Após quase uma década sem lançar nenhum novo trabalho, o ano de 2021 foi testemunha do lançamento desse grande álbum dos noruegueses do FUNERAL e que no final de 2022 recebeu sua versão brasileira numa parceria entre a Misanthropic Records e a Black Hearts Records. Grandes bandas podem ficar paradas por longos anos e mesmo assim serem capazes de lançar trabalhos relevantes em sua discografia e esse “Praesentialis In Aeternum” é um desses álbuns. Apesar da poucas composições aqui incluídas, o álbum tem quase sessenta minutos de duração e suas 6 músicas mostram o FUNERAL fazendo aquilo que eles fazem de melhor.
O peso em todas as músicas é descomunal, mas a melancolia é uma parceira que se faz presente a todo momento, adicionando cores mais intensas a cada nota executada. Há melodia em abundância, mas é uma abordagem melódica que não soa “bonita”, mas sim “forte”, “intensa”. “Praesentialis in Aeternum” é um álbum muito forte em sua essência. Há momentos em que tua é suavizado de forma muito marcante, apenas para que explosões de grande impacto sejam introduzidas logo a seguir, como na poderosa “Materie”. A produção do álbum é incrível e essa faixa com todas essas abordagens evidencia isso.
A melancolia se torna quase palpável em faixas como “Erindring I-Hovmod”, belíssima composição. Se destacam os experimentos com orquestrações, momentos em que há um enxerto de um certo grau de maior complexidade, inseridos com muito bom gosto. Até mesmo alguns arranjos de guitarra solo vão adquirindo um resultado muito eficiente, soando em vários momentos com uma abordagem quase progressiva. Em “Erindring II-Fall” há uma grande carga de dramaticidade que comanda a linha mestra da composição. Ela se inicia quase como uma trilha sonora de um filme e quando o peso todo começa, isso é intensificado. O uso das orquestrações é efetivamente impactante. A performance do vocalista Sindre Nedland é perfeita em todo o álbum. O uso dos vocais mais limpos é um contraponto agradável à onda de choque que nos atinge quando o vocal gutural se inicia. Grande vocal sem sombra de dúvidas.
Como na faixa anterior, “Oppväkning” é um das faixas que se destacam nesse álbum devido a sua intensidade. Extremamente pesada, dramática e onde a atmosfera construída é envolvente. Talvez seja a música com as características mais sólidas do que o doom/death metal tem em sua abordagem. Obviamente há uma presença de vocais que se aproximam muito do que o gótico poderia ter, mas ainda assim é uma música incrível.
A última composição desse álbum é “Dvellen”, a mais longa do álbum, com mais de onze minutos de duração. A faixa não se sente ameaçada com a qualidade de todas as músicas anteriores e mantém o nível lá em cima. Toda a parte gráfica desse álbum é muito bem feita e a versão nacional entregou isso de forma perfeita. Para aqueles que se conectam com uma música profunda e densa, esse novo trabalho do FUNERAL é uma obrigação. Ouça com os olhos fechados e viaje por uma obra de predicados inegáveis.
ENGLISH VERSION:
After almost a decade without releasing any new work, the year 2021 witnessed the release of this great album by the Norwegians from FUNERAL, which in late 2022 received its Brazilian version in a partnership between Misanthropic Records and Black Hearts Records. Great bands can stay stopped for long years and still be able to release relevant work in their discography and this “Praesentialis In Aeternum” is one of those albums. Despite the few compositions included here, the album is almost sixty minutes long and its 6 songs show FUNERAL doing what they do best.
The weight in all songs is uncompromising, but melancholy is a partner that is present at all times, adding more intense colors to each note played. There is melody in abundance, but it is a melodic approach that does not sound “pretty”, but rather “strong”, “intense”. “Praesentialis in Aeternum” is a very strong album in its essence. There are moments when yours is softened very markedly, only to have explosions of great impact introduced soon after, as in the powerful “Materie”. The production on the album is amazing, and this track with all these approaches evidences this.
The melancholy becomes almost palpable in tracks like “Erindring I-Hovmod”, a beautiful composition. The experiments with orchestrations stand out, moments in which there is a grafting of a certain degree of greater complexity, tastefully inserted. Even some guitar solo arrangements are acquiring a very efficient result, sounding in several moments with an almost progressive approach. In “Erindring II-Fall” there is a great load of drama that commands the master line of the composition. It starts almost like a soundtrack to a movie, and when all the heaviness begins, this is intensified. The use of orchestrations is effectively impactful. The performance of vocalist Sindre Nedland is perfect throughout the album. The use of the cleaner vocals is a nice counterpoint to the shockwave that hits us when the guttural vocals start. Great vocals without a doubt.
Like the previous track, “Oppväkning” is one of the tracks that stands out on this album because of its intensity. Extremely heavy, dramatic and where the atmosphere built up is gripping. It is perhaps the song with the most solid characteristics of what doom/death metal has in its approach. Obviously there is a presence of vocals that come very close to what goth might have, but it is still an amazing song.
The last composition on this album is “Dvellen”, the longest on the album at over eleven minutes long. The track is not threatened by the quality of all the previous songs and keeps the level up there. All the graphics on this album are very well done and the national version delivered this in a perfect way. For those who connect with deep and dense music, this new work from FUNERAL is a must. Listen with your eyes closed and travel through a work of undeniable qualities.