Lançamento em 31/05/2024
O segundo álbum de uma banda carrega uma grande responsabilidade, ainda mais quando o primeiro é muito elogiado por todos. A banda brasileira THE TROOPS OF DOOM chamou a atenção do mundo todo com o seu debut álbum “Antichrist Reborn”, um trabalho que trouxe de volta aquela sonoridade suja e maléfica que marcou os dois primeiros álbuns do velho Sepultura.
Não poderia ser diferente, já que na sua formação o THE TROOPS OF DOOM trazia o guitarrista Jairo, que fez parte dos primórdios do grupo mineiro que os influencia muito. Ainda que o debut tivesse uma clara influência desses trabalhos, a sonoridade da banda não se baseava apenas nisso. Havia muito mais nas diversas camadas das composições.
Mas é com o lançamento desse “A Mass to the Grotesque” que a banda realmente se solta e coloca a sua música em outro patamar. O álbum é realmente muito superior ao debut em termos musicais. As influências de Sepultura ainda estão lá, mas elas servem para oferecer nortes a serem seguidos, não apenas para pintar todas as cores.
O som mais primitivo dá espaço a um death/thrash/black da mais alta qualidade. O álbum é agressivo do início ao fim, mas há momentos mais contidos e cheios de arranjos cheios de feeling que irão soar matadores ao vivo. Há muito da violência do velho Slayer nesse novo material. Após a intro “Solve Et Coagula”, a faixa de abertura mescla essas duas influências de maneira perfeita. “Chapels of the Unholy” é uma puta música. Sem defeitos. Há maldade nesses riffs e você percebe isso sem muito esforço. Em músicas como “Dawn of Mephisto” você encontra arranjos mais melódicos em alguns momentos, mas sempre dentro de um contexto extremo.
“Denied Divinity” tem o Slayer em seu DNA. Grande riff de abertura e a pancadaria que se segue logo após deixa tudo mais infernal. A próxima faixa invoca névoas do black metal e “The Impostor King” é uma das grandes músicas desse segundo álbum oficial. Música brutal e com uma energia cataclísmica. O riff que começar por volta dos 2 minutos é simplesmente matador, assim como o andamento de bateria escolhido.
Uma das minhas favoritas é a bélica “Faithless Requiem”, que tem em sua corrente sanguínea o mais puro death/thrash brasileiro com requintes de crueldade e riffs vindos do abismo. Total finesse infernal. Em “Psalm 7:8 – God of Bizarre” pensei que fosse começar uma faixa do próprio Sepultura, mas isso foi passageiro. A banda escolheu criar um clima mais carregado e pesadíssimo, mantido por um riff mais thrash impossível. Excelente faixa. É uma faixa mais pesada do que rápida, mas não menos impactante.
O clima de terra arrasada é retomado com “Terror Inheritance”. Talvez essa seja minha favorito, mas é difícil escolher em meio a tantas faixas de qualidade. “The Grotesque” surpreende o ouvinte pois pois coloca em meio ao seu death/thrash violento, uma melodia que seria mais fácil ouvir em um álbum do Necrophobic antigo, mas isso ajudou a dar uma pegada diferente.
O álbum finaliza com as faixas “Blood Upon the Throne”, mais cadenciada e “Venomous Creed”, outra grande faixa que se inicia mais pesada e cheia de arranjos e depois entra em estado de pura agressão e riffs cortantes. E finalmente, em uma época de polêmicas e debates acalorados sobre o uso da inteligência artificial, ver uma capa de álbum criada pelas mãos do lendário Dan Seagrave é realmente de deixar qualquer um de queixo caído. Belíssima arte da capa. A banda surpreendeu também enviando o álbum para ser mixado e masterizado por Jim Morris, do Morrisound Studios, deixando tudo ainda mais nostalgicamente irresistível.
O THE TROOPS OF DOOM realmente evoluiu de forma absurda de um álbum para o outro. Imagino o que esses caras irão conseguir produzir se continuarem a evoluir dessa forma. “A Mass to the Grotesque” realmente mostra ao que veio. Metal brasileiro sendo tocado com raiva, técnica e pegada.
