“Omniversal Existence” – CD 2021
Aesthetic Death – Importado
9/10
Um trabalho surpreendente não apenas pelas belas e elegantes melodias que entrega, mas também por suas atmosferas — às vezes psicodélicas e espectrais; noutras, altamente imersivas e dramáticas. As atuações vocais também são surpreendentes, indo de guturais cavernosos até gritos e elevações operísticas.
“Omniversal Existence” (Aesthetic Death) é a primeira projeção sonora completa dos dinamarqueses do FUNERAL CHASM, projeto formado em 2020 pelo guitarrista Sjaelepest (Above Ravens) e Danny Woe (também membro do Above Ravens, Altar of Oblivion e ex-Woebegone Obscured). Danny é o responsavel pelas letras, vocais, baixo, teclados e bateria. O trabalho sucede o EP “I” e os dois singles: “The Skeleton Secret” e “Mesmerizing Clarity”, materiais esses sendo lançados no mesmo ano de sua fundação.
Gravado pelo supracitado Danny e mixado pelo também dinamarquês Christian Nørgaard, o disco foi masterizado no Priory Recording Studios pelo mago inglês, Greg Chandler (Atramentus, Comatose Vigil, Convocation, Fuoco Fatuo, Mourning Beloveth, Suffer Yourself, Officium Triste, Vouna e mais uma infinidade de bandas). Sua capa é criação do artista brasileiro Caio Caldas “Cadies Art” (Bloody Hammers, Christopher Lee, Deep Memories, Soulspell, etc.).
Apesar de ser rotulado como Funeral Doom Metal, “Omniversal Existence” foge um pouco às regras do mesmo; o peso, os riffs longos e as ambientações carregadas e sombrias se fazem presente, mas vem acompanhadas por dinamicas incomuns, desenvolvimentos melódicos e breves floreios psicodélicos. Algo próximo ao que o finlandês Astral Sleep costuma fazer. Outro aspecto interessante é a ausência de faixas com longas durações e extremamente lentas; aqui, a maior ultrapassa os 8 minutos e as demais, pouco passam dos 6. Tudo é desenvolvido sucintamente, mas completo.
“Embellishment Of Inception” e “The Truth That Never Was”, “Mesmerising Clarity” e “Extracting The Flesh From The Gods” bem ilustram a personalidade do disco — indo de formas mais arcaicas a leituras mais extasiantes; sempre modificando o cenário de fundo; ora taciturno e opressivo — ora contemplativo. “Sunrise Vertigo” remete tanto ao trabalho do Shape Of Despair quanto às telas musicais do norueguês Funeral, ou mesmo do sensacional Clouds. Nela, Danny Woe explora diversas técnicas vocais; guturais profundos e carregados, tons limpos e melancólicos, e ápices operísticos. “The Skeleton Secret” e “Astral Reality” possuem traços similares, mas são igualmente elegantes e bem construídas como as demais. “Through The Eyes Of The Joyless” é a faixa bônus da edição em vinil e é outro momento de contemplação e reflexão; climática, mas robusta e habilmente progressiva.
Seria um julgamento empolgado, mas não como negar que “Omniversal Existence” é um álbum imperdível, repleto de relevos instrumentais, camadas e nuances vocais. Tome fôlego, pressione a tecla “play”, feche os olhos e boa viagem (seja pelos sonhos, pelo cosmos ou pelos pensamentos). Sem dúvidas, um dos melhores discos de Funeral Doom Metal do ano.
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