“Traditio Satanae” – CD 2021
Osmose Productions – Importado
9/10
Górgona – “Uma entre três irmãs: Stheno, Eyriale e Medusa, com serpentes no lugar dos cabelos, que tinham o poder de transformar qualquer pessoa que as olhasse nos olhos em pedra”. Assim define a mitologia grega o nome desta atual banda de um homem só da França, criada em 1991 por “Christophe Chatelet” na cidade de Antibes, na charmosa e badalada Costa Azul.
A monstruosa e pioneira banda francesa de Black Metal esteve ativa entre 1991 e 2001, permaneceu congelada por um longo período, e retomou os trabalhos em 2017. Em todo esse tempo, produziu seis álbuns de estúdio, sendo o mais recente o objeto de nossa análise. “Traditio Satanae” acabou de ser lançado, no dia 11 de junho, pelo selo francês Osmose Productions. As versões físicas possuem CDs e Discos de Vinil em edições limitadas.
O primeiro impacto da obra é o visual. A capa tem aquela veia diabólica e blasfema total old school, cortesia do artista russo “Alexander Shadrin”, também conhecido pelo pseudônimo “Morkh”. A ilustração de uma congregação satânica tem traços simples, mas é eficaz, com muitos tons fortes e vibrantes de vermelho, amarelo e azul (fugindo do tradicional branco e preto tão utilizado pelos artistas do estilo).
No passado, o GORGON já teve diversos membros fixos e de apoio, tocando diferentes instrumentos. Nesta nova encarnação, justamente como projeto exclusivo do “Christophe”, a banda registrou o que é, provavelmente, seu melhor trabalho de estúdio.
Vamos à sonoridade atual da banda: Black Metal ortodoxo, veloz, bárbaro, altamente enérgico e com a dosagemjusta de melodia,no ponto para cativar o ouvinte, fazê-lo apreciar o trabalho e querer repetir a dose.
“Blood of Sorcerer” e “Death was Here” atropelam o ouvinte consecutivamente, como o ataque de uma cavalaria pesada, munida de armadura completa contra o inimigo desprevenido. “Entrancing Cemetery” é pouco menos agressiva, aqui o artista cria uma faixa mais direcionada ao Black Melódico, mas ainda assim efetiva.
“Let me See Behind” soa brutal, com excepcional qualidade dos riffs. “Sacrilegious Confessions” é um dos sons mais variados, prevalecendo a veia profana e ultra agressiva, natural ao trabalho. “My Filth is Worth your Purity” Soa quase em câmera lenta em relação às anteriores, é um som em ritmo médio com bateria bem marcada. Faixa com carga atmosférica mais tensa.
“Traditio Satanae” a música título do álbum é excelente, repleta de riffs melódicos que inevitavelmente convidam ao headbanging. “As Dawn will be Slow to Come“ é um interlúdio curto. Começa com uma seção percussiva sinistra, como se os personagens da capa estivessem convocando forças malignas para o combate. Cria uma expectativa notável para “The Long Quest”, que é uma das melhores do álbum. Música com pegada incrível, marcante e memorável. Também difere das demais por ser mais extensa, e com ótimas mudanças rítmicas.
“Scorched Earth Operation“ pode ser vista como o elo mais fraco na obra. Não possui o mesmo nível de energia do restante do disco, falta punch. “At the Beginning There was Hate“ retoma a fúria e a potência máxima da banda, uma conclusão digna para um disco que reafirma o retorno à cena de um artista extremamente valioso e relevante.
Ótimo álbum no geral, são praticamente quarenta minutos de Black Metal muito bem composto e executado.
Relação das onze que compõem o disco:
1 – “Blood of Sorcerer”
2 – “Death wasHere”
3 – “Entrancing Cemetery”
4 – “Let me see Behind”
5 – “Sacrilegious Confessions”
6 – “My Filth is Worth your Purity”
7 – “Traditio Satanae”
8 – “As Dawn will be Slow to Come”
9 – “The Long Quest”
10 – “Scorched Earth Operation”
11 – “At the BeginningThere was Hate”
Tempo total de duração: 39:57 Minutos
Destaques: As duas primeiras faixas causam ótima impressão, qualquer fanático pelo som mais direto e agressivo deverá aprová-las. A nona “The Long Quest” também vale a distinção, é uma das mais fortes do álbum.
