Surgida em 2009 em Rio Branco / AC, o Hylidae ao longos dos anos aprimorou seu som e chegou em 2021 com seu segundo full, “Unbreakable Curse”, mesclando um death metal cheio de groove e agressividade.
Nesta entrevista o baterista Roberto Bala conversa conosco sobre passado, futuro, a distância dos grandes centros e dificuldades do underground.
(Leonardo Bernardo)
Saudações galera! Tudo bem? Inicialmente queria parabenizar vocês pelo novo trabalho, “Unbreakable Curse” e perguntar como foi o processo de composição e gravação dele.
Roberto Bala: Esse disco veio após uma pequena pausa que tivemos após troca de integrantes na banda. O Erbesson Chaves deu um novo ânimo mostrando de cara diversos riffs matadores, a Aldine já tinha algumas letras prontas e com isso as músicas começaram a vir naturalmente já nos ensaios; quando menos percebemos já tínhamos um disco praticamente pronto para ser gravado. Quando todos estão em sintonia facilita muito o trabalho.
O álbum de estreia de vocês, “Promiscuous World” foi lançado em 2012. Quais diferenças importantes vocês destacam entre ele e o “Unbreakable Curse”?
Roberto Bala: No “Promiscuous World” tivemos um trabalho bastante legal, gravamos em Curitiba por falta de mão de obra em nosso Estado, fizemos a master na Finvox e também teve ainda um nervosismo maior por ser a primeira vez de muitos da banda em um estúdio de gravação. Foi o nosso primeiro passo como banda, aprendemos muito com ele e esse aprendizado facilitou um pouco os trabalhos do “Unbreakable Curse”. Acho que o grande diferencial é por ser um disco com as pegadas bem diferentes, até mesmo por conta de estarmos mais maduros, “calejados” e também ter mudado metade da formação da banda com a entrada do Erbesson Chaves e Anderson Cassidy. Nesse CD já realizamos as captações aqui mesmo no Acre, já que hoje temos estúdios capacitados com equipamentos excelentes, mas na parte de mixagem e master optamos por fazer em Fortaleza, com o Davi Barroso da produtora Maximum Violence, que foi indicação do Alcides Burn, responsável pela obra feita na arte do nosso CD e a repaginada em nossa logo.
Por ser uma região mais afastada de grandes centros, quais as principais dificuldades que vocês enfrentam para manter a banda?
Roberto Bala: Hoje temos a facilidade de mostrar nosso som através das redes sociais e streamings, mas a nossa maior dificuldade realmente é em realizar turnês, que além de todos, infelizmente, não viverem da música, temos a passagem mais cara do Brasil. Mesmo com todos os esforços para todos tirarem férias nos mesmos períodos, na hora de comprar a passagem vem um obstáculo maior ainda, o que acaba nos tirando muitas oportunidades, mas entendemos perfeitamente o lado dos produtores de eventos, pois tirar a gente do Acre sai mais caro que trazer bandas gringas. Mas estamos focados e não desistiremos. A oportunidade ainda vai chegar e estaremos preparados.
A arte do álbum foi assinada por Alcides Burn. Qual conceito vocês buscaram inserir nela?
Roberto Bala: O Alcides é um cara brilhante, ele capta as mensagens de uma forma tão rápida que parece brincadeira. Nós estávamos muito indecisos com a capa, cada um pensava em algo e as ideias não batiam, aí resolvemos mandar uma letra pra ele que era unanime na banda, que é a primeira faixa do disco, “Hylidae”, e ele nos presenteou com essa obra de arte que é o “Unbreakable Curse”.
Notei que vocês colocaram a faixa-título na versão do Youtube, mas no cd ela consta como o título da banda. Seria uma tradução do que é Hylidae?
Roberto Bala: A música Hylidae, o qual carrega o nome da banda fala sobre o significado da palavra, a inspiração que nos deu a ideia deste nome, que é um ritual indígena que eles usam para caçar e lutar para sobreviver. Achamos que cairia bem, até mesmo por morarmos aqui na Amazônia e levantar a bandeira da nossa cultura através do som extremo.
Falando no cd, parabéns pela versão caprichada, Digipack e bem cuidada dele. Por ser colecionador, sempre gosto de fazer esse tipo de pergunta, mas a intenção inicial de vocês era lançar ele também físico ou apenas digitalmente?
Roberto Bala: Não, nunca passou pela nossa cabeça em realizar trabalhos apenas no formato digital, sabemos da importância que tem hoje as plataformas de streamings, mas nada vai superar um disco físico, nós vamos além, estamos em busca de lançar em versão Vinil e k7; no Brasil é bem difícil por questões dos preços elevados, mas vamos chegar lá. Estamos tendo boa aceitação e mesmo com os preços elevados dos correios vendemos CDs para diversos Estados e para fora do Brasil.
No momento estamos passando por esta triste pandemia e os shows e festivais estão parados, mas, em tempos normais, como era a frequência dos shows de vocês e onde vocês normalmente os realizavam?
Roberto Bala: Bom, a pandemia de fato prejudicou demais nosso trabalho, estávamos com a nossa primeira turnê marcada, iríamos realizar 8 shows em 14 dias por São Paulo e região, mas dois dias antes de embarcarmos o aeroporto de nossa cidade fechou e ainda estamos em guerra com a empresa aérea para conseguir viajar em 2022. Mas antes da pandemia nós tocamos somente aqui pelo Acre e Rondônia. A cidade aqui é pequena, mas sempre rolava eventos massa. Dividimos palco com diversas bandas como Nervochaos, DisgraceAnd Terror, Andralls, Blackning, Krypts, Demonical, Bemdesar, Gestos Grosseiros, Test, Aggresion, Sepultura, entre tantas outras bandas que já passaram por aqui.
Sacando seu material, noto que vocês circulam entre influências mais diretas (eu senti doses de Sepultura e Pantera) mas também de coisas mais modernas como Messhuggah (inclusive o guitarrista de vocês utiliza uma guitarra de 8 cordas). Quais influências vocês têm e como fazem para equilibrá-las no som?
Roberto Bala: É, na banda a galera é bem diversificada, escuta muita coisa mesmo e todos colocam suas ideias na hora de compor. É incrível como essa nossa mistura acaba tendo uma sintonia boa e conseguimos fazer um trabalho que nos dão resultados satisfatórios. Engraçado que você destacou bem alguma de nossas influências. rs
Gostaria de agradecer vocês pela atenção por esta entrevista e deixá-los à vontade para suas considerações finais.
Roberto Bala: Primeiramente gostaríamos muito de agradecer o espaço nos dados com essa entrevista, são coisas assim que nos fazem acreditar que nosso trabalho está sendo bem visto e aceito no meio underground. Isso, com certeza, nos dá forças para continuar nessa batalha.
E para quem chegou até aqui, pedimos para que nos busquem nas redes sociais para conhecer um pouco mais do nosso trabalho, nos deem uma força ajudando a divulgar, compartilhando materiais e sintam-se à vontade para entrar em contato, faremos questão de responder e trocar ideias.
HYLIDAE online: https://www.facebook.com/hylidaeband