realidade marcada pelo vigor, excelência e paixão.
A CLAYMOREAN foi fundada no início dos anos 90, originalmente com nome de Claymore e com uma abordagem sonora voltada ao Symphonic Metal. Em 2003 a banda lançou seu primeiro álbum “The First Dawn Of Sorrow” e 12 anos mais tarde, após um hiato e uma necessária reformulação, o segundo ato foi finalmente concebido, “Lament Of Victory”. Em 2014 o nome é mudado, assim como a sonoridade. A pomposidade, os exageros e as redundâncias sinfônicas foram abandonadas, em seu lugar vieram as melodias e as construções harmoniosas tipicas do Metal Tradicional oitentista. Mais dois trabalhos foram lançados — “Unbroken” em 2015 e “Sounds From A Dying World” em 2017; ambos sob a tutela da americana Stormspell Records.
“Eulogy For The Gods” da continuidade tanto à parceria entre a banda e a supracitada Stormspell Records quanto à sua relação de longa data com amigo/produtor (quase um membro) Boris Šurlan. Em termos sonoros, podemos dizer (ao menos por enquanto) que o novo álbum é o ápice da banda, madura, eloquente e poderosa. Claro que todos clichês e parágrafos básicos do Metal clássico se fazem ouvir por todo o trabalho, mas o quinteto soube como trabalhá-los e fazê-los agir a seu favor. Se você procura por demiurgos, malabarismos técnicos e ineditismo, passe longe, mas caso queira ouvir um Metal honesto, forjado com emoção e respeito, eis o disco certo.
“Hunter Of The Damned” é a típica faixa de abertura — pesada, com riffs bem definidos, velocidade média e solos incendiários. O excelente refrão é emoldurado com competência pelos potentes vocais de Dejana. Aliás, todos os refrães do trabalho são ótimos. “Battle In The Sky” é outro grande momento da vocalista, que usa e abusa de toda sua técnica e versatilidade. Sobre o instrumental, nada a dizer… Ele flui maravilhosamente. O nível já muito elevado mostrado nas duas faixas anteriores, sobe vertiginosamente no apoteótico cover de “The Burning Of Rome (Cry For Pompeii)”; clássico do Virgin Steele lançado em 1988 no também clássico “Age Of Consent”. A composição, magistral por si só, ganhou mais cores e vitalidade nas mãos da CLAYMOREAN. “Lords Of Light” é uma bela homenagem ao eterno legado do mestre Mark “The Shark” Shelton (fundador da seminal instituição do Metal Épico, Manilla Road). Épica, dramática e potente como eram as criações de “The Shark”. Sublime.
“Spirit Of Merciless Time” volta com toda potência do Heavy/Power Metal e prepara o ambiente para a triunfal “Mystical Realm (Deorum In Absentia)”. Dejana novamente entrega sua alma e coração numa interpretação absolutamente impecável. Os solos de Vladimir Novaković coroam a faixa. Obra-prima metálica. “In The Tombs Of Atuan” é mais Heavy Metal sendo administrado diretamente na veia. “Blood Of The Dragon” é uma composição do músico sueco Cederick Forsberg (Blazon Stone, Cloven Altar, Crystal Viper, Rocka Rollas), originalmente a banda a lançou como single em 2019, aqui, devidamente atualizada, ela serve como encerramento do trabalho. Com toda pompa e fulgor que ele merece.
Um disco vitalmente necessário à coleção de todo fã de um bom e velho Metal. Nele, o que falta em originalidade transborda em paixão e força. Que algum selo se disponha a trazer esse petardo para o público brasileiro, afinal, nem só de Iron Maiden, Metallica, Sepultura e derivados do Angra, vivem os bangers daqui.
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