Tracklist:
1- Solve Et Coagula – Introduction
2- Chapels of the Unholy
3- Dawn of Mephisto
4- Denied Divinity
5- The Impostor King
6- Faithless Requiem
7- Psalm 7:8 – God of Bizarre
8- The Grotesque
9- Blood Upon the Throne
10- Venomous Creed
ENGLISH VERSION:
Release on 31/05/2024
A band’s second album carries a lot of responsibility, especially when the first one is highly praised by everyone. The Brazilian band THE TROOPS OF DOOM caught the attention of the whole world with their debut album “Antichrist Reborn”, a work that brought back that dirty and evil sound that marked the first two albums of the old Sepultura.
It couldn’t be otherwise, since THE TROOPS OF DOOM was formed by guitarist Jairo, who was part of the early days of the Minas Gerais group that influences them so much. Although the debut was clearly influenced by these works, the band’s sound was not based solely on this. There was much more in the different layers of the compositions.
But it was with the release of “A Mass to the Grotesque” that the band really let loose and took their music to the next level. The album really is far superior to their debut in musical terms. The Sepultura influences are still there, but they serve to offer guidelines to follow, not just to paint all the colours.
The more primitive sound gives way to death/thrash/black of the highest quality. The album is aggressive from start to finish, but there are more restrained moments full of arrangements full of feeling that will sound killer live. There’s a lot of the old Slayer violence in this new material. After the intro “Solve Et Coagula”, the opening track blends these two influences perfectly. “Chapels of the Unholy” is a great song. Flawless. There’s evil in these riffs and you realise it without much effort. In songs like “Dawn of Mephisto” you find more melodic arrangements at times, but always within an extreme context.
“Denied Divinity” has Slayer in its DNA. The opening riff is great, and the ensuing thrashing makes it all the more hellish. The next track invokes black metal mists and “The Impostor King” is one of the great songs on this second official album. Brutal music with cataclysmic energy. The riff that starts around the 2-minute mark is simply killer, as is the drum beat chosen.
One of my favourites is the warlike “Faithless Requiem”, which has in its bloodstream the purest Brazilian death/thrash with refinements of cruelty and riffs from the abyss. Total infernal finesse. At “Psalm 7:8 – God of Bizarre” I thought I was about to start a track by Sepultura themselves, but that was fleeting. The band chose to create a more charged and heavy atmosphere, maintained by a more thrashy riff. An excellent track. It’s a heavier track than a fast one, but no less impactful.
The scorched earth atmosphere is resumed with “Terror Inheritance”. This may be my favourite, but it’s hard to choose from so many quality tracks. “The Grotesque” surprises the listener because it puts a melody in the middle of its violent death/thrash that would be easier to hear on an old Necrophobic album, but it helps to give it a different feel.
The album ends with “Blood Upon the Throne”, a slower track, and “Venomous Creed”, another great track that starts off heavier and full of arrangements and then goes into a state of pure aggression and cutting riffs. And finally, at a time of controversy and heated debate about the use of artificial intelligence, seeing an album cover created by the legendary Dan Seagrave is truly jaw-dropping. Beautiful cover art. The band also surprised us by sending the album to be mixed and mastered by Jim Morris of Morrisound Studios, making it even more nostalgically irresistible.
THE TROOPS OF DOOM have really evolved in an absurd way from one album to the next. I wonder what these guys will be able to produce if they keep evolving like this. “A Mass to the Grotesque” really shows what they’ve come for. Brazilian metal played with anger, technique and grip.
Tracklist:
1- Solve Et Coagula – Introduction
2- Chapels of the Unholy
3- Dawn of Mephisto
4- Denied Divinity
5- The Impostor King
6- Faithless Requiem
7- Psalm 7:8 – God of Bizarre
8- The Grotesque
9- Blood Upon the Throne
10- Venomous Creed