“Where Paths Divide” – CD 2020
Emanzipation Productions – Importado
9/10
Data de lançamento/Release date: 20/11/2020
É surreal estar aqui ouvindo e resenhando um álbum de uma banda que durante quase 30 anos não mais existia. Para quem acompanhava aqueles jurássicos tempos dos primórdios do death metal sueco o nome TOXAEMIA era sinônimo de qualidade e sujeira musical.
A banda existiu por apenas pouco mais de 2 anos e deixou duas demo tapes e um EP mas marcou seu nome na cena underground do metal da morte. Após o seu fim, apenas em sonhos poderíamos imaginar um retorno tanto tempo depois e agora em 2020 finalmente esses devaneios estão materializados com o lançamento eminente de “Where Path Divide”, o primeiro álbum de estúdio de um nome lendário do metal da morte.
Sinceramente é irresponsável tentar fazer qualquer comparação entre o TOXAEMIA de 3 décadas atrás e a banda de hoje. Talvez existam essas comparações, mas que de nada irão ajudar na compreensão da música desses caras em pleno século XXI. Ao ouvir todo o álbum é evidente que muito do feeling dos velhos tempos ainda corre na veia dos membros originais e isso cria um diferencial musical em relação a outras bandas de death metal da Suécia. Ao ouvir uma faixa como “Buried to Rot” é onde você percebe uma união do velho e do novo. Há uma enorme variação de riffs, andamentos de bateria, uma construção harmônica que mostra técnica apurada e agressão andando juntas. É um death metal de extrema qualidade que hora ou outra ganha cores de death thrash, traz algo da melodia complexa do Death mais técnico, mas mantém intacto a pegada mais suja do death metal característico da banda.
Poderia afirmar sem medo de errar que se trata de um clássico álbum de death metal como seria feito nos velhos tempos, mas com os dois pés fincados nos dias de hoje. A produção é matadora, há muito feeling envolvido nas composições e o que mais me deixou instigado ao ouvir esse álbum, a dinâmica e variação das músicas. A faixa de abertura “Betrayal” tem essa pega variada a que me refiro. Só posso imaginar o quando “Delusions” deve soar poderosa ao vivo. Música matadora para bater cabeça. Não tem como não destacar a faixa mais “bad ass” do álbum, a porrada “Leprosy”. Grandes riffs e bases de guitarra aqui. A thrasheada “Pestilence” é uma faixa com uma baita energia e a pegada meio punk aqui deixa tudo ainda mais elétrico. Fudida essa música.
A banda se mostrou totalmente conectada à realidade com a pesada “Psychotic Pandemic”. Não sei se a música foi feita já durante a pandemia de COVID-19, mas o timing foi incrível. A música é totalmente metal, pesadona e com grandes riffs. Toda música que carrega o nome da banda que a executa já traz uma aura de responsabilidade e “Toxaemia” cumpre seu papel ao representar a agressividade que a banda tem em sua música. Os quase 30 anos entre seu fim e o lançamento do debut álbum renderam um material excelente, com peso, técnica e brutalidade na medida certa. E que capa foda eles colocam. Arte incrível.
